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Coragem

Queria ter coragem de te contar todos meus segredos e sentimentos. Esperava te pegar pela mão e te sentar em qualquer lugar bonito. Quem sabe algo de verde? Mas algum lugar bonito. Esperava te olhar nos olhos, dizer "te amo", dizer "não consigo sem você", dizer tudo que entala, tudo que fica preso na vergonha e no medo de se expor. Queria ter coragem de pegar tua mão em frente a tantos, de te beijar e dizer as importâncias, de fechar os olhos e ir sentindo tudo tornando-se real. Se possível, arrepiar.
Aos fins de cada elogio, ser premiado com um sorriso. Ser abraçado com força, com tanta força que chegue a cair. Sei lá. Às vezes chegam vontades estranhas. Na vergonha de te aproximar e ir falando tudo, vou perdendo espaço.
Pra vencer os obstáculos, nada custa escrever no lugar de contar. Muitas palavras desconexas do tanto que há pra dizer. Aquelas palavras tentando fazer bonito nos papéis de carta antigos. Cada palavra, um desejo. Em cada palavra o peso da inexistência eterna de um amor que sinceramente não pode e nem deve acontecer.

Dos Beijos e "Nãos"

Quantos beijos são precisos para o amor?
Quantos "nãos" são suportáveis até o sim?

Corre pelo corpo a gota de suor gerada de medo
e expectativa.
Vem os serás, as dúvidas, os pensamentos,
uns esboços de planos que logo se acabam.
E os beijos.

Acabam como se nada fosse significado.
E voltam, surgem.
Repetem-se entre palavras.

Cuidado com as palavras.
Como confiar nelas?
Como saber?

Para o real amor, não precisamos contar beijos.
Ele acontece até mesmo sem eles.
E qualquer não é suportável e esquecido,
quando o sim vale a pena.

Pra Fazer Acontecer

Quantas vezes o não fazer aparenta mais fácil? Quantas vezes o "deixa acontecer" parece ser a melhor solução? Seriam essas, desculpas preguiçosas? Talvez seja o melhor. Ou talvez seja apenas um medo, ou uma preguiça falando mais alto. 
Tento acreditar que as vontades impulsionam nossas ações e a partir daí começam a surgir resultados. É a partir das vontades que posso ter vontade de realizar. Então, sem conselhos para dar, fico com as minhas preferências de "fazer acontecer". Ou ao menos tentar, porque nem sempre é tão fácil. Mas esforço é algo que conta. É algo que chama uma certa atenção e talvez até dê um certo charme. 
O que está no limite entre o "deixar acontecer" e o "fazer acontecer"? Provavelmente são as nossas vontades fracas ou não. Por que razão eu "deixaria acontecer" uma coisa que eu realmente desejo? Não parece muito prudente permitir que essa coisa escape das mãos, que isso se transforme em algo que pode se perder mais pra frente. E por qual razão eu me esforçaria demais para conseguir algo que não está entre as minhas prioridades e que talvez eu nem fosse gostar que se tornasse uma realidade?
Minha preguiça não é "apenas preguiça", talvez seja minha forma de dizer que aquilo não interessa para mim. Talvez seja minha forma de permitir que aquilo possa acontecer pra outras pessoas e que essas outras pessoas arquem com as consequências do despreparo. Afinal, muitas vezes temos que passar pelas experiências para poder ver que aquilo não era bem o que gostaríamos, o que não quer dizer que não possamos encontrar pérolas em meio a alguns esforços mais arrastados e pesados. E quando isso acontece, tudo passa a valer a pena e diferentemente nos faz acreditar mais. É uma questão apenas de "fazer acontecer" o que estava premeditado para se "deixar acontecer". 
É apenas uma questão a se pensar: às vezes é bom sair de uma rota já traçada e se deixar surpreender pelas maravilhas que podem estar do lado de fora do caminho correto.

De Aprender

Aprendi que teus desejos de suicídio apenas são apelos por atenção.

E dessa atenção exclusiva,
desse tudo ser teu me afasto.
E procuro esquecer que um dia perdi as sensações verdadeiras, 
por culpa tua, 
por teus propósitos,
por tudo que quisestes e fizestes.

