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Das Sombras

Uma sombra me pegou
E você nada pode fazer
Não me ajudo, não me ajude

Quero deixar acontecer
Prefiro as sombras, prefiro às sombras
Que venham então. E que me consigam.

Ele está entregue. Ele nada queria desde que Solange partiu. Não suporta o abandono e não quer se livrar dele. Só quer que o respeitem, mas ele é muito querido e vai ser difícil cultivar essa solidão.

Preciso me perder
Porque nada mais eu sou
Quero adormecer às sombras

Não me acordem
Preciso dessa pseudo paz eterna
De quem morre estando vivo

Ele acredita que não há mais saída. Sente que precisa ir ao encontro das sombras e que lá vai encontrar a calmaria. Ninguém acredita nisso, mas ele vai.

Deixem que eu vá
Lá encontrarei a felicidade que busco
Tenho certeza

Vou ao meu encontro
A escuridão me reserva surpresas
E ela está lá chorando a me esperar.

Ele foi. Encontrou a escuridão. encontrou o fim dessa agonia, mas não significa dizer que encontrou a morte. Solange estava lá... também à sombra. Arrependida, derramando todo o sofrimento desde que havia partido. Essas sombras vinham dela mesma, que precisava daquele amor. Era tudo que queria. Ele não conseguia se fazer de difícil, afinal foi isso que ele buscou. E não perdeu tempo.
Fez-se a luz.

Carência

Carece de fé pra acalmar o coração.

Perdeu todas as suas esperanças quando ele se foi. Ou pelo menos acreditava que tinha perdido, o que não sabia é que nunca teve fé.
Talvez tenha sido mais difícil por ter perdido o que nunca teve.
E perdeu.

Carece de um café pra esquentar o coração.

Sempre pensava que um café curava tudo. Desde falta de tempo até uma sede. Nunca encontrou água, porque não se queria purificar. Estava sempre desperto, mas não acordado.

Carece de um remédio para curar o coração.

Viveu como sabia, de uma forma que não podia. Não buscou caminhos diferentes e se acomodou com o que era possível alcançar. Tentou. E foi abandonado.

Carece de um sorriso pra recuperar o coração.

Nada de companhia. Amigos? Família? Não cultivou, não cuidou. Perdeu! Agora sozinho, falta amor. E ele não o tem mais.

Carece de um amor pra reanimar o coração.

Não tem nenhum amor. Perdeu litros dele e hoje mendiga por uma gota. Arrependimento não mata, ele bem gostaria. Nada mais é como ele quer.

Carece de um coração!

Do Telefone

Acordei às cinco horas da manhã. Era hoje. Sabia que ele iria ligar. Aguardei. A ansiedade consumia tudo e me consumia ainda mais que tudo. Às seis horas levantei do sofá e fui tomar banho. Afinal, a qualquer sinal, eu já estaria pronta.
Às seis e quinze eu estava banhada, vestida e de volta ao sofá. Comecei a me maquiar e continuei a esperá-lo. Às sete horas horas o telefone tocou. A princípio não acreditei, mas logo corri para atendê-lo.
- Alô?
- A Dani está?
- Como?
- A Dani. Ela está em casa?
- É... Desculpe, mas você ligou pra o lugar errado.
- Ah, me desculpe você, sinto muito.
- Não... Tudo bem.
- Tchau.
- Tchau.
Desliguei o telefone com uma decepção forte no peito. Mas ele iria ligar. E eu continuei a esperar. Tomei café, almocei e nada.
Não entendia porque ele não queria me ligar. Ele tinha prometido e eu estaria ali, pronta, esperando por ele.

Há dois dias Carla tinha conhecido o Marcelo. Foram à festa de um amigo que tinham em comum, o Jorge. Era aniversário dele e tinha preparado uma festa em sua casa para todos os amigos, todas as pessoas próximas. Marcelo chegou cedo e Carla, como sempre, bastante atrasada. Assim que olhou para Marcelo, sentiu aquelas coisas estranhas que sempre sentiu quando se apaixonava. Detalhe: ela não se apaixonava desde os 18 anos. Teve três namorados: Aos 7 anos, o Gustavo, menino bonitinho que estava uma série na frente dela. Esse namoro durou uma semana. Aos 15 anos, o Rafael, um vizinho de 14 anos que havia acabado de se mudar para a sua rua. Não mais que três meses. Aos 18 anos, Carla se apaixonou por Carlos, um rapaz de 25 anos que era seu novo professor de dança. O namoro durou três anos e Carla sentiu muito quando tudo acabou. Ele iria se mudar da cidade e ela não queria abandonar o lugar onde viveu por tanto tempo. Brigaram. Carla hoje tem 35 anos e sabia que estava apaixonada. Marcelo é um advogado de 45 anos, muito charmoso e interessante. Carla estava apaixonada e parecia a mesma menina que esperava a hora do recreio para ver o Gustavo, que ansiava pela hora em que Rafael fosse passar na sua casa voltando da aula ou, ainda, que esperava impaciente a hora da suas aula de dança para ver o Carlos.
E ela continuava esperando...

Vi o relógio dar as 13, 15, 18 horas e nada de o Marcelo ligar. Nada de o telefone tocar. Nada. Nada.
Exatamente às 19:53min, o telefone tocou mais uma vez. Mas não era o Marcelo.
- Alô?
- Oi.
- A senhora Carla de Souza se encontra?
- Sim, sou eu.
- Olá senhora. Meu nome é Roberta e eu gostaria de estar fazendo uma pesquisa sobre cartões de crédito com a senhora. A senhora estaria tendo algum tempo?
- Não!
- Mas, com essa pesquisa, a senhora estaria...
Desliguei o telefone. Esperei muito tempo até me lembrar do meu celular. Eu não havia dado o número do residencial para o Marcelo. E, quando fui conferir, percebi o tempo que perdi. Havia 34 chamadas não atendidas dele. Depois de tanto esperar, eu já estava cansada. Pelo menos sei que ele também me quer, amanhã ligo e explico o que houve. Agora eu sei que vou ser feliz.

Do Espelho

Todos os dias eu me olhava naquele espelho. Todos os dias eu procurava descobrir um pouco mais de mim. às vezes até conseguia. Eu parecia estar preso àquele objeto e sentia sempre a necessidade de conversar comigo.
Claro que, mais cedo ou mais tarde, me chamariam de louco. E por que não ser? Sou louco pra me conhecer e me entender. É, eu não me entendo. Sonho com todo tipo de coisa e não sei o que querem me dizer. Nada tem explicação para mim. Nem eu. Tantas dúvidas, tantos medos, tantos preconceitos bobos. Tanta preocupação sem necessidade. Tanta falta de preocupação com o que realmente se precisa. Realmente não entendo. E talvez nem deva tentar.
E o espelho onde me guardo vai ao chão. Agora estou partido em milhões de pedaços. Minhas partes não se encaixam mais, eu transbordei. Transbordei e agora sou milhões. Não caibo mais em mim e nem quero.
Prefiro continuar transbordando e tentando me descobrir. E, agora que tenho mais espaço, deve ficar mais fácil.
Meus reflexos.

Sem Forças

Ela nunca se recuperou daquela queda. Não sabia se doía mais o fato de ter sofrido ou o de não querer mais viver. Já fazia um tempo que aquela vida não satisfazia nenhuma de suas necessidades. Mas ela não tinha mais forças pra se levantar. E também não parecia que queria.

Das músicas, as mais tristes. Das flores, as mais murchas. Dos filmes, os mais dramáticos. Dos sonhos, os mais desacreditados. Dos olhos, os mais pesados. Das lágrimas, as mais salgadas. Dos anos, os menos vividos. Dos pensamentos, os mais pessimistas. Das palavras, as mais cortantes. Das companhias, as menos presentes. Dos pecados, os mais esquecidos. Da vida, a mais perdida.

É, acabou-se a vida para ela. E de que lhe adiantava viver, se já vinha sendo morta antes do fim? Passou-se um tempo e, como era de se esperar, ela tentou encontrar um caminho, ela tentou viver. Juntou todos os retalhos de força que ainda tinha, mas já não eram suficientes. Era tarde pra lutar, muito tarde.

Dúvidas

Comecei a caminhar
Pulando ao som de pássaros e da cachoeira
Nela me banhei por tantas vezes e relaxei.

Continuei meu caminho
Tropecei numas duas pedras,
Os pássaros foram embora,
Apareceram novos pássaros,
Eles sempre me acordavam.

Flores marcavam meu caminho
Mas desapareceram aos poucos.
Pedi a Deus que me trouxesse de volta a felicidade.

Sonhei com um mundo diferente
Um caminho diferente
Queria mais liberdade.

Com o tempo, as flores voltaram
Os pássaros também
Me apareceram à frente dois caminhos.
E eu não sei mais pra onde ir.

Mariana Chorou

Mariana chorou
Recordações não fazem bem
Algumas trazem pesos antigos à tona
E os olhos não seguram
Os olhos não têm força.

Mariana chorou
Recordações são como pedras
Se no caminho, atrapalham
Se no sapato, incomodam
Pedras viram obstáculos.

Mariana chorou
Recordações vêm pra ferir
Palavras mal ditas viram palavras malditas.
E têm um peso imenso.
Palavras machucam como pedras.

Mariana chorou
Recordações são, enfim, recordações
Músicas apertam o peito
Melodias que nos traduzem e letras que nos refletem.
Músicas transformam nosso sentir.

Mariana chorou
Recordações estão pra sempre.
Cartas guardam sentimentos de certos momentos.
Cada palavra é um esforço pra dizer o que sente.
Cartas são, na maioria, verdadeiras.

Mariana chorou
Recordações resgatam sentimentos.
Os momentos são todos revividos.
Mesmo só em pensamento, eles existem
Os momentos merecem uma segunda chance.

Mariana chorou
Recordações não são sempre tristes.
Recordações são de qualquer lugar, pessoa ou momento
Recordações são vidas que retornam pra nos fazer sentir
Recordações são paixões e pedidos de perdão
Recordações são arrependimentos e um novo começo
Recordações são flores secas em livros
Recordações são fotografias que nos levam pra qualquer lugar
Recordações são músicas que tocam no coração e o fazem sangrar
Recordações são músicas que tocam na alma e nos fazem chorar
Recordações são músicas que tocam e nos fazem pular
Recordações são cartas que traduzem verdades
Recordações são corações abertos e vivos
Recordações são momentos que voltam pra sabermos o quanto foram bons
Recordações aparecem em forma de sorrisos e lágrimas
Recordações transbordam de nossos olhos
Recordações são vidas bem ou mal vividas, e apesar de tudo trazem experiências.
Recordações vivem como nós e, às vezes, parecem até mais vivas que nós mesmos.

Mariana chorou.
Mariana recordou.
Mariana sorriu.

Eu

Revisitei todas as minhas lembranças
Recordei todas as tristezas
Todas as felicidades.
Sonhei.

Fechei os olhos e me deixei levar ao céu
Cheguei e as portas eram abertas pra mim.
Me senti feliz, me senti livre.
Sorri.

Corri por todos os espaços e me reconheci
Por vezes sonolento, mas vivendo por mim.
Achei que estaria melhor.
Dancei.

Cortei as sobras, joguei-as fora
Me senti mais limpo e
Agora tenho o que me basta.
Completo.

Fiz tudo que pude e tentei fazer o que não pude.
Hoje estou aqui.
Sendo o que sempre deveria ter sido.
Eu.

