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Autodescrição

Quando as manhãs tornam-se mudas
e as noites sem sossego,
reclama um coração aos prantos mais exagerados
e ouvidos por ninguém.
É o grito mais silencioso e, por essa razão, mais dolorido.

Ao olhar para o próprio interior encontra o maior vazio
e o mais impuro e desmerecedor espaço para se acolher.
Sente-se isolado e não amado, não querido, não merecedor do que se considera bom.

Por não merecer amor,
não se pensa em merecer felicidade.
Complicado e pleno em insegurança autodestrutiva vai esperando
e esperando na sua sombria introspecção um retorno, um sorriso.
Sonhando com ser diferente, sabendo que é isso o que é e que pode melhorar, mas não mudar.
Remoendo solidão e merecimento de solidão
como se fosse normal não poder usufruir felicidade.

Exagerado por vezes,
perdido por outras
e impulsivo em palavras idiotas.

Desnecessário, verdadeiro além do que se espera
e transparente além dos limites conhecidos.
Não guarda, reflete.
Seja amor, seja medo, seja desejo, seja coração.
Seja necessário ou não.

Ama, pensa, não esquece, sonha,
quer mudar, quer se mudar,
quer viver o que acha que deve, mas o que imagina não merecer.
Há alguém assim, que se acha de menos, preso numas bolhas de reflexão,
esquecido de tudo e de todos - quando todos quer dizer apenas um.
Quando um lhe significa todos.

Quando Chove

Quando chove a sensação que passa é de que as tristezas, decepções e sentimentos de reflexão - mas não necessariamente ruins - se acentuam. Não sei medir o que é melhor ou o que mais tem peso nesses momentos e nessas horas de sono que perco por razão das reflexões. Quem é capaz de medir seja lá o que for, quando se trata de sentimento na realidade? Não posso medir os meus, quanto mais os de outra pessoa que importa. Quem se importa?

Quando chove a reviravolta de sensações é muito mais intensa, não pelo frio que aumenta, não pela vontade de se esconder nas cobertas e de ficar todo o tempo sem fazer absolutamente nada. Na realidade, isso fica mais intenso pelo fato de não muita distração, de ficar meio que preso. Claro que a maioria tem medo ou não quer parecer bobo, mas não é pecado entrar na chuva. Não é pecado abrir a porta e se atrever na chuva, se distrair e esquecer as reflexões. Pra que sombrinhas, guarda-chuvas ou quaisquer outros apetrechos que te impedem de sentir a bênção e fechar os olhos pra os pensamentos, nesses momentos em que eles são especialmente mais e mais recorrentes.

Quando chove sou adepto dos banhos de chuva, de esquecer que as pessoas te acham um louco no meio da rua, sem destino, sem vergonha, sem juízo. Enquanto pensam, nós que nos atrevemos e nos deixamos molhar, sabemos que somos apenas sem preocupação, sem muitos pensamentos pesados e angustiantes, sem peso nas costas, sem peso no respirar. E a sensação de ser livre - não para os errados fins - é tão impulsionadora, tão revigorante que não deixo que os juízes da vida alheia tirem de mim. As minhas vontades e verdades são bem guardadas apesar de tudo e a minha vida, a minha liberdade ou seja lá o que faça parte de mim pode ser libertado, pode ser experimentado sem medo. Viver é risco e quem está na chuva deve se molhar, acreditar e até se libertar de si mesmo, porque a vivência disso pode nos levar a um paraíso sem arrependimentos.

Quem sonha em ser,
deve deixar-se, mas não abandonar-se.
Resgatar o que tem de melhor ao fechar dos olhos
e viver da melhor forma que se puder ao abri-los.
Quando chove somos convidados,
refletir ou se permitir?

Suficiente

Felicidade é ter tanto pra dizer que as palavras faltam.
Felicidade é ter o peito pulando e o coração batendo tão forte que a gente bambeia.
Procurar e encontrar.
Sorrir e ser correspondido.
Abraçar e sentir conforto.
Beijar e sentir o pra sempre.

Felicidade não é encontrar o que todo mundo procura,
mas o que é necessário e suficiente.

Se sou feliz com apenas isso.
És meu necessário e suficiente.
Significa que te amo.

Despedidas

Nas minhas mãos trêmulas e ensanguentadas pulsa o meu frágil coração. Corro pelas ruas com medo que o roubem, esmaguem ou retalhem. Olho para o céu e não enxergo as pessoas pasmas que me olham como se me reprovassem ou me sentissem pena. Escondo quando esbarro e, no desespero, olho para todos os lados. Corro, corro. Paro um minuto com medo de que ele em minhas mãos não pulse mais. Observo, alivio e volto a correr. Estou vivo. Avisto aquela multidão, desespero e busco as minhas possibilidades, meus desvios. Encontro com sufoco uma maneira de respirar e passar pelas pessoas. O sinal fecha, eu paro, eu choro, eu estou perdendo meu norte, meus sinais de vida, eu estou perdendo você. O sinal volta a abrir, tenho medo, por um instante paraliso. Inércia. Sofro por não te ver, não te enxergo, te procuro, meus olhos sofrem, me aproximo, te percebo. Corro mais uma vez. Caio de joelhos em teus pés e com as mãos ainda trêmulas, eu te entrego o coração que arranquei por não saber mais como tomar conta dele sozinho.
Teu beijo me diz tudo e depois nada me dizes tu. Te vejo entrar no carro do qual te fiz sair. Sigo tua imagem com os olhos pesados, cheios de lágrimas e esperanças agora vazias até o instante em que desapareces na esquina. As pessoas passam e me olham como se eu não estivesse ali. Humilhado, jogado e perdido no meio de uma multidão que parece feita sem sentimento. Levanto, recolho meu coração junto com a esperança e ponho de volta no lugar, na certeza de que não terei forças de viver sequer um dia mais.