Deixarei que minhas mágoas aos poucos se acabem,
que se satisfaçam por elas próprias
e que permitam os esperados alívios.

Aprendi que teus dramas apenas eram fingimentos do teu fingido ser.
E deles tirei lições e valiosos aprendizados:
posso até errar outra vez e, por mais que queira,
jamais me permitirei duplicar meus equívocos.

É normal pedir que cada parte faça a sua
e que o tempo passe
e que tudo se encaminhe
e que as vidas voltem ao seu normal,
assim como os sentimentos.

Tanto Faz

Tanto faz se o que ouço de você é nada.
Tanto faz se você tudo fala sobre mim.
Tanto faz se pensa,
Tanto faz se me sonha.

Tanto faz se você me deseja perto,
se suas palavras não saem.
Tanto faz se faço parte de seus sonhos,
se você não os conta pra mim.

Tanto faz se me tem amor,
tanto faz se me tem carinho e apreço,
se são apenas sentimentos guardados num cofre.

Tanto faz se você pensa em mim,
tanto faz se você nunca me esqueceria,
se me ver aos prantos te amando e não toma uma atitude.

Tanto faz se você é aquele que veio dos céus para mim,
se suas palavras são falhas e mudas.

Tanto faz se é você ou se sou eu,
se a chance do nós cala em seus pensamentos.

Tanto faz se é pra mim,
tanto faz se é tudo ou nada,
tanto faz cada sentimento,
tanto faz um beijo desejado,
tanto faz um coração que acelera,
tanto faz tudo que sinta por mim,
se cada sensação é reprimida pelo seu medo,
se você é apenas hesitação,
se você não deixa mostrar tudo que há por dentro.

Tanto faz teu amor,
se te falta coragem.

Tanto faz.

Dos Cansaços

Cansei das dores que doem e redoem depois de não mais razão.
Cansei de sentir que o vazio não vai embora de mim, que nada me faz esquecer.
Cansei da raiva e do desgosto desmedido, incomensurável e que apenas cresce.
Cansei de tudo de bom que aconteceu, de tudo que me lembra um sorriso.
Cansei de chorar, de lamentar, de fingir aquele ok.
Cansei de não ter definições.
Cansei de estar girando por todos os lugares como se nada mais me pudesse fixar.
Cansei de tentar focar em tudo que não completa.
Cansei de transferir as energias que deveriam ser poupadas.
Cansei de sentir esse cheiro imaginário, essa vontade de frente a frente.
Cansei de ser o que eu não sou ou o que não quero ser.
Cansei de me renegar, da humilhação e da zombaria.
Cansei de ser alvo, de ser culpa, de ser o motivo.
Cansei de esperar que as coisas se ajeitem finalmente.
Cansei de fingir que posso respirar.
Cansei desse eu que nunca foi assim.
Cansei e como cansado não quero abrir os olhos.
Quero mais cinco minutos.
Desliguem esse despertador,
porque a hora parecia chegada mas essa doença não apartou.
E eu cansei.
Apenas cansei.

Apenas Eu

Não me venha com seu falso bom dia. Com a vergonha de ter a obrigação de fazê-lo. Você simplesmente não a tem. Não force. Guarde suas palavras, seus desejos e toda sua verdade, não pra quem a mereça, mas pra quem você a queira dar.
É simples, é prático e evita tanto constrangimento.
Se não me ama, não se sinta na obrigação.
Se não queres, atenda aos teus desejos.
Se não vai ficar, não ofereça atenção.

Não me venha com aquela simpatia de quem deseja.
Não me diga que você quer.
Não me assombre com as memórias das quais você mesmo tirou os sentidos.
Não me olhe, não me abrace, não me beije, não me deixa saber que me deseja.
Não me faça cair outra vez.
Não me faça desistir de mim. Os merecimentos não são mais seus. Ou de qualquer outro.
Não me queira por perto.
Não me ponha em seus pensamentos.
Não me guarde em lembranças.
Não quero sofrer por saber que há motivos para tudo acontecer outra vez.
Não me guarde. Não me sinta. Não deseje. Deixe-me ir.