Sem Drama

Márcio foi ao cinema, gostava de ação e terror. Viviane foi ao cinema, gostava de comédia e romance. Gostos tão diferentes que acabaram numa mesma sala pra ver um drama. Márcio nunca foi do tipo que se emocionava ao ponto de chorar em um filme, ele curtia a história e entendia que aquilo era um passatempo. Já Viviane nunca deixou de chorar em nenhum dos filmes, emotiva ao extremo, se envolvia na história a ponto de se sentir personagem dela. Na fila do cinema, os dois se conheceram por conta de uma amiga em comum que tinham, Márcio chegou tarde e perdeu sua sessão, encontrando Helena e Viviane, quando resolveu que assistiria ao drama junto com elas. Entraram na sala e procuraram um lugar bem atrás - Márcio odiava sentar muito perto. No meio do filme, Viviane começou a chorar e cada vez mais, como se aquilo tudo que acontecia na tela fosse bem na sua frente e ela não pudesse fazer nada. Márcio começou a consolá-la e deu-lhe um beijo no rosto. Viviane sorriu para ele e sentiu-se protegida, abraçou Márcio que achou meio estranha sua atitude, mas ele também sentia que aquele momento era mágico. Depois daquele dia, Viviane e Márcio começaram um namoro longo, começaram a assistir juntos vários tipos de filme e ele adorava cada sorriso e, até mesmo, as gargalhadas que Viviane dava quando assistia a uma comédia. Márcio foi feito pra Viviane, ela tinha certeza, ela sentia como tantas personagens de tantos filmes que ela já havia assistido. Viviane foi feita pra Márcio, ele também tinha certeza e nenhuma dúvida ou ciúme era maior do que o amor que sentiam um pelo outro. Os dois, agora, podem ser felizes. E continuar a viver suas histórias, suas próprias personagens. Eles não vivem um filme de muitas fantasias, mas sempre poderão contar com um real final feliz.

Metamorfose

Resolvi pintar o meu cabelo
Só não sabia se de azul, roxo ou vermelho
Não estava mais satisfeito
Com tudo

Acordei com vontade de raspar
Arrepiar
Colorir
Ou até mesmo aumentar
O meu cabelo

Pensei numa peruca
Mas não é mudança real
E eu continuaria fingindo
E mascarando meus incômodos
Com perucas por todos os cômodos

Quis uma real mudança
Quis e escolhi
Não queria roxo,
apesar de adorar

Não queria amarelo, azul nem vermelho
Muito menos verde, rosa ou branco

Me descolori e me reconheci
Não precisava de outras cores
Porque minha essência estava em mim
Eu só não soube encontrar a tempo

E agora tinha dúvidas
Dúvidas de quem eu era
E de quem passei a ser
Sou o mesmo por fora
Mas jamais serei o mesmo por dentro.
Porque me transformei
E a minha alma jamais conhecerá a água oxigenada.

O Sofá Azul

Naquele sofá azul passei todos os meus sábados. Naquele sofá azul sonhei tantas coisas boas e tive, ainda, tantos pesadelos. Foi lá que deixei todas as minhas alegrias de criança. Foi lá que guardei todos os momentos pelos quais passei durante toda a minha vida. Foi lá que sorri e chorei. Foi lá que eu vivi. Foi ele que guardou dos outros - e até de mim - tantos segredos, tantas confissões. Meu sofá azul. Foi naquele sofá que dormi e acordei diversas vezes depois de chegar cansado e não ter forças nem de subir as escadas para ir ao meu quarto. Foi naquele sofá que passei tantas noites de insônia, refletindo e pensando o porquê de viver dessa forma. Foi ali que planejei o meu futuro e comecei a traçar estratégias pra alcançar todos os meus objetivos. Foi naquele sofá azul que eu brinquei com meus primos.
Foi lá também que chorei o fim de um, dois, três amores. Foi lá que pulei por ter conquistado um, dois, três amores. Foi naquele sofá que me sentei por tantos domingos seguidos para assistir TV e me arrepender de não ter saído de casa nesses dias. Foi naquele lugar que tanto me assustei com filmes de terror. E foi lá que me acabei de tanto rir com outros filmes também de terror, além de ter visto tantos outros tipos de filmes.
Foi lá que derramei tudo que eu não podia. Foi lá que eu derramei água. Foi lá que sujei de pizza, macarrão e outras massas. Foi lá que derramei cerveja, vodca e vinho. Foi lá que derramei coca-cola e suco de acerola. Foi lá que derramei minha vida e não fui capaz de recuperá-la.

Baú de Saudades

Janaína pegou o seu baú de cartas, fotos e cartões. Chegou a hora de reviver muitos momentos e se livrar de alguns deles. Pegou a primeira foto que tirou com um ex-namorado de muito tempo. Olhou a foto com um pedaço de saudade nas mãos e deixou alguns sorrisos livremente em seu rosto. Sorriu várias vezes até que pegou uma carta dessa mesma pessoa. Leu e riu bastante. Não conseguia acreditar que não pudesse ter dado certo, eles se davam muito bem e André nunca decepcionou a moça, mas um dia ele avisou que ia viajar pra fora do país e eles acabaram se desentendendo. Hoje, Janaína via tudo como briguinha boba de namorados adolescentes. Continuou... Pegou uma segunda foto, eram seus pais. Chorou por não aguentar segurar nas mãos os vários cacos de saudade e culpa que a acompanhavam desde a morte dos dois. Não conseguia acreditar que tudo o que havia acontecido era por culpa dela, mas sempre tinha alguém que chegava para lhe apontar o dedo indicador e jogar toda a culpa. Janaína chorou muito e começou a ler as várias cartas que recebeu de seus pais. Eram tantos momentos importantes que marcaram a sua vida. Seus pais eram as pessoas mais maravilhosas do mundo pra ela. Não tinha irmãos, hoje com seus 27 anos, trabalha e vive bem, apesar de algumas dificuldades. Mas nada sério demais. O baú continuava transbordando saudade e uma cor diferente. Janaína segurou aquela carta. Aquela cor diferente era ressentimento. Carlos não merecia nenhum caquinho de sua saudade. Janaína pegou aquela carta, aquelas fotos e rasgou, rasgou, rasgou, rasgou até se livrar de todos os sentimentos ruins que guardava. Carlos não era uma boa lembrança. Janaína parou de chorar. E voltou a guardar todos os seus pedaços de saudade naquele baú.

Freneticamente

Eu pulo nos corredores
Eu corro nos lugares abertos
Abraço amigos queridos
E grito e falo e bocejo

Eu sorrio com qualquer coisa
Eu sou (ou não) uma graça
Eu sonho coisas malucas
E depois não as sei mais contar

Eu canto poemas
Eu recito músicas
Eu não quero regras
Não conheço as ordens

Eu amo todas as coisas
E tento isso com as pessoas
Nada me faz mais feliz
Do que tentar ser sempre melhor

Eu pulo dos trampolins
E rio de qualquer piada
Eu canto tudo que me agrada
E amo aquilo que me cerca

Eu faço tudo que gosto
E um pouco do que não gosto
E tento ir vivendo
Freneticamente

Última Viagem

Preciso esquecer de tudo
Mas a alta velocidade só me faz lembrar
Essa música parece me deixar surdo para o resto
Só ela, só ela.

Me bate nos ouvidos como se nunca fosse acabar
E ela recomeça junto com a minha agonia
Não adianta trocá-la
Nesse momento, só ela que me entende
Embora eu não queira acreditar

Os carros passam e as buzinas falam
Dizem que eu me oriente
Eu não posso
Não há como me orientar

Choro e de olhos fechados me preparo para o meu final
Não esperava que viesse tão cedo

Os vidros fechados me sufocam
E ouço o nada me convidar
Não consigo nem mais escutar a música
Solto minhas mãos e as levo à cabeça

As lágrimas vão banhando meu último caminho
A eternidade talvez me espere
Talvez me rejeite
E eu vou rezando para merecer, enfim, o pedaço de paraíso que não mereci em vida.

Sempre Dois

Eram dois, sempre dois. Ele e Ela. Já eram dois antes mesmo de se conhecerem. Já eram dois antes mesmo de descobrirem que "1 + 1 = 2". Ele, um moço queito, um moço que tinha sua beleza guardada pela escassa vaidade, mas era suficiente para ser percebido e admirado. Não se gabava dessa qualidade, não queria ser melhor, queria ser apenas Ele. Não gostava de muitas badalações e estava sempre preparado para amar. Amar seja lá quem fosse. Ele tinha um coração puro de um tamanho que ainda não é possível calcular. Nunca quis mostrar superioridade e também não passou por muitos namoros. Era tranquilo, bem tranquilo, até conhecê-La.
Ela, uma moça que já tinha perdido a tranquilidade, nenhum relacionamento dava certo. Nenhum relacionamento lhe trazia coisas positivas. Ela sempre saiu machucada de todos eles. Ela passou a se conformar em acreditar que o seu destino era sofrer. Nunca tinha quem a amparasse. Era, sim, uma mulher sofrida e castigada. Não tentava melhorar, porque não deu certo das outras vezes. Não tentava ser feliz, por achar que não era mais possível. Não acreditava mais em ninguém, um grande problema. Todos discutiam com Ela, mas já estava calejada de tanto tentar. Tentou a vida toda e de nada adiantou. E o pior é que Ela desistiu de tentar.
Mas um dia se cruzaram. Um filme: um romance bem meloso. Lindo e que era capaz de fazer chorar. Ela se derreteu com toda a trama de amor impossível e se identificou com a personagem que não conseguia ter um relacionamento duradouro e feliz. Chorou o filme quase todo. Até que o final pareceu mostrar que podia ser diferente. Mas ela sabia que "aquilo era só um filme" e que não seria assim com Ela.
Ele assistiu ao filme e nao esboçava nenhuma reação que fosse percebida e, apesar de adorar esse tipo de filme, não revelava a ninguém. Sorria discretamente, e, por um momento, pareceu que surgiria uma lágrima, mas ela nem veio.
Acabado o filme, as pessoas saíram e Ela ficou chorando, chorando. Ele não achou elegante deixar uma garota chorando sozinha na sala do cinema e sentou-se ao seu lado. Conversaram e se deram bem. Ele a acalmou e a achou interessante. Ele não quis ter muitas expectativas e Ela apenas sabia que seriam bons amigos, já que seus relacionamentos não davam certo. Depois de pouco tempo já eram muito amigos e pareciam estar se apaixonando. Ele já acreditava que poderia ir em frente, Ela tinha receios de falar sobre seus sentimentos, não sabia se ele a machucaria novamente como todos os outros. Então ele disse e assegurou que sempre estaria onde ela precisasse, sempre quis que acreditasse, que não tivesse medo. Mas Ela, sofrida que era, deixou aquelas lágrimas tomarem conta de sua vida e não conseguia enxergar mais nada além do seu penar. Não conseguia conceber a idéia de ser feliz. Aquilo não daria certo com Ela. Continuaram assim por um tempo, mas um dia ela começou a cair, tudo parecia desabar e não sabia mais o que fazer, até que sentiu uma coisa estranha. Era Ele que a segurava e não deixou que Ela caísse. Ele representava segurança, conforto e confiança. Ela sorriu. E esse sorriso já significava tudo pros dois. Ele e Ela. Eram dois, sempre foram dois.

Aniversário

Minha nossa, que felicidade. Tem blog aniversariante.
E eu já escrevi de tudo que podia. Tentei algumas pitadas de humor (Quem não lembra dos Versinhos da Facul?) e tentei falar de coisas mais "profundas" de forma bem simples, até porque, eu sou simples, ou não. O blog começou meio que sem intenção. E hoje venho comemorar com o meu post de número 80.

Comecei o blog e postava umas bobagens beeeem de vez em quando. Até que um dia comecei a tentar escrever coisas mais legais. E comecei a gostar. Hoje faço aniversário e várias coisas bacanas aqui. Fico feliz. :)

Tenho alguns posts que são os meus preferidos.

Começando dos mais antigos...

Arnaldo, Carla e eu

A Esquecida

Fórmulas

Oscilações de Mim

Às Cinco da Tarde

O Maior Desejo de Simone

Entrega (Sem Volta)

Decepção

São meus preferidos.

Bom, eu poderia apenas escrever um post enorme de comemoração dizendo o quanto foi bom, o quanto gosto de escrever aqui, mas eu precisava de mais.
Então, para me ajudar, eu pedi a algumas pessoas muito queridas e muito especiais que me mandassem textos. Não dei temas, não dei limites. Disse que poderiam falar sobre qualquer coisa... E me vieram variedades maravilhosas.