Carta Para o Amor

Não tenho muita idade, mas posso dizer que, na minha vida, já aprendi de um tudo. Não só dizer, mas afirmar. Aprendi a respeitar e pensar antes de agir de determinadas maneiras. Aprendi que os dias passam e que o tempo é o pior remédio que alguém precisa tomar. Além disso, descobri o que é certo e o que é errado e que o meu certo pode ser o teu errado. Aprendi que a solidão machuca e a indiferença ainda mais. Aprendi a conhecer, admirar e acreditar nas pessoas. Nos casos errados, aprendi a desconfiar e ter cuidado delas.
Algumas vezes a ganhar, outras a perder, outras a não querer jogar. Aprendi o valor e um bem que um amigo pode ter e ser/fazer. Que seus corações são maiores que o mundo e que eles acreditam em cada sonho seu. Com um tanto de medo, aprendi a amar, coisa que eu pensava não merecer ou ser impossível nos dias de hoje. Acontece que o impossível muitas vezes bate na sua porta, antes que o mais possível aconteça.
Aprendi você. Todas as suas maneiras e manias. Aprendi a não te chatear, a não te deixar e a te deixar ir quando fosse preciso - o que na realidade pra mim é mais que difícil de aceitar. Aprendi a me preocupar com você, a não querer os males e os outros por perto. Acontece que para mim, isso tudo não é suficiente, eu me frustro, eu choro, mas é você que eu quero aprender todo dia, cada vez mais e com mais amor.
Faço planos que talvez não devesse, mas eu não sei sonhar sem você, não sei ser um pedaço de gente que não se importa, que não se mexe, que não deseja e eu desejo. Muitos dos dias as dúvidas chegam, me atormentam, me tiram a paciência e eu choro escondido na madrugada silenciosa do meu quarto agora colorido dos meus devaneios com você.
Podem considerar loucos os meus anseios, até os meus medos são devastados, ou me devastam, mas no final das contas os meus sonhos e objetivos só querem ser você, só querem ser nós dois. E mais uma vez, duas ou três, sou tido como louco, mas a canção é clara quando diz que "mais louco é quem me diz, e não é feliz". Não sei se por você ou apenas por mim mesmo, mas eu sou feliz. Quisera eu às vezes não me sentir como um louco dependente, um alguém desajeitado de tanto sentir, de tanto querer sem poder. Quisera eu estar junto em cada passo. Sonho com o dia que você sabe. Sonho todos os dias e espero incansavelmente. E quando acontecer de esse dia e todos os seguintes chegarem, quero estar em você e mostrar tudo que guardo, com todo amor que você merece.

Conclusão

A chuva desaba do lado de fora de uma janela, mais uma vez. E as lágrimas que caem do seu rosto não são de alegria. Podem ser tristeza prematura, podem ser um amor perdido ou simplesmente um tempo para o qual seus planos não estavam preparados.
Passeando os olhos por fora daquele quarto, pensou que ele poderia chegar, se arriscar no meio da forte chuva e gritar o amor que sentia, mas ele não o fez. Amanheceu, o sol veio clareando não só o dia, mas os passos, o interior e os vislumbres de um amor próprio. Ele não apareceu e nem se expôs por algum tempo, mas em seu coração não havia arrependimento por tanto demonstrar amor.
Tive pena daqueles olhos que desabavam como as fortes chuvas devastadoras. Mas eu podia sentir que seus sentimentos poderiam mudar a qualquer momento. E mais um dia veio chuva, vieram lembranças e se foram os sonhos. E caminhando pelas ruas, encharcando os pedidos de desculpa, sentou-se num banco, chorou e não se esforçou pra secar as lágrimas. Vi quando a chuva parou por uns instante e se levantou, correu um pouco e logo parou em frente à casa dele. Tocou a porta, mas não teve coragem de bater. Ficou assim por alguns breves minutos, sentiu-se impotente, desinteressante e nem um pouco bem. Confundiu as coisas, as pessoas, os nomes e voltou para seu quarto, onde chorou até amanhecer.
Mas, por alguma razão, para ela o dia não amanheceu.

Melhoras

Não vou derramar palavras ásperas pra depois arrepender.
Vou sofrer caladinho no meu cantinho.
E chorar por cada minuto que você desperdiça não estando comigo.
Sim, eu sofro meus momentos e meus erros.
Eu não insisto quando não estou sendo querido.
Mas um perdão cabe nas entrelinhas.
Estou bem, mas poderia estar melhor.

Solidão é um estado de sentir-se só.
É um medo incontrolável de perder
e de se perder.
É o temor de não encontrar amor na vida.
Ou de sentir que o encontrado começa a falhar.
É um tiquinho de falta e de isolamento
seja de propósito ou não
que chateia os arredores.

É o fato de não sentir ter realizado
que leva a uma não realização de seja o que for.

Quando a noite vem,
se reflete, se imagina, se frustra, se chora.
E se perde nos pensamentos de uma solidão indesejada.
De um pedaço de esperança que não consegue mais segurar.

A metade construída pode ser fraca.
A solidão impede enxergar as possibilidades.
Coragem é deixar-se desmoronar e reconstruir-se forte finalmente.

A solidão é se trancar por querer ou por não saber
e pensar que aquela fresta de luz é todo sol que lhe cabe.

Deixar-se desmoronar é abrir espaço ao verdadeiro sol
e recontruir-se é se dar uma chance.
A felicidade é a consequencia.

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