Sem mais palavras. Sem pedidos. Sem olhares.

Saber que chorei, sofri e me derramei em sentimentos.
Saber que valeram a pena porque acabaram pra sempre.
Saber que tudo que sinto vai embora em cada lágrima.



Não me diga que ainda sou parte.
Faça com que eu chore.
Faça com que eu sofra.
Faça com que eu não queira mais.
Faça com que eu tema.
Faça com que eu desista.
Não me leve para seu coração.
Não me cante músicas românticas ao ouvido.
Não me faça sentir bem ao seu lado.


Quero sentir todo o desprazer de estar com você, porque minha fraqueza me faria gostar de sofrer tudo outra vez.

Minha fraqueza não vale a pena.
Faça com que eu te odeie, porque o amor que está guardado sobreviveria por toda vida, mas não vale a pena ser vivido.
Quero ser apenas eu. Sozinho. Sem oportudidades de chorar por culpa que não seja minha.

Questionamento

Amor faz perder,
cegar do fato que é preciso desprender.

Amor faz emudecer,
ceder e esperar pelo que nem sempre vem.
Amor faz enlouquecer,
e acreditar uma posse que não existe.
Amor faz enciumar
e desconfiar, não por mal, mas pelo próprio bem.

Quando tudo junto, torna-se peso e um não querer passar
e um não querer viver, é que o amor fere.
É que o amor apenas reclama e traz maus bocados como se diz.
Há pesos, cruzes e nenhuma medida correta.

Quando o amor machuca,
Quando o amor acaba,
nada mais parece querer fazer sentido.

Os conselhos de se esforçar pra não amar
parecem hoje fazer mais sentido.
Diante de tanto desprazer
os laços enfraquecem,
o amor se perde e
os milhões de questionamentos reduzem para apenas um.

No fim das contas, o que é o verdadeiro amor?


Ontem e Hoje

Ontem

Pareciam duas pessoas que não queriam terminar.
Tanto choro naqueles olhares.
E eles não queriam se apartar.

Era desejo que começava de um lado,
por desejos que não acabaram de ambos.

Era um "não creio", um "não vai",
um "você pode se arrepender"

Pensando tanto em condições e em sofrer,
dei as costas e caminhei para longe.
Corri, entrei, bati, deitei, chorei e dormi.

Hoje

Desato os laços que me prediam a você,
já desbotados de tantas lágrimas derramadas.

Parece que o vazio é maior e aparentemente
eu não sinto minhas pernas, só o pesar.
Só o pesado coração que bate por comodidade.
Por inércia e talvez por querer que eu viva outra vez.

Um Desejo

As necessidades são enormes

e tudo que se faz, não se transforma.
Os desejos são exagerados, são precisos.

Alguns preciosos,
outros de desconfigurações.

As dualidades tomam conta,
uns se vão
e surge um único desejo:
vários lápis de cor e um livro de colorir,
apenas.

'Eu' e 'Você'

E se vai aquela chance de um tanto de prazer.
E se perde um pouco das vontades anteriores.
E se aborrece com o agir do outro.

Reclama das paredes, das tomadas de uma casa
que abriga desde sempre por não ter do que falar.

O que acontece reflete complicações e necessidades.
Não necessariamente má vontade e vingança.

Pensando um pouco mais, entende.
Só que uma coisa leva aos absurdos,
se diz portar sinceridade,
mas ignora falas e desejos.
Se diz verdade a todo custo,
mas aparenta não perceber quando não o é.

Cada um é um pedaço de si próprio,
até que sua plenitude seja percebida
e tudo comece a ser vivido no total.

Uma barreira enorme separa um eu de um você.
Não existem eu e você como um.
Existe um eu e um você.
Pode existir um eu e você, mas repleto de individualidades.
Pensando bem,
o que existe no fim de tudo é o 'eu',
porque o 'você' é apenas um interesse de satisfazer esse 'eu'.
E, depois de alcançada a satifação,
'eu' e 'você' somos apenas pronomes.