Fernanda do Degustação Literária me mandou um texto tão lindo, lindo, lindo...
Eu me identifiquei, tá?! Escreve coisas lindas, adora uma entrelinha e, às vezes, me faz ler mais de uma vez. :x

Eclipse de Nuvens

Vejo-te como a um reflexo.
Esculpido ao chão,
desenhado pela sombra.
És maior que meu
corpo.
Cobre-me com tua forma.
Esconde-me do sol
sem que este seja meu desejo.
Faz-me ver o apagar das luzes...
Impõe sob meu ser
a verdade clara
sobre o findar e o início
dos dias.
Assim, divago pelas horas a afirmar-te:
estamos em meio à escuridão.
E a dúvida mescla a claridade de minh´alma.
Sigo.
Aprendendo com os devaneios reais de minha
Fantasia cotidiana.


Eu também sigo divagando e "aprendendo com os devaneios reais de minha fantasia cotidiana".


Cacá dos Poemas Tardios veio me dizer que não conseguiu escrever nada melhor. E tem nada melhor que receber elogio?! E ainda me disse que eu me superei. :*

Que lindo! teu blog completando um ano! um ano de divagações e aprendizado, realmente. me sinto parte dessa historinha e sinto muito orgulho da tua superação, flavinho. amo e tenho guardado no fundo da carteira, junto com num sei quantas notas de dezreal! beijo grande, cacá.

Mas é claaaaro que faz parte dessa historinha. :)


Bom, lá do curso de Design veio um texto tão lindo de presente. Pois é consegui um texto de Rhanna. Tão bonito.


Não sei se esse dia chuvoso é o que me trás a melancolia, ou se ela sai de mim
e reflete nas gotas trazidas pelo céu.
É uma sensação que não se explica. Só sente.
As vezes acho que é algo como um sentimento de compaixão pelo céu que chora.
Ou a chuva pode ser sinal de compaixão por mim. Dúvida.
Engraçado é que somos tão volúveis quanto o tempo. Ele muda constantemente e com
ele mudam nossas convicções, nossos sonhos e nossas angústias.
(...)
A água cessou. Agora só não sei se levará embora meus sonhos ou minha agonia.


A água cessou. Tá vendo?! Eu já disse. Rhanna, faça um blog. :)


Agora foi Cissa do Ad JukeBox que me mandou o "De A a Z" que me reflete. Quero ver se vão descobrir quais são os cantores ou grupos. Cissa, ficou MARA. Super divertido.

Flavinho's Radio

Pela janela do meu quarto ouço a buzina.
Me chamando, quem será que vem me acordar.
Você é meu prometido, o menino dos meus olhos.
Quem me adoça a vida, quem afugenta meus medos.
E nesse quebra-cabeça da história geral.
Cada um é cada um e cada qual é cada qual.
Vou com você, é só me dar um toque.
Tem tudo a ver, amor vai ser um choque.
Sou tua cana, teu engenho e teu moinho.
Tu és feito um passarinho que se chama beija-flor.
Você, sereio tropical, vestido de areia e sal.
No começo eu estava com medo, petrificada.
Pensando que eu nunca conseguiria viver, sem você ao meu lado.
Agora deixa de besteira, bobeira, pois de qualquer maneira
A vida é tão passageira. Por isso vem neném.
Eu procuro acordar e perseguir meus sonhos.
Mas a realidade que vem depois não é bem aquela que planejei.
Agora o meu adeus, tchau, aha.
Não vai ficar comigo eu sou seu castigo.
Quis me enganar mas se iludiu.
Não vou acreditar nesse falso amor
Que só quer me iludir, me enganar, isso é caô.
Moço eu não sei mais o que pensar, a razão que fez nos separar.
Será o destino quem quis assim?
Não faz mal, eu to carente, mas eu to legal.
Pede pro Lino me levar o sax que a festa vai rolar até tarde.
E avisa o Chambourcy que tem Danone à vontade.
Nossos dias vão passando e você sempre deixando tudo pra depois.
Quando chega a noite eu fico triste.
Pois você não está por aqui.
Com a lua em seus olhos, roupa de água marinha.
E seu jeito de malandro.
Se a lua toca no mar, ela pode nos tocar,
Pra dizer que o amor não se acabe.
Seu medo de perder, não te deixa me olhar
Esqueça o que passou que tudo vai mudar.
Mais do que um bom bronzeado.
Eu quero estar do seu lado.
Meu coração fazendo bum e teu carinho me dando choque.
Amor, amor, se pensa que é assim que é só chamar que eu vou.
Canta mais alto, mostra tua voz.
O que importa o que os outros vão pensar de nós.
Olhe para as estrelas, veja como elas brilham para você.
E para tudo que você faz, sim, elas eram todas amarelas.
Eu desço dessa solidão.
Espalho coisas sobre,
Um chão de giz.

Ficou MA-RA. Eu identifiquei quase todos, só uns dois ou três que não lembrei, mas não deixam de me refletir. Rá!

A insana Ray também me mandou um texto tão lindo. Fiquei todas as configurações do Word. :)

Flavinho na Terra dos Blogs

Não, isso não é um conto infantil.
Mas bem que poderia ser.
Um menino grande (ou um grande menino) com um talento do tamanho dele. =D
O talento é tamanho, que não deu em um só blog.
Ah, e a amizade desse menino!
É tão valiosa que ele podia guardar num cofrinho só pra ele ou quem sabe até vender.
Mas não. Prefere dar de graça à quem quer que queira aceitar.
Eu sou bem mais feliz por ter a amizade dele, sabe.
Tá certo que eu sou chata e quando ele tá comigo vira chato também, mas é pra isso que se juntam os chatos, pra se aguentar em qualquer situação. *.*
E pra mim esse blog é o mais especial de todos que ele tem.
Porque cada blog de Flavinho é um mundo diferente.
E esse aqui é o que mais mostra todas as simples, mas às vezes desconhecidas, faces dessa criança grande.
Cada texto é uma surpresa melhor que a outra, é quase um kinderovo! (desculpa, não resisti a um trocadilho publicitário ;b~)
Por isso mesmo eu desejo tantos anos de vida à esse blog, quanto eu desejo ao dono, um dos mais queridos amigos que eu podia ter.
=****
ray

É, eu chorei. =/

Agora foi o Euzer, meu querido do Metendo o Bedelho, que me mandou mais parabéns.

Três anos...

Caramba... São 1095 dias. Se tiver ano bissexto aí, serão 1096. Dias contados aos milhares.
Três anos é tempo muitas vezes insuficiente para quem quer fazer uma faculdade, mas pode ser muito tempo para quem acabou de entrar numa.
Três anos. Quantos olhos seus olhos já olharam em três anos? E quais as histórias que tantos olhos teriam pra contar.
Aquela pessoa que passou ao seu lado – será que ela é feliz. Será que tem um problema, ou uma solução? E seu problema, será que resolve em três anos?
A verdade é que uma vida pode ser tanto destruída como construída em três anos.
Não importa como chegamos até 1095 (ou 1096) dias atrás, mas certamente 1095 (ou 1096) dias depois, seremos “outra pessoa”.
Para melhor ou para pior.
Porque teremos 1095 (ou 1096) dias a mais para contar na nossa história. E conheceremos outras lindas, outras nem tanto, histórias.
E muitas destas histórias podemos contar para nossos amigos e para amigos que fazemos, através de nossos blogs.
Realmente, três anos é tempo para que uma história tenha tempo para ser feita, contada e, quem sabe, lembrada para todo o sempre.
E que venham mais três anos. Mais 1095 (ou 1096) dias de novas histórias nesta bela aventura que é VIVER.

Obrigado Euzeeer. A gente ainda vai se comentar muito nos blogs. ^^
Outubro já chegou tá? :p

O Nilo me resolveu falar de mim também. Achei tão bonito o que ele falou. :)

All About You!
(tudo sobre vc)

PRIMEIRO: PARABÉNS ATRASADO, POR UM ANO DE BLOG!!!

Como eu disse pro Flá, eu não tenho muito talento pra escrever coisas lidíssimas assim como ele, mas eu vou tentar!
Aliás, tentar não, eu vou conseguir falar desse moço, que é tão único, tão especial, tão verdadeiro, tão ELE! Às vezes, fico aqui pensando: e se eu pudesse dar um abraço nele? Nossa! Ia ser tão bom... Imagina, toda força que ele me dá, todo apoio, se fosse pessoalmente, seria muito melhor... Sabe, quando algo não está acontecendo do jeito que eu gostaria que fosse, eu pego meu celular ou meu iPoderoso e releio aquele texto lindíssimo, que fala tudo, exatamente tudo o que eu sou...
Como é impossível ouvir Madonna e não lembrar de mim, é quase impossível ouvir Maria Rita/Samba Meu, mais expecificamente a faixa "Corpitchio" e não lembrar dele... sempre escuto, e anseio chegar em casa pra conseguir lhe dar ao menos um "Oi"...
Costumo dizer aos meus amigos, que nunca, ninguém vai ter a mesma sensibilidade do Flá... de verdade... Quero sempre estar aqui para ele, e quero tê-lo aí pra mim...
Flá! Amigo, Te amo!

Danilo Sebadinni

11/10/2008 00:09AM
São Paulo - Brasil

Moooço, obrigaaado. (L)

Ainda tem o meu queriiiido-ido-ido Ledinho.
:D
Escreve coisas lindas, lindamente. Faz um tempo que não posta textos novos, mas é MARA.


Sete Andares

Aqui, na varanda da minha casa, observo a noite se aproximar de forma tímida, mas sempre sublime e imponente, com seu ar saudoso, arrastando pelo céu seus longos cabelos negros ornamentados com estrelas, numa cerimônia cotidiana de embelezamento e mistificação.

Com ela, chegam os receios e autodesprezos costumeiros que insistem em assombrar cada vão deste meu mundo. Lá embaixo, a cidade começa a se iluminar. Os carros, cheios de fúria, acendem seus faróis, como tochas de fogo incendiando as ruas, numa batalha sangrenta que se repete todos os dias.

Descendo três quarteirões da rua, ouço as ondas quebrando nas pedras e logo me vem às narinas o cheiro do mar, o único vestígio de natureza que encontro ao observar o que circunda meu castelo de concreto que fica a sete andares de altura.

Encontro-me sozinha, sepultada a sete andares, sete chaves, sete palmos. Comigo, foram selados todo o vigor e vanguardismo que um dia tomaram conta deste túmulo que fica mais perto do céu. Sim, estou sete vezes mais perto do céu do que todos os vivos.

Aqui, o silêncio reina absoluto como um ditador implacável, e seu autoritarismo só é quebrado com o desespero das buzinas dos carros, o movimento contínuo das ondas sobre as pedras e a morbidez dos meus pensamentos. Talvez este último seja o mais transgressor e mais incômodo dos revolucionários.

Levanto os olhos e vejo na floresta de prédios que me cerca muitos outros pontos de luz nas janelas ao longe. Será que, como eu, existem mais sepultados que parasitam um pouco da vida e do cheiro de caos que invadem suas lápides? Será que o desejo de fugir deste cemitério gigantesco e voar em direção ao desconhecido também lateja em suas mentes? Minhas interrogações são maiores que minhas ações.

Aqui, na varanda da minha casa, a sete andares, sete palmos, sete chaves, sete dias, assisto, inerte, o espetáculo repetitivo que tem a vida como protagonista, a qual deserda de felicidade a tantos quanto eu anseiam ter asas, para, finalmente, abandonar o cárcere de pedra onde estão aprisionados.


Esse é um dos preferidos dele e dos meus também. Meu querido, escreva mais. Você pode. Seu especial. :p

Também quero agradecer a um mooonte de gente que também me visitou nesse tempo, que deixou aqui tantos comentários, mesmo aqueles que só diziam "Bom o Blog". Obrigado a todos, todos.

Tem o Lipe, tem o Diego, Diogo, Milloca, Dani, Maíra, Gabi, Gabi e Gabyh e mais um montão. :D

Minha gente, eu só quero agradecer mesmo, só consigo fazer isso. Agradecer a todos por terem me acompanhado e é isso. Vamos pra mais um ano.
Mais um ano Divagando e Aprendendo. Ou Não!

