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A pena não está se valendo.
Já vivi de nada por nada.
De tudo por nada.
E o que me restou sempre foi o nada.
Pra ele me acostumei a viver.

Não sei se são escolhas erradas,
ou se são as faltas de ânimo.
Só sei que não quero sentir de mim mesmo
a pena que não se vale.

Quando as diferenças vão se tornando muito iguais,
sei que algo está errado
e que a inércia vai continuar a consumir,
até alcançar a totalidade.

Deixa minha cabeça encostar,
deixa eu pensar e encontrar uma verdade,
porque o sentimento de hoje não me ajuda
a enxergar nada além do nada
para o qual sempre vivi.

Conselho de um velho apaixonado

Carlos Drummond de Andrade




Quando encontrar alguém e esse alguém fizer
seu coração parar de funcionar por alguns segundos,
preste atenção: pode ser a pessoa
mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento,
houver o mesmo brilho intenso entre eles,
fique alerta: pode ser a pessoa que você está
esperando desde o dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo
for apaixonante, e os olhos se encherem
d'água neste momento, perceba:
existe algo mágico entre vocês.

Se o 1º e o último pensamento do seu dia
for essa pessoa, se a vontade de ficar
juntos chegar a apertar o coração, agradeça:
Algo do céu te mandou
um presente divino : O AMOR.

Se um dia tiverem que pedir perdão um
ao outro por algum motivo e, em troca,
receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos
e os gestos valerem mais que mil palavras,
entregue-se: vocês foram feitos um para o outro.

Se por algum motivo você estiver triste,
se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa
sofrer o seu sofrimento, chorar as suas
lágrimas e enxugá-las com ternura, que
coisa maravilhosa: você poderá contar
com ela em qualquer momento de sua vida.

Se você conseguir, em pensamento, sentir
o cheiro da pessoa como
se ela estivesse ali do seu lado...

Se você achar a pessoa maravilhosamente linda,
mesmo ela estando de pijamas velhos,
chinelos de dedo e cabelos emaranhados...


Se você não consegue trabalhar direito o dia todo,
ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...

Se você não consegue imaginar, de maneira
nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver a outra
envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção
que vai continuar sendo louco por ela...

Se você preferir fechar os olhos, antes de ver
a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes
na vida poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.

Às vezes encontram e, por não prestarem atenção
nesses sinais, deixam o amor passar,
sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.

É o livre-arbítrio. Por isso, preste atenção nos sinais.
Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem
cego para a melhor coisa da vida: o AMOR !!!

Cris

Cris: moça morena de beleza indiscutível e de desejos inimagináveis, era como a conheciam. Todos os dias sentava-se naquela praça pra relaxar, pra respirar um pouco por dez ou quinze minutos e chamava a atenção de vários homens, uns mais afoitos que outros. Costumava sair com sua amiga ruiva Aline a bares, restaurantes e confidenciava tudo ou quase tudo a ela. Era daquelas amizades verdadeiras e bonitas que dava gosto de se ver. Cris trabalhava muito, era advogada e não suportava injustiças.
Todos os dias, logo após acordar, lavava e enxugava o rosto, antes de escovar os dentes. Mas isso era só uma mania boba, uma dentre tantas outras que não vale a pena citar. Pelo menos não agora. Estava sempre com seu celular moderníssimo checando seus perfis no facebook e twitter. Há um mês excluiu a conta no orkut, mas já estava pensando em voltar. Vivia de impulsos e repulsas. Era como se suas ações pudessem ser as últimas na vida e ela não queria perder tempo fazendo coisas que não gostasse ou desistindo de fazer o que tinha vontade. Tão certo que uma vez teve febre altíssima, mas não cancelou sua viagem a Fortaleza e deu um jeito de curar sua "bobagem de doença" - como ela mesma disse - já na cidade.
Acreditava em Deus, amava poemas e escrevia alguns às escondidas: outra de suas manias. Não tinha mais parentes desde os 22 anos de idade, quando perdeu sua mãe. Hoje, aos 34 pensava em filhos, mas não queria admitir. Uma vez comprou uma roupinha de bebê rosa, foi pra casa e se trancou em seu quarto. Chorou tanto que resolveu parar logo que começou a sentir pena de si mesma. Cris tinha medo de parecer fraca.
Um dia comum de sexta-feira chamou Aline e saíram juntas para um bar. Era um dia tão comum para as duas que a bala que atingiu o peito de Cris jamais era esperada. Ela não era fraca, ela quis reagir. Aline não conseguia acreditar, telefonou, correu, chorou, gritou, socorreu, ajudou, mas nada fez com que Cris ficasse, ela simplesmente se foi. Aline não tinha forças pra procurar culpados. Foi pra casa de Cris, abraçou o travesseiro dela, sentiu saudade a cada lágrima que caia. E cada uma delas só fazia essa saudade crescer e crescer. Adormeceu.
No outro dia, percebeu uma foto das duas na cabeceira de Cris. Sorriu como se não pudesse, mas sorriu. Sabia que a amiga a estimava demais. Começou a olhar as gavetas e encontrou uma pasta cheia de folhas soltas: eram os poemas de Cris. Riu de um deles, achou muito brega. Continuou lendo e descobriu que eles se completavam e que pareciam intencionar um livro. Pensou que a amiga quisesse publicar, mas não se importou. Guardou aquela pasta e pegou a outra que estava embaixo, com a etiqueta "Ela".
Começou a ler poemas apaixonados, muitos deles inclusive ela achou que eram muito bons. Uns mostravam falta de coragem, outros muito amor e tudo fez sentido, quando ela pegou um dos poemas, que estava inacabado e leu em meio às mais doloridas lágrimas:

"Sua pele parece avermelhada como seu cabelo.
Seu sorriso me faz mais feliz e menos quieta.
Nada que eu possa dizer, definiria o que sinto.