Carne

Fazes o que queres
de tudo que se aproxima.
Pensas que o corpo,
que a carne é apenas carne.
Acreditas que meu coração puro
é um portal de amor que não se acaba.
Continuas usando de carnes alheias a mim
e provocando meus sentidos e esquecendo meus sentimentos.
Cobras de mim toda pureza desse amor no coração,
mas tuas bobagens não me fazem cego.
Conheço cada passo teu e te digo:
não me magoe,
o coração também é de carne e,
por mais sentimento que o deixe brilhar em pureza,
sua base é carne,
e, por consequência, fraca.

Meu Ser Incompleto

Às vezes eu chego a pensar que não sei o que eu quero,

porque poderia simplesmente me livrar do corpo
e dos sofrimentos pouco a pouco com o tempo.

Depois de refletir, rever e repensar incessantemente, descubro.

Eu sei o que eu quero,
sei tanto que não me desapego do corpo pelo simples fato de saber que,
caso isso aconteça,
terei que pouco a pouco me desfazer dos sofrimentos e,
quando esse tempo finalmente acabar,
é o fim.
E isso eu não quero.

Eu posso me chamar de idiota,
por ser um, por fingir ser um, por querer ser um.
No final das contas,
todo sou de idiota por um amor que faz a minha felicidade completa,
mesmo vindo incompleto.

Das Feridas

Parei com a raiva de não poder controlar as vontades de teu coração.
Parei com o medo de cada aproximação e de cada palavra trocada
fora de mim.
Esqueci o que me movia lá pras bandas de teus sentimentos
e aprendi que eu só posso fazer o que eu posso fazer.

Se há forças maiores que ti,
que elas te façam feliz,
pois a sensação é que eu não posso mais.
Se há motivos de um sorriso de verdade nos teus lábios,
independe qual seja,
se é o que te faz bem.

Quando as portas estiverem fechadas,
não penses que estarei atrás delas chorando,
porque sei que isso vai te fazer mal.
E tudo que quero é o que te faz o bem.

Quando as letras estiverem borradas,
quando os soluços estiverem altos
e quando o amor estiver aparentemente no fim,
não penses que não amo mais,
não me imagines em prantos,
isso não te fará feliz.

Quando tudo for indício do fim,
não penses que não morreria por ti.
Apenas seja feliz
e me deixe cuidar de cada uma dessas feridas
que nunca se fecharão
e que nunca me deixarão te esquecer.

Tristeza

Tristeza bonita de se ver.
São palavras carregadas de sentimento ruim de beleza única.
São pontos contraditórios que traduzem o mais íntimo de um sentimento.

No fundo, a alegria tem uns toques de tristeza.
É aquele sentimento que nos tira as lágrimas após um apagar de luzes
e um abraço no travesseiro.
É aquele sofrimento abafado pelo abrir de um chuveiro.
É aquele enfraquecer ligeiramente camuflado por um sorriso em transparente.

Quando me ponho de canetas e papéis,
surgem os sentimentos angustiantes repetidas vezes
como se não fossem parar
como se não fossem sair
como se não quisessem abandonar
como se não fossem sair
como se não fossem parar.

Os sentimentos a serem contados sofrem,
clamam e se debulham em poucas ou nenhumas alegrias.
Terminam com os restos de nós,
com os poucos que vão ficando das reflexões de cada dia,
com os nadas que nos restam depois de cada fim.

O sofrimento é impossível de se mensurar,
mas o belo sentimento fica,
como se fosse tudo bom,
como se valesse sofrer para estar em incrível beleza nas palavras dos poetas.

Limites

Quero ser o ponto mais alto de teus desejos.
Teus motivos de querer.
Tuas forças pra seguir.
Teu tudo.

Quero ser o que não sou
e acreditar que basto,
porque às vezes sinto como se
não mais.

Quero fazer o máximo,
quero ser o que gostaria
e prender o bem que você me faz
até que me machuque o suficiente
pra eu não conseguir mais suportar
e deixar que você vá (de mim).

Se eu fosse rico
e tudo pudesse comprar,
faria uma redução de sentimentos.

Em clínica reconhecida,
ou num fundo de quintal clandestino,
livraria todo meu apego,
tudo que me faz depender,
estaria leve,
levado pelos ventos
como o lenço de Tieta.