:)

Decepção

Carolina correu. Parecia atormentada. Se jogou em sua piscina e ficou lá por vários minutos. Não acreditava como podia ter sido traída e abandonada daquela forma. No tempo que passou embaixo da água, refletiu sobre tudo o que estava vivendo. Suas relações que nunca davam certo. Vinham vontades de não existir mais. Vinham vontades de ficar ali até não sentir mais sua existência. Ela se sentia menor, diminuída cada vez mais. Nada que fazia era reconhecido ou merecia um elogio que fosse. Ela estava muito destruída, ela sentia o peso do fracasso nas suas costas. Nunca correspondia a nenhuma expectativa. Ela tinha todos os motivos pra se sentir um pedaço de coisa nenhuma. Há uns dois meses vinha se sentindo muito feliz por ter encontrado alguém que a amava. Ela acreditou nessa pessoa como nunca acreditou em outra, depositou confiança, felicidade e tantas outras coisas no relacionamento. Ela era mais feliz. Ela era, finalmente, feliz. Tantos momentos bonitos. Tantas situações engraçadas, tantas histórias pra contar. Ela tinha um par, um par perfeito. Mas não demorou demais para vir a decepção. Carolina foi fazer uma surpresa para o seu amor e contar uma ótima novidade. Ao longe viu que essa pessoa estava acompanhada de um homem, pensou que fossem irmãos, mas não era bem isso. O beijo que viu logo em seguida acabou com todo o entusiasmo de Carolina. Ela não aguentou, não iria mais contar que havia conseguido um bom emprego. Não queria mais dividir nenhuma gota de sua felicidade com aquela pessoa. Estava com dúvidas, angustiada. Foi a maior decepção de toda a sua vida. Carolina começou a chorar e Jéssica a viu. Tentou argumentar, tentou se explicar, mas Carolina não queria mais saber de nada, não queria ouvir. Carolina correu. Parecia atormentada. Se jogou em sua piscina e ficou lá por vários minutos. A piscina começou a ficar vermelha e não era a tinta que Carolina usou para tingir o cabelo. Não, não era.

Passando Selos, Volume 6

Lentamente Até Que...

Caminhava tranquilo no centro da cidade. Os carros passavam e eu não percebia. Pessoas me olhavam e se perguntavam o que acontecia. Alguns tentaram me consolar, alguns tentaram conversar, sem nem saber o que acontecia comigo. As pessoas não são tão más nesse mundo. Mas eu não queria ouvir nada e segui. Caminhando em meio a todo aquele alvoroço. Eu era uma contradição no meio de tanta correria, no meio de tanta pressa.
Mas eu não queria ser pressa, eu queria ser lentidão, eu queria ser calmaria. Afinal, naquele dia eu podia ser tudo isso. Eu podia deixar o tempo passar sem me preocupar demais com o que viesse acontecer. Alguns não recomendariam que eu caminhasse tão distraído naquele lugar, alguns iriam tentar me acordar, ou sabe-se lá o que mais.
Eu não estava me importando. Entrei em todas as lojas, visitei todas as vitrines e nada comprei. Eu só queria passar o tempo. Eu só queria ser lerdo. Sim, eu me desejei lerdo aquele dia. Descansei, caminhei, entrei em várias lojas e gastava imenso tempo em cada uma delas. Sentei umas duas vezes pra comer alguma coisa e continuei meu passeio. Não aguentava mais andar, quando decidi voltar pra casa. Comecei a me dirigir à parada do ônibus. Mas, no meio do caminho, algo inesperado me fez acordar, algo que me tirou de toda aquela lentidão. Um susto muito grande. Eu atravessava uma rua e "acordei" ao ouvir umas palavras como se fossem ditas aos berros somente em meus ouvidos. Inicialmente eu não entendi, mas ela fez questão de repetir ainda mais alto:

"Quarenta nego bom é um reaaal!"

A Rosa Vermelha

Marcinha vagava pelas ruas como um fantasma. Ela sentia que tudo que fazia não dava certo, não dava em nada e não tinha como se sentir feliz com tudo isso que acontecia. Marcinha, depois de muito tempo vagando, parou na frente de uma casa enorme. Olhou o jardim, muitas plantas, muitos espinhos e lá no final de tudo uma rosa linda, vermelha, que era o destaque em meio a tanta coisa que tornava aquele lugar nada atrativo. Foi a primeira vez que Marcinha viu além. Foi a primeira vez que ela acordou pra o fato de que há coisas muito mais importantes do que os espinhos. Não procurou entrar no jardim. Mas continou seu caminho pensativa e um pouco renovada. Um pouco porque ela precisava sentir aquilo tudo nela mesma, ela precisava encontrar a rosa vermelha na sua vida. Sabendo que seria difícil, buscou apoios. Encontrou alguns que foram falsos apoios. Outros que não faziam muita diferença e outro que faziam toda a diferença nessa trajetória. Marcinha, depois de muito tempo, encontrou um botão de rosa. Ela cuidou daquele botão com todo carinho para que não morresse. Quando desabrochou era uma rosa amarela, ela se sentiu bem, a flor lhe trouxe coisas boas, muitas alegrias, mais conforto, mas acontece que ainda não era a vermelha. E era essa rosa vermelha que Marcinha estava buscando. Continuando o caminho, perdeu alguns de seus apoios mais importantes. Ficou triste, profundamente triste e passou a não acreditar que aquela rosa vermelha existisse de verdade. Duvidou, angustiou-se, encontrou muitas outras rosas amarelas. Cansada de tudo, resolveu que dormir seria bom. E dormiu. Sonhou com seu paraíso de rosas vermelhas. Nesse sonho ela encontrava um jardim repleto delas. Acordou. Não, ela não havia encontrado a tal rosa vermelha, mas renovou as esperanças para continuar essa busca. Ela precisava e conseguiria. Não saberia como, quando, ou com quem. Mas conseguiria com certeza, ela esta confiante.

Cansada, triste e inconsolável. Não tinha como Leandra estar de outro jeito. Permaneceu triste e calada por alguns dias. Mal comia, não brincava e perdeu o sorriso que tão normalmente habitava o seu rosto. Será que aquela menina nunca mais iria sorrir? Dona Dina estava muito preocupada com a neta, mas também sabia que a menina não poderia demonstrar estar feliz se não estivesse. Acima de tudo, Leandra era um menina verdadeira.
Depois de um tempo sem querer falar, sem querer demonstrar que como se sentia, Leandra chegou perto de sua avó e disse:
- Vovó.
- Oi, minha filha. Que bom que você falou comigo, minha princesa. Você já está se sentindo melhor?
- Tô não, vovó. Mas eu queria lhe pedir uma coisa.
- Diga.
- Quero voltar lá pra casa. Eu já devia estar estudando.
- Minha filha, eu não posso deixar tudo aqui pra lhe levar hoje. Não que eu tenha muitos amigos aqui, mas a vida vida foi todinha aqui.
- Vovó, a senhora foi feliz aqui?
- Fui, minha filha. Eu fui muito feliz, sofri também, mas fui muito feliz.
- Eu também. Mas preciso voltar ao colégio vovó.
- E quem vai ficar com você, Leandra?
- Não sei. Talvez a mãe de Carlinha deixe eu ficar lá. Ela era a melhor amiga de mainha.
- É minha filha, você precisa estudar. Eu vou falar com essa mulher. Você tem o telefone de lá? Eu explico toda a situação pra ela. Mas não acho isso certo.
- Tenho sim.

Tudo que Leandra mais queria era sair daquele lugar, afinal, ela não tinha mais muitas lembranças boas de lá. Precisava conversar com alguém, nada melhor que a sua melhor amiga. Apesar de gostar da sua avó, não se sentia à vontade.

- Pronto, meu amor. Ela vai ficar com você.
- Brigada, vó.
- Agora vá se arrumar. Ela vem buscar você ainda hoje.
- Tá bem. Carlinha vem?
- Vem sim.
- Que bom.

Dona Dina começou a chorar. Ela não sabia o que a menina poderia passar. Ela não sabia como seria tratada, mas sabia que ela precisava sair daquele clima tão passado que viveu nos últimos dias. Depois de um tempo, chegou o carro de Raquel. Carla desceu e deu um forte abraço na sua amiga.

- Lê, que saudade. Eu soube o que aconteceu, mas a gente vai te ajudar.
- Brigada, Carlinha. Oi, dona Raquel.
- Oi, meu bem. Eu tô com um pouquinho de pressa, vamos?
- Vamos sim. Vovó, eu amo a senhora.
- Eu também minha filha. Eu te amo demais.

As duas se abraçaram com força e com muita saudade. Leandra foi embora. Depois da viagem, Leandra foi até a sua casa buscar suas coisas. Abriu a porta e logo de cara viu o sofá vermelho. Parecia que ouvia sua mãe dizer "Tira o pé do sofá, Leandra." A primeira lágrima caiu. Carla segurou a sua mão. Olhou a sala com um peso triste nos olhos e lembrou de todos os domingos em que se sentava com seus pais no sofá pra assistir a algum filme e comer pipoca com suco de acerola. As lágrimas se tornaram mais intensas. Deu uma olhada na cozinha, lembrou de sua mãe cozinhando. Entrou no escritório e lembrou-se do pai trabalhando. Subiu as escadas e foi ao seu quarto. Lembrou de sua mãe contando histórias pra ela dormir e de seu pai indo lhe dar o beijo de boa noite quando chegava do trabalho. Lembrou que não dormia antes de receber esse beijo e seu pai sempre achava que ela já estava dormindo. Chegou a esboçar um sorriso. Passou um tempo no seu quarto e com a ajuda de Carla, arrumou as suas coisas. Lembrou de seu pai indo acordá-la na hora de ir pra a escola. Enxugou as lágrimas e saiu. Tentou não entrar, mas não consegui e foi para o quarto de seus pais. Caiu e chorou tanto que não tinha forças pra se levantar novamente. Carla olhou pra a amiga e disse:

- Lê, a gente tá aqui pra te ajudar. Vem com a gente. Mainha disse que a gente pode ser sua família agora.
Carla começou a chorar junto com Leandra.
- Eles não deviam ter ido. Eles tinham prometido, Carlinha...
Elas se abraçaram.

Gritei

Gritei
Porque não aprendi a guardar sofrimento.

Um grito solto é uma oportunidade de crescer.
Um grito solto é o que mostra minhas vontades.
Foi um grito que me fez melhor.
Foi ele que me aliviou e que me fez um tiquinho mais leve.

Gritei
E descobri que tudo era nada de importante.
Descobri o que era realmente importante.
Descobri onde não havia importância.
Sem angústias, sem medos, sem barreiras.

Quebrei cristais, taças, crenças, tabus e algumas opiniões.

Um Amigo Pra Sempre

Roberto tinha seis anos de idade quando conheceu Marquinhos. Os dois iam juntos à escola sempre. Marquinhos dormia, quase todos os dias, na casa de Roberto, conversavam e riam até tarde. Era daqueles amigos pra toda hora mesmo, aliás Marquinhos era o melhor amigo de Roberto. Quando ele se apaixonou pela primeira vez, a primeira pessoa pra quem contou foi Marquinhos. O amigão companheiro que tantos têm ou querem ter: era assim que Roberto percebia Marquinhos.
Viveram juntos por muito tempo e quase nunca brigavam, até que de uma hora pra outra Marquinhos sumiu. Roberto procurava por ele na escola, perto de sua casa, muitas vezes chamou por ele, mas não foi correspondido. Foi só aí que pôde perceber que Marquinhos era apenas um reflexo de tudo que ele desejava de bom em um amigo. Marquinhos era uma representação verdadeira de uma amizade. Agora Roberto saberia como encarar e estar seguro nas relações com seus novos amigos. Ele estava pronto. Foi aí que acabou o papel de Marquinhos, seu amigo imaginário.

Samba, Menina

Samba, menina.

Deixa essa música te embriagar.
Deixa esse som te levar pra vários lugares.
Mexe teu corpo, acaba com tudo que te deixa presa.
Mostra que tu és mais forte.
Mostra que teu ritmo é mais forte.
Não deixa que te parem.
Não pare.

Deixa a melodia te arrancar sorrisos.
Então sorri, menina.
Sorri sem medo de parecer ridícula.
Tu estás sambando.
Tu estás feliz.
Tu não és ridícula.