Tenho medo de sua reação, de seu afastamento.
É como se eu fosse me perder a cada instante.
É como se eu não soubesse o que fazer a todo momento.

Tenho dúvida,
as palavras vão, mas voltam com consequências
e não sei se suportaria a negação desse sentimento.

Guardo sua amizade, como prova do nosso amor,
que não é todo o que desejo, mas é todo o que posso ter.

Deixo minhas palavras presas me machucarem pra não de perder.
Só queria saber de tuas palavras e de teus sentimentos.
(continuar)"

Aline não sabia o que fazer, mas pegou esse poema e sabia que era destinado a ela, pois o título era o seu nome. Guardou o papel na bolsa e foi ao momento de despedida. Depois de homenagens de outros amigos, Aline não conseguia falar. Pediu que todos se afastassem e colocou nas mãos de Cris o papel, o poema, aquelas palavras e todo o sentimento. Ficou uns instantes sozinha e leu para a amiga o fim do poema que ela desajeitadamente escreveu.

"Deixo minhas palavras presas me machucarem pra não de perder.
Só queria saber de tuas palavras e de teus sentimentos.

Somos hoje separadas, estamos em prantos e desesperos.
Não sei de palavras como tu,
mas sei de meu sentir
que por ti é, será e sempre foi completo.

Teus medos, sempre foram meus medos
e eles juntos nos impediram de toda uma vida juntas.
Teu amor por mim será meu sempre amor por ti.
Como sempre deveria ter sido.
Com amor, tua ruiva."

As lágrimas vieram e se foram, mas os sentimentos permaneceram entre elas para sempre.

Livre

Se me fazes assim,
assim vivo os presentes e jamais outros tempos.

Aquelas recordações,
aquelas imagens e outras memórias
fazem parte de um tempo que valeu viver.
Mas de um tempo que funciona bem
só como memórias.
Reviver nem sempre é bom.

Mas não tome isso como regra:
é isso que te faz livre.

Aquelas anotações,
aqueles desejos e outros pensamentos
fazem parte de um tempo que ainda não chegou.
De um tempo que precisa estar,
para acontecer.
Antecipar-se nem sempre é bom.

Mas não tome isso como regra:
é isso que te faz livre.

Tudo pode acontecer
na primeira vez que os olhares cruzarem.
Um medo pode ficar,
calafrios, sorrisos ou alívios,
até um amor pode nascer.

Quando o silêncio parece absoluto,
os olhos podem falar
até mais do que se imagina.
Os olhos podem dizer
aonde ir, onde ficar, o que fazer.

Quando existe tensão nos olhares,
não se acaba ao fechá-los.
Os olhos parecem querer buscar,
os olhos são curiosos e ousados.
Procuram, caçam e podem se esconder.

Meus olhos podem não crer,
podem parecer despreparados,
despreocupados e vagos.
Mas só eu sei o que meu olhos querem
e o que meus olhos podem suportar.

No íntimo de um olhar,
tudo também pode acontecer,
pois isso não é revelado,
mas também não é ocultado.
É uma deliciosa confusão: o mistério.

Quando os olhos querem se mostrar,
eles sabem a quem ou a quê.
Eles não precisam de grandes esforços,
nem de terceiros, nem de influências.
Os olhos são seguros de si.

São firmes se o desejo está certo.
Mas podem desviar, lacrimejar,
ou encher de brilho e iluminação.
Brilho que por consequência,
não permanece num ponto, espalha-se.

Quando os olhos brilham, é fácil saber,
mas não se sabe de onde podem vir,
as razões de tal efusividade.
Meus olhos hoje brilham de tanto querer,
meu coração brilha por saber que é certo.

Se meus defeitos são grandes, são tão meus
que meus olhos podem esconder do mundo,
mas de você não consigo.
Quero que me conheça de todas as formas,
assim como quero eu também quero de você.

Aos meus pesares, por ora sem alvo,
um soluço, um engasgo, pretensões.
Aos meus desejos, um tanto de adição.
Aos meus sonhos, menos significados.
E, aos meus olhos, os teus.

Crença

Por alguma razão, você esqueceu de mim.
Sem acreditar, eu pedi que você ficasse.
Em vão foram as palavras, em vão tudo que se viveu.

Quando seus olhos se fecharam,
percebi um princípio de choro.
Então por que me deixar,
se claramente você prefere ficar?

Não deixe que suas necessidades
confundam seus sentimentos
e te deixem turvo e desacreditável.
Acredita em mim.

Tenho fé em nós.
E por mais que você invente resistência,
vai voltar pro meu abraço,
pro meu lado,
pra ser o meu amor
e vai desafogar tudo isso que hoje me sufoca.

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