À espera de uma felicidade qualquer,
de qualquer felicidade que dependesse apenas de mim
e que fosse aparentemente eterna
como essas de fim de novela.

Quando Quero

Quando quero,
se não queres,
torço para não querer mais.

Se o querer continua,
tento desmanchar-me em ocupação
e em pensamentos que não me levam
de onde nunca saí.
Acredito que por não querer.

Quando quero,
se não queres,
imagino o que te faria voltar.

E se não voltas,
tento não desejar,
tento não querer,
tento não lembrar,
tento ser eu: coisa que não sei mais.

Quando me dou conta de teu abandono,
esqueço tudo que passa pela cabeça
e me proponho inteiramente vazio.

Quando quero,
se não queres,
apenas não sei mais o que fazer.

A pena não está se valendo.
Já vivi de nada por nada.
De tudo por nada.
E o que me restou sempre foi o nada.
Pra ele me acostumei a viver.

Não sei se são escolhas erradas,
ou se são as faltas de ânimo.
Só sei que não quero sentir de mim mesmo
a pena que não se vale.

Quando as diferenças vão se tornando muito iguais,
sei que algo está errado
e que a inércia vai continuar a consumir,
até alcançar a totalidade.

Deixa minha cabeça encostar,
deixa eu pensar e encontrar uma verdade,
porque o sentimento de hoje não me ajuda
a enxergar nada além do nada
para o qual sempre vivi.

Conselho de um velho apaixonado

Carlos Drummond de Andrade




Quando encontrar alguém e esse alguém fizer
seu coração parar de funcionar por alguns segundos,
preste atenção: pode ser a pessoa
mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento,
houver o mesmo brilho intenso entre eles,
fique alerta: pode ser a pessoa que você está
esperando desde o dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo
for apaixonante, e os olhos se encherem
d'água neste momento, perceba:
existe algo mágico entre vocês.

Se o 1º e o último pensamento do seu dia
for essa pessoa, se a vontade de ficar
juntos chegar a apertar o coração, agradeça:
Algo do céu te mandou
um presente divino : O AMOR.

Se um dia tiverem que pedir perdão um
ao outro por algum motivo e, em troca,
receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos
e os gestos valerem mais que mil palavras,
entregue-se: vocês foram feitos um para o outro.

Se por algum motivo você estiver triste,
se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa
sofrer o seu sofrimento, chorar as suas
lágrimas e enxugá-las com ternura, que
coisa maravilhosa: você poderá contar
com ela em qualquer momento de sua vida.

Se você conseguir, em pensamento, sentir
o cheiro da pessoa como
se ela estivesse ali do seu lado...

Se você achar a pessoa maravilhosamente linda,
mesmo ela estando de pijamas velhos,
chinelos de dedo e cabelos emaranhados...


Se você não consegue trabalhar direito o dia todo,
ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...

Se você não consegue imaginar, de maneira
nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver a outra
envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção
que vai continuar sendo louco por ela...

Se você preferir fechar os olhos, antes de ver
a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes
na vida poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.

Às vezes encontram e, por não prestarem atenção
nesses sinais, deixam o amor passar,
sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.

É o livre-arbítrio. Por isso, preste atenção nos sinais.
Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem
cego para a melhor coisa da vida: o AMOR !!!