Entra no movimento.
Ele é parte de ti.
Não guarde alegria.
Jogue tudo de bom.
Mostre toda a alegria de ser feliz, menina.
Sambe, sambe, sambe.
E não perca esse sorriso, por favor.

Coloca teus braços nesse movimento.
Deixa esse olho continuar brilhando.
Assim como tu.
Coloca no teu corpo toda aquela razão de viver.
Tu és bela, menina.
Tua música, teu corpo, teu sorriso, teus olhos, teu movimento:
Tua alegria!

Samba, menina.
Samba.

Tive Uma Idéia

Tive uma idéia.
Levantei.
Busquei, abri gavetas.
Peguei papel, peguei lápis.
Escrevi.
Risquei.
Escrevi.
Escrevi.
Sonhei.
Escrevi.
Apaguei.
Escrevi.
Sonhei.

Li várias vezes.
Acreditei.

Reli e sonhei.
Acreditei.
Pensei, refleti.

Realizei e continuei acreditando.
Cresci. Crescemos.
Mudei.
Remodelei pensamentos, idéias e crenças.
Fui em frente.
Quase quebrei.
Reconstruí.
Venci.
E fiquei pronto pra realizar tudo do começo, se fosse preciso.

Tudo e Eu

Tava tudo preso.
Tava tudo parado.
Tava tudo assim.
E é tudo perdido que não trazia movimento.
Nem fortes, nem suaves.

Tudo tava paralisado, abandonado e acabado.

Não,
tava não.

Era eu.

Tudo se mexe.
Tudo dança.
Tudo pula.
Tudo grita alegrias para as cores.
E elas gritam de volta como que por reflexo.
Como que por espelho.

Tudo alegre, vibrante e colorido.

Não,
é tudo não.

Sou eu.

O Despertar

Cheguei e sentei na primeira cadeira.
Assisti todo o espetáculo que você me dedicou.
Busquei, de olhos fechados, sonhos nos quais nunca acreditei.
E acabei enxergando que eles faziam parte de mim
Há muito tempo.

Peguei o copo e esperei você chegar.
Suas palavras eram como agulhas que feriam minha alma.
Desmoronei várias vezes por dentro
Como um castelo de areia destruído pelas ondas do mar.
Sem acreditar veio o adeus.

Não precisava mais de suco de morango.
Pedi uma bebida e mergulhei nela.
E acreditei que ela me faria tão bem quanto acreditei em você.
Comecei a ver cores e formas que não existiam
Até aquele momento.

Levantei bambo e saí urgentemente daquele lugar.
Não sabia pra onde ir e não sabia se iria.
Pelo caminho, falei bobagens com as árvores e elas me entendiam perfeitamente.
Algumas chegaram a me aconselhar e eu as ouvi
Até desmaiar.

Vomitei tudo que queria te dizer até ficar sem palavras,
Mas não foi pra você.
Libertei-me de toda vontade de te procurar e dizer o que estava sentindo.
Descansei meu pranto e fiz ele adormecer.
Desejei tudo que não podia enquanto estava ao seu lado.
Então vi que aquilo me faria melhor.

Desenhei corações por todos os lugares.
Não metades ou corações partidos.
Desenhei corações.
Porque sabia que eu agora estava inteiro.
Não acredito que tenho metade de um coração pra unir com outra metade.
Eu tenho o meu coração... Inteiro, vivo e pulsante.
E não preciso mesmo de metades.
Que foi tudo que você pôde me dar.
Quero corações inteiros.
Porque meio amor não existe.

Leandra estava suja e sentia tanta coisa junta que acabava por nada sentir. Passou a tarde toda fugindo de toda aquela situação. Fugindo de seus fantasmas. Depois de muito cansada, encontrou abrigo em uma enorme jabuticabeira. Ela nem teve condições que achar ironia naquilo (Ela não gostava de jabuticabas). Deitou-se e chorou por muito tempo.

Deixou-se lavar profundamente, deixou-se embrigar pelo cheiro daquela árvore e, no momento, em que sentiu mais falta de tudo, abraçou-se a ela e deixou receber um carinho.

Chegou a noite, mas a fome não chegou. A escuridão veio e o cansaço veio junto. Estava lá, embaixo de uma jabuticabeira uma menina de 9 anos que acabava de perder os pais e a alegria que parecia ser uma parte dela.

Leandra acabou por dormir e sonhou, sonhou, sonhou e acordou sonhando que o futuro tinha que reservar alguma coisa boa pra ela.

Acordou com alguém chamando por ela. Era sua avó.

- Graças a Deus. Nós encontramos a menina. Leandra, acorde. Vamos para casa.
- Hã?
- Minha filha, acorde. É a sua avó.
- Vovó? Como a senhora me encontrou?
- Desde que você fugiu, eu estou procurando por você, meu bem. Agora vamos.
- Tá bem, vamos. Mas eu quero ir no lugar onde deixaram painho e mainha.
- Minha filha, você não devia...
- Vovó. Me leve lá, por favor.
- Está bem.

As duas entraram no táxi e Leandra foi todo o caminho abraçada na sua avó. Chegando ao cemitério, foram até o local. Dona Dina olhou para a neta, deu-lhe um beijo no rosto e se afastou por uns instantes. Leandra, passando a mão nos túmulos de seus pais, começou a falar:

- Vocês não cumpriram a promessa. Me disseram que não iriam morrer nunca, mas deixaram que acontecesse. Painho, eu te disse pra não ir. Eu te disse. Eu só não sei como é que eu vou conseguir viver agora sem vocês. Sem mainha indo me acordar todo dia e me levando pra escola. Sem você me dando um beijo de bom dia e me desejando "boa aula". Sem mainha dizendo que eu tô atrasada e que tenho que deixar de ser tão... tão... nem lembro mais como é a palavra. Painho, você ia me levar pra pescar. Mainha me ajudava a arrumar os cabelos. Me dizia que eu tava linda e que eu era uma princesa. Vocês me faziam sentir a criança mais feliz do mundo todo. Vocês me faziam saber que eu era importante. Liam histórias pra mim. Passeavam comigo todo domingo. Me levavam no cinema, no teatro, no parque. Sempre iam assistir minhas peças na escola. Nunca me fizeram um mal. Mesmo brigando comigo às vezes, você nunca me bateram. Vocês nunca me fizeram sentir uma menina ruim e chata. Tudo isso porque vocês me amavam, tudo isso porque eu era importante na vida de vocês. E eu, agora aqui sozinha, ainda amo vocês. Só que agora a gente não vai ser ver nunca mais. A gente nunca mais vai poder conversar. Quem é que vai me ajudar com as tarefas de casa? Quem é que vai me fazer carinho quando eu tiver triste? Quem é que vai me abraçar toda vez que eu chegar feliz em casa com uma nota alta ou vai me consolar quando eu chegar com uma nota baixa? Quem é que vai me dizer pra não comer tanto doce? Quem é que eu vou apresentar pra minhas amigas, toda orgulhosa, e dizer "Esse é o meu pai e essa é a minha mãe"? Eu não tenho mais ninguém. Painho, mainha... Eu vou perdoar vocês, porque eu sei que a culpa não foi de vocês. Mas eu quero que vocês apareçam sempre nos meus sonhos, porque eu não quero nem pensar em esquecer vocês. Eu tô muito triste. Eu não sou mais aquela menina tão alegre. Eu não sou mesmo. E também não sei se eu vou voltar a ser feliz de novo. Vou levar vocês no meu coração pro resto da minha vida. Pro resto da minha vida. Eu queria que vocês fossem meus anjos da guarda. Fala com Deus, pede pra ser. Porque eu vou sentir que vocês estão sempre pertinho de mim. Eu vou sentir muita falta.
- Leandra, vamos embora?
- Agora eu vou, vovó tá chamando. Eu espero que vocês pensem em mim. Eu juro que volto aqui pra visitar vocês. Eu amo vocês. Amo mais do que tudo na vida. Tchau painho, tchau mainha. Até logo.

Leandra saiu a passos lentos e curtos, cabeça baixa e um monte de coisa pra enfrentar. Voltou pra casa da sua avó e não falou mais nada. Estava triste, mas nunca iria esquecer que, na noite anterior, aquela jabuticabeira guardou e velou suas tristezas.

As Chaves do Carro

Rosana estava decidida a deixar tudo pra trás. Não suportava aquela vida, muito menos tudo que vinha sofrendo ultimamente. Tanta rejeição, tanta briga, tanta falta de carinho. Ela queria mudar, queria voar, ir em frente e acabar com tanto descaso. Ela sentia que a vida havia lhe virado as costas. Mas tudo isso iria acabar.
Rosana quis ir embora e começou a procurar as chaves de seu carro. Tudo que queria agora era pegar a estrada e dirigir sem rumo ao som de "You only live once - The Strokes". Procurou na sala, tinha certeza de que estariam ali. Gavetas, móveis, objetos, chão, embaixo dos móveis... Nada. O desespero tomou conta dela que começou a buscar sua liberdade por toda a casa: banheiros, cozinha, sala de jantar, quarto de hóspedes... O único lugar onde não podia estar era no seu quarto, pensou, mas lá foi procurar... última esperança e o desejo da mudança. "Só pode estar lá".
Entrou no quarto e procurou. Guarda-roupa, embaixo da cama, bolsas, gavetas, objetos, caixinha de música e tantos outros. Já cansada de tanta busca e não encontrando nada, ela deitou-se na cama. Não se conformava de não ter encontrado as chaves de seu carro. Aquilo seria sua liberdade e ela necessitava se fazer leve. De tão cansada que estava, virou-se para o lado e acabou por adormecer. Quando acordou, nada fazia sentido e o sonho de ser livre acabou. A canção de sua caixinha de música parecia zombar dela. Foi aí que se lembrou de um pequeno detalhe: ela não tinha carro.

Peso

Peso nos olhos me faz chorar.
Peso na voz me faz calar.
Peso no sangue me faz arder.
Peso nas mãos me faz ferir.
Peso nos ouvidos me faz te ouvir.
Peso no rosto me faz corar.
Peso nos pensamentos me faz refletir.
Peso nos ombros me faz tombar.
Peso nas costas me faz doer.
Peso na pele me faz sentir.
Peso no corpo me faz cair.
Peso nas pernas me faz tremer.
Peso nos pés me faz parar.
Peso na consciência me faz mudar.

Passando Selos, Volume 5

Mais um seloooooooo... Huhuuuuuuuuuuuuuu... Veio lá do Por Onde Andei, muito obrigado, Dani. Mais uma vez. :)




Gostei foi muuuito. Agora vou passar esse pra o Muito a Declarar, Degustação Literária, Metendo o Bedelho, A Casa das Idéias, Poemas Tardios, Epifania, Uma Página Sem Papel, O Dia Em Que Samara... e Galinha Criou Dente.

:D

Adoro todos esses blogs e mais alguns. A galera é legal e os blogs vão refletindo, né?! rs. :p
E continuem escrevendo sempre, gente. Vocês são MARA.
=]

:*

Leandra

Leandra tinha 9 anos e não gostava de jabuticaba. Acordou um dia pelas 11 horas da manhã e sua avó, já impaciente lhe disse:
- Minha filha, se arrume logo, a gente já vai sair.
- Pra onde vó?! Acabei de acordar, ainda vou tomar banho e...
- E vai fazer isso bem rápido porque o carro já chega pra nos levar.
- Tá bom vó. Cadê painho?!
- A gente tá indo ver ele, meu amor.
- Ele tá no hospital, vó?! É isso?! Machucaram painho?! Eu disse que ele não devia ir naquela festa, eu disse.

Leandra já esboçava uma expressão de choro. E não parecia que esse choro demoraria pra desabar pelo seu rosto.

- Ande logo, Leandra. Vá tomar banho, vá se arrumar.
- Eu vou, mas me diga. Painho se acidentou e mainha tá lá com ele, né?!
- Sua mãe está com seu pai sim, minha filha. Agora vá logo se arrumar que já estou quase pronta.
- Tá bem. Sua benção, vovó.
- Deus te abençoe, meu amor. E te dê muita paz nesse coração.

Leandra foi tomar banho e sua avó começou a chorar, chorava tanto que pensava que a menina fosse ouvir. Chorava por estar anestesiada com tudo que estava acontecendo. Chorava descontroladamente. Dona Dina já tinha seus 68 anos e não estava preparada para os últimos acontecimentos. Tentado prever a saída de Leandra do banheiro, tratou de enxugar suas lágrimas e de tentar esboçar um sorriso. Parecia meio falso, mas era o que ela conseguia fazer naquele momento. Ela estava realmente destruída.

- Vó, será que dá tempo de comer antes de ir ver painho no hospital?!
- Dá sim, daqui a vinte minutos o carro chega. O que você quer?!
- Eu quero aquele pedaço do pão doce que a senhora fez ontem.
- Pão doce?! Logo cedo?! Não senhora, vai comer cuscuz com leite e depois é que pode comer o pão doce.
- Eu sabia que a senhora não ia deixar. Eu como cuscuz. Vó?!
- Oi, Leandra.
- Eu gosto muito da senhora e também gosto muito de vir visitar a senhora aqui. Acho que logo que painho ficar bom, a gente volta pra casa, mas eu prometo que, nas férias do final do ano, eu venho passar uma semana de novo com a senhora.
- Eu vou adorar, meu bem.

Leandra deu um abraço forte na avó e depois foi terminar de se arrumar. Dona Dina ficou ainda guardando aquele abraço tão gostoso que tinha acabado de receber da sua neta. Leandra, já pronta, foi já almoçar e, quando estava acabando, ouviu a buzina.

- Vamos, Leandra, o carro chegou.
- Já terminei, vó. Só vou escovar os dentes. Já vou.
- Já estou indo pra o carro, quando passar tranque a porta e traga a chave.
- Tá bem.

Leandra ainda ouviu sua avó dizer que iriam pra algum lugar que ela não entendeu muito bem, mas que tinha certeza de que não era um hospital.

- Pronto, vovó.
- Tá bem fechado.
- Muito bem, meu amor.

Leandra recebeu um beijo na testa e logo se aninhou no colo de sua avó.

- A menina dormiu, Dona Dina?!
- Parece que sim.
- Então, ela já sabe?!
- Não. Não tive coragem de contar. Ela nunca ia aceitar ficar longe dos pais.
- Mas não é culpa sua Dona Dina.
- Obrigada, Juca. Eu sei, mas eu não tenho coragem.
- Tudo bem.

Depois de 20 minutos chegaram.

- Leandra, acorde.
- Oi, vó. A gente já chegou?!
- Já sim.
- Quero ver painho, deixa eu descer.
- Nós vamos juntas, meu amor. Se você não aguentar, segure bem forte a minha mão.
- Tá bom, vó. Mas ele só tá machucado.

Desceram do carro e Dona Dina junto com sua neta foi chegando perto de uma porta. Muitas pessoas do lado de fora olhavam pra Leandra e balançavam a cabeça com um ar triste nos olhos. A menina sem entender perguntou:

- Vó por que que tá todo mundo olhando pra mim?!
- Calma, meu amor.
- Por que eu tenho que ter calma, vovó?! Me fale. Eu preciso saber, não consigo entender mais nada. A senhora, desde que eu acordei, parece que tá escondendo alguma coisa de mim. Eu sei que aconteceu alguma coisa. Ouvi a senhora chorando quando eu fui tomar banho, me diga.

A mulher abaixou-se diante dela e respirou fundo.

- Leandra, você tem que ser forte, ontem... quando seu pai estava voltando da festa... o carro... ele... sua mãe... minha filha...
- Fala vó, fala!
- Eles sofreram um acidente, Leandra.
- Então vamos logo, vovó. Eles querem me ver, eu tenho certeza.
- Minha filha, a gente não tá no hospital.
- Como não?!

Leandra começou a chorar desesperadamente. Já havia entendido tudo. Saiu correndo. Abriu a porta e foi entrando até ver seus pais. Mortos. Dois caixões, velas, flores, gente rezando, muitos chorando. Ela correu para o seu pai.

- Painho, fala comigo. Fala comigo painho. Por favor painho, não me deixa sozinha porque eu preciso tanto de você. Eu nunca mais brigo com o senhor, painho. Pelo amor de Deus, fala alguma coisa.

Mas ele não falou. Correu pra sua mãe.

- Mainha. A senhora tem que falar comigo, mainha. Acorda, a senhora tá só dormindo, lembra?! Lembra que a senhora me disse que não ia morrer nunca?! Lembra?! Painho também disse isso. Por favor, mãe.

E ela começou a gritar de repente.

- Meu Deus, eu não mereço que meus pais tenham ido embora e me deixado sozinha. Eu não posso, eu não vou conseguir mais viver assim. Me leva junto. Eu não posso.

E percebeu tudo ficar preto, até que desmaiou. Quando acordou, pediu pra que tudo fosse um sonho, mas não era.
Então tudo que conseguiu fazer foi correr. Correu pra bem longe. E só foi encontrada no outro dia. Suja, chorando embaixo de uma jabuticabeira.

Abandono

O zumbido daquele mosquito sempre me incomodava. Ele passeava pelo meu quarto, enquanto eu lia meus livros e escrevia meus poemas, contos e canções.Sempre chegava perto de mim pra contar um segredo e eu impedia sua aproximação. Suas conversas não me deixavam concentrar e eu pedia que se calasse. Não queria ouvir seus segredos. Queria apenas meus livros, meus poemas, contos e canções, que me faziam sofrer toda vez que pensava naquela perda. Toda vez que eu lembrava que realmente havia acontecido tudo que eu mais tinha medo na vida. Eu estava completamente só e não era por méritos meus. Estava abandonado e condenado a amargar aquela vida vazia que me dedicaram e que fizeram questão de me fazer vivê-la.
Naquele lugar, eu sabia que nada me satisfazia, todos eram como eu, porque todos eram apenas eu. Agora velho, agora só. Fazia minhas palavras cruzadas e esperava que o tempo se encarregasse de me levar depressa.
Meu medo de ontem tornou-se minha realidade de hoje. Solidão, eu não sei administrar. E o que me resta é chorar e lembrar o que já me aconteceu de bom, até que o tempo venha me buscar.
Inseto com oito letras... MOSQUITO: a minha companhia mais fiel, até mesmo nas palavras cruzadas.

No Chão

Cai de joelhos no chão como se fosse a última vez que fosse te ver. E era. Você me disse que não dava mais continuar aquela história mais linda que ninguém poderia jamais pensar em viver. Era o verdadeiro conto de fadas. O verdadeiro amor enquanto durou. Mas, quando você disse que não podia mais continuar, eu chorei. Chorei porque não conseguia acreditar que aquilo tudo não tinha significado nada. Chorei porque tudo que eu mais eu queria e a base de todos os meus planos desmoronava bem na minha frente e eu não podia fazer nada além de me lançar e prender forte os seus pés. Chorei porque senti que uma parte importante da minha vida acabava ali. Chorei porque precisava acreditar que tudo estava realmente acontecendo. E chorei porque senti que era definitivo. Eu chorei.
Pra quem assistia, poderia parecer uma cena ridícula ou a maior prova de amor que alguém poderia demonstrar. Teus pés não se moviam, eu não deixava. Você estava presa a mim pelos últimos momentos e, mesmo sem perceber, fui feliz ali, pois você ainda era minha.
Mas você não parecia nem um pouco abalada, mesmo com tanta lágrimas banhando seus pés. Mesmo com tanto pesar nas palavras que te disse. Tinha toda a vontade de que você mudasse de idéia, mas isso não iria acontecer nunca. Você só virou as costas e se foi. Não olhou pra trás e eu fiquei no chão, perdido e só. Tão só como nunca havia me sentido. E foi assim que fiquei. Só, perdido, no chão, sem esperança de continuar a viver. No chão e sem chão.

Paixão

Bocas mudas,
Pernas bambas,
Olhos penetrantes,
Corpos estremecidos.

Bocas secas,
Passos tímidos,
Olhos fechados,
Corpos abraçados.

Corpos nas nuvens,
Olhos nas estrelas,
Pés flutuantes,
Bocas unidas.

Passando Selos, Volume 4

Eita, eita que tão me acostumando mal.
E me chega láaaaaaaaaa d"A Casa das Idéias" um selinho novo e feliz.
E eu só agradeço mesmo. :)

Muito obrigadooo... =B
Acho ótimo.


Agora vou estar passando esse selo para o Metendo o Bedelho e para o Paradoxalmente Ser.
=D
É isso...
e obrigado mais uma vez. :)

Cala-te Boca

Cabeças irão rolar...
Que não sejam as minhas;
Que não sejam as suas;
Que seja merecido;
Que se joguem de bem alto;
Que se façam úteis;
Que sirvam de adubo;
Que fiquem bem longe;
Que morram de inveja;
Que se isolem das mentes sãs;
Que se mostrem;
Que se escondam;
Que rolem até o fim;
Que não assustem inocentes;
Que parem onde estão;
Ou que simplesmente não rolem,
Mas que emudeçam.
Ou guardem as verdades.

Bocas irão calar-se...
Que seja pra sempre;
Que seja temporariamente;
Que seja por falta;
Que seja por excesso;
Que seja pra protestar;
Que se façam ouvir;
Que fujam dos maus;
Que mudem de estação;
Que se coloquem corretamente;
Que se voltem aos erros;
Que se matem de vergonha;
Quem sejam curiosas;
Que não falem jamais;
Ou que simplesmente não calem,
Mas que digam as verdades.
Então cala-te boca.

Coração de Ouro

Kamilla era a princesa de um reino muito distante. Um lugar onde ninguém tinha coração. Kamilla possuía a maior riqueza e, por conseqüência disso, os maiores problemas, já que era dona de um coração de ouro. Todos tentavam arrumar uma forma de roubar o bem mais valioso daquele lugar. Por vezes Kamilla chegou a surpreender pessoas que mal intencionadas que, por muito pouco, não lhe levaram embora o coração. Até que um dia, parecia que tudo iria mudar, quando chegou a esse lugar um homem, Leandro, que disse ser o príncipe do reino vizinho. Kamilla logo se apaixonou por ele, ela sabia que era o homem de sua vida: uma das maiores certezas de sua vida.
Depois de um tempo que levaram para se conhecer melhor, a princesa revelou que mantinha um coração de ouro e que tinha medo que lhe roubassem. Leandro logo se mostrou disposto a proteger, junto com a bela moça, o coração. Ela aceitou e logo mostrou a ele onde o guardava, onde estavam suas crenças e sentimentos. Pobre Kamilla, tão doce, tão ingênua. Entregou-se como nunca para uma pessoa em quem não devia confiar. No dia seguinte, ela acordou cedo, mas não encontrou mais Leandro. Desesperada foi correndo para o lugar sagrado onde guardava o seu coração de ouro, mas ele não estava mais lá. Kamilla ficou muito machucada, decepcionada, com muita raiva. Agora nem a mais amável e doce das princesas tinha coração.