Cris

Cris: moça morena de beleza indiscutível e de desejos inimagináveis, era como a conheciam. Todos os dias sentava-se naquela praça pra relaxar, pra respirar um pouco por dez ou quinze minutos e chamava a atenção de vários homens, uns mais afoitos que outros. Costumava sair com sua amiga ruiva Aline a bares, restaurantes e confidenciava tudo ou quase tudo a ela. Era daquelas amizades verdadeiras e bonitas que dava gosto de se ver. Cris trabalhava muito, era advogada e não suportava injustiças.
Todos os dias, logo após acordar, lavava e enxugava o rosto, antes de escovar os dentes. Mas isso era só uma mania boba, uma dentre tantas outras que não vale a pena citar. Pelo menos não agora. Estava sempre com seu celular moderníssimo checando seus perfis no facebook e twitter. Há um mês excluiu a conta no orkut, mas já estava pensando em voltar. Vivia de impulsos e repulsas. Era como se suas ações pudessem ser as últimas na vida e ela não queria perder tempo fazendo coisas que não gostasse ou desistindo de fazer o que tinha vontade. Tão certo que uma vez teve febre altíssima, mas não cancelou sua viagem a Fortaleza e deu um jeito de curar sua "bobagem de doença" - como ela mesma disse - já na cidade.
Acreditava em Deus, amava poemas e escrevia alguns às escondidas: outra de suas manias. Não tinha mais parentes desde os 22 anos de idade, quando perdeu sua mãe. Hoje, aos 34 pensava em filhos, mas não queria admitir. Uma vez comprou uma roupinha de bebê rosa, foi pra casa e se trancou em seu quarto. Chorou tanto que resolveu parar logo que começou a sentir pena de si mesma. Cris tinha medo de parecer fraca.
Um dia comum de sexta-feira chamou Aline e saíram juntas para um bar. Era um dia tão comum para as duas que a bala que atingiu o peito de Cris jamais era esperada. Ela não era fraca, ela quis reagir. Aline não conseguia acreditar, telefonou, correu, chorou, gritou, socorreu, ajudou, mas nada fez com que Cris ficasse, ela simplesmente se foi. Aline não tinha forças pra procurar culpados. Foi pra casa de Cris, abraçou o travesseiro dela, sentiu saudade a cada lágrima que caia. E cada uma delas só fazia essa saudade crescer e crescer. Adormeceu.
No outro dia, percebeu uma foto das duas na cabeceira de Cris. Sorriu como se não pudesse, mas sorriu. Sabia que a amiga a estimava demais. Começou a olhar as gavetas e encontrou uma pasta cheia de folhas soltas: eram os poemas de Cris. Riu de um deles, achou muito brega. Continuou lendo e descobriu que eles se completavam e que pareciam intencionar um livro. Pensou que a amiga quisesse publicar, mas não se importou. Guardou aquela pasta e pegou a outra que estava embaixo, com a etiqueta "Ela".
Começou a ler poemas apaixonados, muitos deles inclusive ela achou que eram muito bons. Uns mostravam falta de coragem, outros muito amor e tudo fez sentido, quando ela pegou um dos poemas, que estava inacabado e leu em meio às mais doloridas lágrimas:

"Sua pele parece avermelhada como seu cabelo.
Seu sorriso me faz mais feliz e menos quieta.
Nada que eu possa dizer, definiria o que sinto.

Tenho medo de sua reação, de seu afastamento.
É como se eu fosse me perder a cada instante.
É como se eu não soubesse o que fazer a todo momento.

Tenho dúvida,
as palavras vão, mas voltam com consequências
e não sei se suportaria a negação desse sentimento.

Guardo sua amizade, como prova do nosso amor,
que não é todo o que desejo, mas é todo o que posso ter.

Deixo minhas palavras presas me machucarem pra não de perder.
Só queria saber de tuas palavras e de teus sentimentos.
(continuar)"

Aline não sabia o que fazer, mas pegou esse poema e sabia que era destinado a ela, pois o título era o seu nome. Guardou o papel na bolsa e foi ao momento de despedida. Depois de homenagens de outros amigos, Aline não conseguia falar. Pediu que todos se afastassem e colocou nas mãos de Cris o papel, o poema, aquelas palavras e todo o sentimento. Ficou uns instantes sozinha e leu para a amiga o fim do poema que ela desajeitadamente escreveu.

"Deixo minhas palavras presas me machucarem pra não de perder.
Só queria saber de tuas palavras e de teus sentimentos.

Somos hoje separadas, estamos em prantos e desesperos.
Não sei de palavras como tu,
mas sei de meu sentir
que por ti é, será e sempre foi completo.

Teus medos, sempre foram meus medos
e eles juntos nos impediram de toda uma vida juntas.
Teu amor por mim será meu sempre amor por ti.
Como sempre deveria ter sido.
Com amor, tua ruiva."

As lágrimas vieram e se foram, mas os sentimentos permaneceram entre elas para sempre.