Ele era uma moço que havia se levantado de um relacionamento há pouco tempo. Havia se entregado demais, amado demais, mas, quando chega o fim, vem aquela avalanche de tristezas e ressentimentos que ficam por um certo tempo. Nos bons tempos não havia como pensar que esse fim chegaria. Ele amou, sofreu, mas se levantou e foi aí que se percebeu mais forte. Sentiu necessidade de saber quem era, de tentar se conhecer, ou de tentar perceber como os outros o viam. E ele perguntou a alguns amigos, a pessoas desconhecidas, queria saber sobre primeira impressão, essas coisas.
Todos diziam que ele era simpático, que ela bonito, gente fina, uma pessoa bacana, carinhoso, bem humorado, interessante e tantos outros adjetivos. Tudo isso levantou um pouco da auto estima do rapaz.
Resolveu que aquele era um dia pra ficar em casa. Em casa sim, se curtindo e esquecendo um pouco desse relacionamento.
Foi tomar um banho e, como estava sozinho, não sentiu necessidade de vestir-se, pelo menos não completamente. Sentou-se na frente de seu computador e resolveu criar um blog, escrever o que pensava, no que acreditava, sem intenções de conhecer ninguém ou fazer amizades. Só queria mesmo registrar o que vivia, o que sentia. Sendo assim, não precisaria se identificar, ficando mais à vontade para falar tudo que quisesse. Tudo que imaginasse que seria interessante divulgar. Aquele momento seria sempre um desabafo, percebendo isso ele se interessou pela idéia e começou a escrever. Depois de um tempo, seu blog começou a ser visitado por algumas pessoas. Ele ficava feliz por receber comentários carinhosos a respeito do que falava e por poder ter uma noção de como as outras pessoas pensavam dos mais variados assuntos que ele discutia em seus textos.
Depois de mais um tempo, chegou ansioso do trabalho e viu que havia sete cometários em seu novo post, apenas um novo, um comentário anônimo, que chamou sua atenção. "Até parece que você sente o mesmo que eu. Beijos." Aquilo o surpreendeu de uma forma que não esperava e ele ficou curioso, mas era apenas um comentário, nada demais. Chegou como quem não queria nada e continuou a receber sempre outros comentários dessa pessoa. Cada vez mais curioso não pôde deixar de procurar saber quem era. Passou-se mais um tempo até que passaram a se corresponder por e-mail.
Rapidamente se apegaram e trocavam palavras carinhosas e conversavam sobre tudo. Haviam construído uma relação forte de amizade que só se fortalecia com o tempo. E foi com a ajuda desse "anônimo" que o rapaz começou a superar o seu problema. Prometeram se encontrar um dia. Poderia ser que nada acontecesse, mas a amizade estaria para sempre e um já fazia parte da vida do outro.

No Sábado

Sábado, 11 horas. Danilo não conseguia levantar cedo naquele dia. Andava um tanto cansado pra pensar nessas coisas. Mas ao acordar sentiu que havia algo de diferente.

Procurava um amor e gostava de amar. Algumas de suas paixões não lhe fizeram muito bem ultimamente. Acontece que ele tinha muita força não só de seus amigos, mas tinha uma incrível força interior que o levantava de tantas situações assim. Não era de sair chorando por aí, mas isso nunca quis dizer que ele não se emocionasse ou tivesse vontade de despejar suas lágrimas. Havia vezes que o choro simplesmente não vinha, mas o fato de ele chorar no seu interior valia muito mais do que uma exposição desse sentimento.

Ele adora baladas e, nesses momentos, aproveita pra deixar todos os seus sentimentos negativos e problemas longe da cabeça e do corpo. Ele se liberta. Não é possível pensar nele e não lembrar de Madonna, ele ama. Por falar em amor, ele acredita nesse sentimento. Tem seu jeito de amar e o faz sem vergonha e sem medo do que qualquer um venha a dizer.

Ele ama e é amado. Tem amigos e lhes dá conselhos, é praticamente o psicólogo deles, mas ele não se importa. Gosta de ajudar, sim. E se preocupa com seus amigos. Se apega muito fácil às pessoas e se importa com quem gosta. Claro que tem uns desentendimentos, mas, afinal, quem não tem? Ele tem consciência de que não é possível agradar a todas as pessoas, porém se esforça pra manter perto aqueles que ama.

Mas aquele dia prometia algo. Ele sentou na cama e conseguiu sentir uma mudança. Sabia que, naquele dia, algo seria diferente. Algo estava pra mudar. Não sabia ao certo o que era exatamente. Estava certo de que a noite lhe reservava algo. Passou a tarde inteira pensando com um sorriso nos lábios. Era um sorriso tão bonito quando seu coração carinhoso e amigo. Aguardou enquanto podia e chegou, enfim, a noite. Parece que o sorriso de toda a tarde lhe fez mais feliz, ou talvez o simples fato de sentir que havia algo pra acontecer. Divertiu-se mais que o normal e pôde perceber que a diferença estava nele. Ele sabia que só ele podia permitir a própria felicidade.

Foi a partir daí que tudo passou a ser melhor pra ele. Descobriu aquela força interior, e encontrou, nele mesmo, a razão pra ser muito mais. Entendeu que a felicidade vinha dele mesmo e que não podia depositar demais nas outras pessoas. Mágoas viriam, mas ele estava mudado e ia saber enfrentar tudo com a cabeça erguida. Naquela noite, naquele dia, Danilo se encontrou e a sua verdade tornou-se o guia da sua vida.

Passando Selos, Volume 3

O selo federal tem uma breve explicação que você pode ver aqui.


Ele chegou até mim através do blog Suco da Maçã com Limão e nem acredito que meu blog vale 48.000. Mas claro que há muitos outros blogs que também valem. Então, eu posso passar isso aqui pra todos que eu quiser, mas resolvi escolher só cinco.

Que são:

Diário de um lisa viajante

Por onde andei

Degustação Literária

.:: I said goddamn! ::.

Uma página sem papel

É isso!
E obrigado pelo selo. \o/

Despedida



Querido "Você",

Meu grande erro é meu grande apego. Facilmente te gosto, facilmente te "adoto". E é, sim, um erro. Nem todos são iguais e uns acabam se sentindo desprezados e se ferindo muito mais que outros.
"Não te apegarás facilmente às pessoas". É, não existe esse mandamento, mas eu o crio, para não segui-lo, claro. E ficar, assim, me sentindo sem importância. Mas que importância tem, não é verdade? Eu sou só eu. Mais um na multidão. Mais um na sua vida. Mais um apenas. Tanto pra você, como pra alguns outros (o que não vem ao caso agora).
Nunca quis ter um milhão de amigos. Mais que isso, queria ter aqueles que valem por um milhão cada um. E eu até tenho, sabe? E pensei que você fosse um deles. Mas, enfim, a gente se engana.
As amizades vêm e vão. Chegam fácil, mas se vão rasgando e queimando os olhos com lágrimas. Vão deixando umas marcas que, nem sempre, são as que a gente gostaria que ficassem.
Não falo só por você, mas falo por tantos outros. Tantos que já foram. Tantos pra quem parece que a gente perdeu a importância. É, a gente perde a importância pra muita gente e eu não consigo, não sei e nem quero saber explicar.
Também não gosto de ficar lamentando. Só queria dizer o que eu estava sentindo, porque agora eu já não sinto mais nada. Dá pra perceber quando a gente é importante na vida de alguém. E dá pra perceber, mais ainda, quando a gente não é.
Lembro de tantas vezes que você me perguntou se eu era seu amigo. Eu sempre disse que sim e nunca foi nada falso, nunca mesmo. E um belo dia sou recebido como um desconhecido na sua vida. Na verdade, fui mesmo ignorado, não cheguei a ser recebido. Mas eu acordei e meus lamentos já se foram. Da mesma forma que você. As lembranças eu vou guardar, relaxa. Elas vão me fazer bem, pelo menos aquelas dos bons tempos. Adeus "Você", não aguardo sua resposta. E, se chegar, não haverá tréplica. Nem adianta mesmo. É isso, boa sorte daqui pra frente. Você foi meu maior amigo e minha maior decepção. Te adorei.

Respeitosamente,

"Eu".

Entrega (Sem Volta)

Elevo meus braços ao céu
Elevo junto a minha alma e sinto que lá logo chegarei.

Respiro fundo o profundo mar
Sei que foi lá que banhei minhas alegrias
E sei que elas continuam lá.

Piso a areia branca
Aceito que sua clareza me confunda e me faça turvo.

Ao retornar, vejo minhas pegadas apagadas e penso:
"Será que tudo que eu fiz nunca vai deixar marcas mais fortes? Nunca serão registradas as minhas atitudes? Não poderei jamais provar os meus feitos?"

Então me sento nessa mesma areia branca
Deixando que a leve brisa
leve e traga de volta meus pensamentos e divagações.
Meus momentos e reflexões confessadas ao mar

Ah, o mar!!!
Esse guardou dentro de si todos os meus segredos.
Tudo que fui e que seria.
Mas eu resolvi buscar de volta todos os meus segredos.
Tudo que confessei.

Nem adianta.
Continuo lá junto a eles.
Deixo me embriagar pela água salgada e entrego ao céu, de braços elevados, minha alma também elevada.

Fecho os olhos num sorriso
E vejo que tudo que me falta já não me faz mais falta.

Entrego-me ao mar e ao céu
E é agora que, sem me sentir, sinto-me completo.

No São João Passado

É junho. No meu coração, bandeirinhas coloridas e, na minha pele, um tecido quadriculado. Nos meus pés, passos de quadrilha e o forró nos meus ouvidos. Na minha boca, o gosto de milho e amendoim. Nos meus olhos, a falta de algo.
Enquanto danço, enquanto mexo o meu corpo, sem ter conciência dos movimentos, olho pra todos os lados em busca de alguém que me faz falta. Na música me dizem pra olhar o céu e ver como ele está lindo, mas eu não vejo nada de bonito nele. Eu e o céu sem nossas estrelas.
Alguém que comanda a festa grita alguma coisa que não entendo. Termino a dança sem saber que havia terminado. As pessoas começam a sair e eu fico lá no meio, ainda procurando. Sei que falam sobre mim, mas eu não me importo. Procuro em todos os rostos. Um a um. Não consigo encontrá-la.
Aquela que conheci no São João passado, que dançou comigo. Aquela que tinha "olhinhos de fogueira" e me fazia arder por dentro. Aquela que pegou minha mão e me disse as coisas mais bonitas que já ouvi. Aquela pra quem eu abri os braços e pra quem me entreguei como se já conhecesse há muito tempo. Aquela que, no São João passado, prometeu que estaria aqui, novamente, nesse ano. Mas ela não veio e eu ainda continuo a procurar.
Eu não sei se deveria ter esperanças de vê-la ou tê-la novamente, mas eu tenho. Ela vai aparecer nem que seja pra me pedir que a esqueça. Acontece que eu nunca mais irei esquecer todas as palavras, os momentos, os beijos, os abraços. Não! Eu não posso esquecer tudo que aconteceu no São João passado.

Companhia

E quando tudo parece pior...
E quando tudo me enlouquece...
E quando tudo me ignora...
E quando tudo me deixa pra baixo...

...Sorrir!

Pra acalmar o coração e ninar a alma.
Pra acalentar o corpo e me deixar liberto.
Pra, simplesmente, me deixar bem.

Um sorriso alegre...

Pra contagiar.
Pra compartilhar.
Pra não deixar amarelar.
Pra o mundo ser melhor.
Pra mim.
Pra você.

Um sorriso triste...

Pra modificar.
Pra revolucionar.
Pra demonstrar força, talvez.
Pra pôr de pé.

Um sorriso de criança que carrega e descarrega o ser.

Enfim,
um sorriso pra curar, remediar e divertir.

As Perdas de Maurício

Maurício não acreditava em ninguém, nunca acreditou. Seu coração era um poço de desconfiança. Seu pai o expulsou de casa, mas ele venceu na vida. Tornou-se um homem muito rico e o "pai" quase lhe roubou toda fortuna. Tudo isso só serviu para que ele ficasse cada vez pior, Maurício foi se tornando mais e mais amargo. Não confiava em ninguém, não tinha fé, não tinha paz, não tinha ninguém. Cada vez mais só, cada vez mais triste. Perdeu a família, perdeu os amigos e só não perdeu a vida porque perdeu, antes, a sua fortuna.

O Ventilador

Tempo quente. Roberto não queria mais viver naquela agonia que se tornou a sua vida. O calor queimava suas orelhas e a sua pele ressecava ao som das folhas secas pisoteadas, não conseguia se mover. Faltava alguma coisa. Foi pra casa e não conseguiu dormir, seus tormentos eram maiores. Nem cochilar ele conseguia. No dia seguinte, resolveu que compraria um ventilador. Na volta do trabalho, foi a uma loja e fez a compra. Voltou feliz pra casa, finalmente conseguiria dormir em paz. Sem calor, sem agonias. Havia testado o ventilador na loja e ele estava impecável. Chegou a batizá-lo de Salvador. Roberto chegou em casa, jantou e foi ver TV. Não se sabe se, pelo fato de saber que conseguiria dormir naquele dia, o sono logo chegou. Muito antes até do que ele esperava. Roberto desligou a televisão, foi pra seu quarto, deitou-se na cama, ligou o ventilador... E nada...

Faltou energia.