Livre

Se me fazes assim,
assim vivo os presentes e jamais outros tempos.

Aquelas recordações,
aquelas imagens e outras memórias
fazem parte de um tempo que valeu viver.
Mas de um tempo que funciona bem
só como memórias.
Reviver nem sempre é bom.

Mas não tome isso como regra:
é isso que te faz livre.

Aquelas anotações,
aqueles desejos e outros pensamentos
fazem parte de um tempo que ainda não chegou.
De um tempo que precisa estar,
para acontecer.
Antecipar-se nem sempre é bom.

Mas não tome isso como regra:
é isso que te faz livre.

Tudo pode acontecer
na primeira vez que os olhares cruzarem.
Um medo pode ficar,
calafrios, sorrisos ou alívios,
até um amor pode nascer.

Quando o silêncio parece absoluto,
os olhos podem falar
até mais do que se imagina.
Os olhos podem dizer
aonde ir, onde ficar, o que fazer.

Quando existe tensão nos olhares,
não se acaba ao fechá-los.
Os olhos parecem querer buscar,
os olhos são curiosos e ousados.
Procuram, caçam e podem se esconder.

Meus olhos podem não crer,
podem parecer despreparados,
despreocupados e vagos.
Mas só eu sei o que meu olhos querem
e o que meus olhos podem suportar.

No íntimo de um olhar,
tudo também pode acontecer,
pois isso não é revelado,
mas também não é ocultado.
É uma deliciosa confusão: o mistério.

Quando os olhos querem se mostrar,
eles sabem a quem ou a quê.
Eles não precisam de grandes esforços,
nem de terceiros, nem de influências.
Os olhos são seguros de si.

São firmes se o desejo está certo.
Mas podem desviar, lacrimejar,
ou encher de brilho e iluminação.
Brilho que por consequência,
não permanece num ponto, espalha-se.

Quando os olhos brilham, é fácil saber,
mas não se sabe de onde podem vir,
as razões de tal efusividade.
Meus olhos hoje brilham de tanto querer,
meu coração brilha por saber que é certo.

Se meus defeitos são grandes, são tão meus
que meus olhos podem esconder do mundo,
mas de você não consigo.
Quero que me conheça de todas as formas,
assim como quero eu também quero de você.

Aos meus pesares, por ora sem alvo,
um soluço, um engasgo, pretensões.
Aos meus desejos, um tanto de adição.
Aos meus sonhos, menos significados.
E, aos meus olhos, os teus.

Crença

Por alguma razão, você esqueceu de mim.
Sem acreditar, eu pedi que você ficasse.
Em vão foram as palavras, em vão tudo que se viveu.

Quando seus olhos se fecharam,
percebi um princípio de choro.
Então por que me deixar,
se claramente você prefere ficar?

Não deixe que suas necessidades
confundam seus sentimentos
e te deixem turvo e desacreditável.
Acredita em mim.

Tenho fé em nós.
E por mais que você invente resistência,
vai voltar pro meu abraço,
pro meu lado,
pra ser o meu amor
e vai desafogar tudo isso que hoje me sufoca.

Hoje

Quando eu olho pra trás,
há um passado,
há momentos.
Mas hoje,
se olho pra frente, te vejo,
se olho pra mim, te vejo.

Quando olho fotografias,
há um sorriso,
há abraços.
Mas hoje,
se olho pra frente, te quero,
se olho pra mim, te quero.

Quando ouço canções,
há uma lembrança,
há lágrimas.
Mas hoje,
se olho pra frente, te ouço,
se olho pra mim, te ouço.

Quando perco a cabeça,
há um sentimento,
há arrependimentos.
Mas hoje,
se olho pra frente, te seguro,
se olho pra mim, te seguro.

Quando lembro os amores,
há boas risadas,
há passado.
Mas hoje,
se olho pra frente, te amo,
se olho pra mim, ainda mais.

Escolhas

Dois passos pra trás,
cárcere.
Dois passos pra frente,
abismo.

É um momento crucial,
se a proposta é viver, que seja preso?
Se a proposta é arriscar, que se preveja um fim?