Passando Selos, Volume 2

Eu recebi um selo novo lá do blog Por Onde Andei...

Que felicidade... \o/\o/\o/
Muito, muito obrigado.

Agora eu quero passar pra Metendo o Bedelho e pra o Poemas Tardios. Acho que pode passar pra dois.

=X

Beijos a todos.
:)

Passa Tempo

Daniela ganhou um relógio e disse que seria "pra ver o tempo passar". Todas as tardes, desde seus seis anos de idade, ela se sentava na calçada de casa e pegava seu relógio em forma de borboleta pra ver o tempo passar. Era uma menina equilibrada e não falava demais. Não sentia essa necessidade. Menina centrada, tinha objetivos na vida. Na escola, era tida como uma louca, era o motivo das piadas mais bobas e mais maldosas, mas ela nunca se importou, sempre ignorou isso. Hoje, aos doze anos de idade, Daniela não tem amigos, nem tem muitos por ela. Mas todas as tardes ainda pega seu relógio e senta na calçada para esperar seus pais que, segundo sua avó, fizeram um viagem muito longa. Mas Daniela sente que eles podem voltar, talvez se sua borboleta pudesse voar e lhe trazer notícias deles... O fato é que ela nunca desistiu de ver o tempo passar para encontrá-los novamente.

Desafio

Bom, recebi um desafio lá dos confins dos Poemas Tardios. Sendo assim, devo listar 5 livros que eu indico e mais um que deve ficar lá na prateleira só enchendo de poeira. Enfim, chore!


Pra começar eu indico Pollyanna de Eleanor H. Porter. O bom dele é que a menina sempre procura ver o lado bom das coisas. Faz um tempo que li e gosto muito (mesmo que alguns achem graça ¬¬).







O segundo é Capitães de Areia de Jorge Amado. Lembro que eu tinha que lê-lo pra fazer o vestibular, mas eu gostei tanto que terminei em dois dias. Adiantou minha meta de ler um livro a cada duas semanas na época. Grande Jorge Amado. E eu fiquei triste por conta de Dora, mas nem lembro mais se ele tava lá na prova do vestibular. Se estava, provavelmente, eu acertei.. Ou não. :X




O outro foi o último livro que eu li. A cidade do Sol de Khaled Hosseini (É... aquele de "O Caçador de Pipas" mesmo.) Como eu falei num post anterior, é muito difícil me fazer chorar. Esse livro me emocionou um monte, mas não me fez chorar, não. Foi por pouco. A frase final dele é linda. Enfim, recomendo demais. Gostei mais dele do que do "Caçador". Chore!






O Cortiço de Aluízio de Azevedo é o próximo. É muito bom. Adoro esse livro. Li um ano antes do vestibular, gostei muito, muito, muito. O João Romão lá com a Bertoleza é o 10. Enfim, é ótimo, é ruim, é ótimo... =D




Os Contos de Machado de Assis eu adoro. Já li umas duas vezes e já vou ler de novo. Nossa, não consigo falar. =]








Já falei dos 5 que eu recomendo... Mas o outro que deixarei apodrecer foi o trauma da minha vida. Gente, não vou falar mais nada. Quem me acompanhou nesse trauma sabe o que é isso. Mudança Estrutural da Esfera Pública de Jurgen Habermas.

MEDO!

Nada contra ele, mas ele deu uns nós na cabeça da gente que estão até hoje. Um dia posso até pegar pra ler de novo. Ou não...


Chore!

É isso gente. o/

Eu até devia passar, mas nem vou. :X

:*

Domingo

Era nos domingos que eu era feliz. Nesses dias já acordava com um sorriso no rosto muito expressivo. Aliás, eu já ia dormir no sábado com esse sorriso. Por muito tempo eu preferi o domingo. Por muito tempo eu me jogava em momentos de alegria. Pulava, dançava, eu era feliz, feliz como nunca ninguém poderia sentir o gosto de ser. Tão feliz, tão feliz que podia ser eu e nem me importar. Acontece que tudo muda. Até os domingos mudam. Até os domingos. Nada de felicidade, um sábado, um sorriso, um domingo, uma decepção. O domingo me levou pra longe. Pra os lugares mais frios em que nunca quis estar, pra lugares tão cruéis que jamais me fariam feliz. Meus domingos não existem mais, nenhuma horinha deles. Foi no domingo que um dia me achei e é no mesmo domingo que me perco. Mas se for assim, que seja pra não me encontrar mais.

Sexta Insana

Era uma sexta feira. Haveria aula à tarde e os três tinham preguiça só de pensar que deveriam esperar das 12h às 14h pra assistir a essa tal aula.

Precisavam de algo para passar o tempo. E por que não irem à biblioteca estudar?! Ótima idéia! Foram e começaram a conversar e observar as pessoas e riram demais até perceberem que não conseguiriam estudar. E agora? O que fazer para passar o tempo? Comer é uma boa, e lá se vão os três amigos. "Hamburguer em pão de caixa? Como assim, gente?" Acabou sendo a escolha. Um hamburguer, queijo, presunto e, de brinde, um gostinho de ovo (e nem estava no cardápio). Terminado o lanche, é hora da digestão. "Eu trouxe a máquina pra a gente tirar fotos." Então resolveram procurar um lugar feliz e encontraram umas salas coloridas, muito a cara deles. Depois da "sessão", ainda falta mais de meia hora pra começar a aula. O que fazer? "Vamos pro corredor da sala. É o jeito." Mas, antes de chegarem lá, eles precisam transgredir, precisam sentir uma emoção forte, enfim, precisam de um pouco de adrenalina. "Vamos roubar um cartaz, gente!" Os três concordam e, depois do ato, vão para o tal corredor. Sentam-se, criam uma música completamente louca e vêem um de seus professores passar e comentar:
- O que vocês estão fazendo aqui essa hora?
- É aula professor.
- Tá, dois minutos.
Enfim, 14h. Mas onde está o professor? Quase todos os alunos já chegaram e nada dele. "Vamos fazer uma ata? Eu começo aqui!" Mas de nada adianta, no limite da tolerância, o professor chega e todos vão pra a aula. E vão felizes... Chore!

Uma Manchinha

É assim que me vejo:
Ruminando desejos que não podem ser alcançados ou sequer revelados.

No espelho,
vejo a imagem de uma face covarde.

No peito,
vejo o medo de se expor demais.

Nos braços,
vejo a fraqueza de quem não sabe o que quer.

Nas pernas,
vejo a falta de esforço pra se chegar onde pretende.

Nos olhos,
vejo uma alma que clama por um socorro que não existe e acaba deixando cair uma, duas, várias lágrimas.

No corpo,
vejo todos os sinais da falta de coragem e persistência.

Na pele,
vejo a palidez de uma vida sem cor e sem razão de ser.

Na roupa branca,
vejo uma manchinha verde que não sai.
Não importa como se tente tirá-la.
Ela não sai.
Jamais sairá.
Ela é a última.

Pedacinho de Mim

Um rapaz com 20 anos de idade, um caderno e um lápis: é esse o tal do Flávio. Como toda pessoa tem suas dúvidas, erra tanto, mas quando sabe que errou se arrepende de um jeito que dá pena. Tem um coração limpo, fruto de sua mania de não guardar raiva ou qualquer sentimento negativo. Mas isso não significa que ele seja um anjo, um santo ou que não passe por momentos de raiva. Ele acredita em muita coisa e, acima de tudo, tenta acreditar nele mesmo. Não consegue perceber seus talentos, se é que os tem. Também não gosta de parecer uma pessoa metida, às vezes ele até é, mas não se sente bem ou não percebe. Tenta gostar de todo mundo, ele se esforça, mas nem sempre ele consegue. Deseja muitas coisas, tem ambições, necessidades e muitas outras coisas que qualquer pessoa pode ter. Arrancar um sorriso dele é muito fácil, ao passo que é muito difícil vê-lo chorar, não que ele seja insensível, não que ele seja frio, ele apenas não consegue. Tem vezes que ele até tenta chorar pra aliviar alguma tensão, alguma coisa ruim que sente, mas é muito difícil. Ele é espontâneo e por vezes mal interpretado, mas não se importa, ele só quer ser feliz. Quer viver a vida dele, até porque é dele mesmo e não suporta que falem por ele. Pode até não mostrar muito, mas ele tem voz e algumas opiniões.

Discute com pai, mãe, só não tem irmãos pra isso. Acredita no amor e aprende, cada vez mais, a se livrar de preconceitos bobos. Seja qual for seu tipo, preconceito não cabe nas suas preocupações, ele tenta ser justo. Não gosta de fazer julgamentos prévios das pessoas, procura conhecê-las antes de ter qualquer tipo de opinião, afinal, é só conhecendo que qualquer (re)ação, seja de quem for, pode ter um fundamento. Sabe que cada um é o que é e não vê problemas em se adequar às situações. É meio louco, mas gosta de falar a verdade. Já amou demais e talvez soubesse que não devia, mas amou. E ele deixou de acreditar no amor? Nunca! Formas de amar tem várias. Gente pra amar também. Claro que nem todos da mesma forma ou com a mesma intensidade, mas amar seja quem mereça. Ele se contenta com tão pouco, talvez seja um bobo. Adora tirar fotos e dizem que ele é fotogênico, apesar de ele não se achar bonito. Ele é meio desengonçado, não é do tipo que chama a atenção. Tão magrinho… coitado! Tem vontade de ganhar doze quilos, só que não consegue.

Adora sorrisos, aqueles verdadeiros que te banham de prazer, sabe? Ele ama. Também gosta de abraços: demorados ou curtinhos, de todos os tipos e vindos de quem vierem, desde que sejam verdadeiros no momento. Ele gosta de abraço com o coração e a alma e vontade e amor (em qualquer de suas formas). Tem uma família grande que ele adora. Tem crenças que às vezes põe em dúvida, mas que são a base dele desde muito tempo. E o que é um homem sem base? Talvez seja mais cômodo continuar com elas, mas é assim que ele prefere. Adora crianças (dos outros), ele acha a coisa mais linda do mundo e fica com aquela cara de bobo-babão olhando pra elas. E quando elas riem? Ele se desmonta!

Seus amigos são todos especiais, ele ama demais cada um deles. Mesmo que haja alguns que não lembrem muito dele, ele ama, até porque já fizeram parte de muitos tempos importantes de sua vida. Os amigos são tão importantes pra ele. Sejam os de qualquer lugar: colégio, faculdade, interior até mesmo os apenas virtuais que nem por esse motivo ele gosta menos. Todos são muito importantes e representam muito pra ele. São força, são paz, são companheirismo, são muitos dos amores de sua vida. Ele se sente só às vezes, mas não que ele seja só, é que são sentimentos, sensações que ele não consegue explicar. Ele ri de pessoas, assiste a novelas, adora ver cenas fortes (fortes lê-se de barraco), tenta ser simpático e ter bom humor sempre.

As músicas que ouve são das mais variadas, ouve de tudo esse menino... E gosta! Ah, ele odeia ter que fazer a barba, mas, enfim, é o jeito. Gosta muito de ler, e quando está empolgado não consegue fazer mais nada por conta da vontade de terminar. Também assiste a filmes, de todos os tipos, e quando não gosta, definitivamente, não gosta! Inclusive, ele ri muito dos filmes que não gosta, ou de qualquer um. Sempre arruma um motivo pra rir. Medo dele. Não gosta de brigar, nem discutir, fica um clima muito chato e ele se sente mal. O mesmo que ele sente quando trata alguém mal, ele não gosta e procura respeitar ao máximo. Às vezes fica pensativo e cabisbaixo e as pessoas acham estranho, mas ele precisa desses momentos. Não agüenta que joguem lixo no chão, tem agonia. O mesmo que sente quando vê uma pochete. Cria personagens e escreve textos que o refletem, ou não. Ele peca sim, mas tem o coraçãozinho puro até onde dá, não precisa de fogueira. As coisas mais simples o fazem feliz e ele busca sempre mais e mais felicidade. Flávio é isso: alegria, erro, tentativa de melhorar, é simplesmente ele e quer viver a sua vida sem ninguém pra dar pitacos. Até porque a vida é dele e de mais ninguém.

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