Não penso em voltar,
passa um sentido tão negativo, depressivo de regressão,
de atraso.

Penso em continuar,
passa um sentido mais positivo de busca, de luta,
de liberdade.

Penso em voltar,
passa um sentido positivo de segurança, de conhecimento,
de estabilidade.

Não penso em continuar,
passa um sentido negativo de risco, de perigo,
de condenação.

Torno-me confuso.
Ambas as opções me remetem à condenação.
Uma escolha me condena a sua consequência,
uma escolha me prende em suas razões
e me liberta de outras.

Mas no fim são escolhas.
No fim é uma decisão.

"Toda vez que viajo,
mesmo sem sair do lugar,
sinto que posso, a qualquer momento,
mudar de direção.
Ou posso seguir naquela mesma direção
e ir transformando aos poucos o caminho.
É tudo uma questão de escolhas.
E não há como viver sem elas."

Quisera Eu

Quisera eu ser teu suficiente
e sentir que de mim tens tudo o que queres.
Quisera eu não sentir,
não importar,
e ser outra pessoa.

Quisera eu estacionar algum querer teu
e multiplicá-lo, e fazê-lo crescer por mim.

Quisera eu ter poderes,
ter maneiras de te fazer ficar,
de te fazer me olhar,
me amar como se eu bastasse,
como se eu fosse uma parte de ti que não queres perder.

Quisera eu não sofrer,
quisera eu não perceber um adeus fantasiado em um beijo que nunca terei novamente.

Quisera eu não sentir,
quisera eu não ficar, enquanto estás indo de cabeça baixa,
enquanto sentes medo do "daqui pra frente",
porque eu sei que sentes.

Quisera eu não passar dias, meses,
meu tempo
cercados de canções infelizes,
de notas que me deixam mais e mais pra baixo,
de poemas que me arrancam essas lágrimas,
de cada memória de tempo bom.

Recordar bons tempos em maus tempos não ajuda a cicatrizar nada.
É ferida em cima de ferida.
É grito em cima de grito.
É abismo em cima de abismo.
É um fim,
e por ser assim já não tem mais retorno,
já não tem mais brilho no olhar,
nem esperanças.
Só o fim.

Quisera eu ser teu suficiente.

Obviedades

Quanto mais rápido, mais rápido.
Quanto mais difícil, nada fácil.
Quanto menos feliz, mais chances de lágrimas.
Quanto mais preso, menos livre.
Quanto mais, mais ou menos.

Quando chuvoso, água.
Quando quente, ar condicionado.
Quando vitória, comemoração.
Quando perda, decepção.
Quando cidade, correria.

Quanto mais doce, menos salgado.
Quanto mais escuro, menos claro.
Quanto menos verde, mais maduro.
Quanto mais só, menos feliz.
Quanto menos sonhos, mais real.

Quando alto, fobia.
Quando toca, arrepio.
Quando mistura, não identificação.
Quando vento, movimento.
Quando não, não.

Quanto mais forte, menos fraco.
Quanto mais estável, mais seguro.
Quanto mais vontade, mais busca.
Quanto mais amor, mais vontade.

Quanto mais você, menos eu.

Essas Coisas

É,
todos os dias são os mesmo dias.
Mudam os nomes, mas não mudam os dias.
Nessa cidade, um tédio e uma vontade tomam conta.
Passei a aproveitar o que ninguém aproveita,
porque a sensação é a de que essas coisas, bem,
essas coisas só acontecem comigo.

É,
cada dia, cada olhada pela janela,
percebo as pessoas em lugares diferentes e
até noto que algumas delas são novas,
mas não vi chegarem até aqui.
Onde eu estava?
Essas coisas realmente só acontecem comigo?
Bem, essas coisas só acontecem comigo.

É,
os mesmos gritos de sempre, a mesma arruaça,
um desconforto profundo por essas pessoas de sempre.
São golpes de construções que me acordam no melhor do sono,
no melhor do coma que me impus,
pra não viver, pra não sentir, pra não saber.
Passo a pensar e realizar que, de certa forma,
essas coisas não acontecem só comigo.

É,
talvez me fosse uma boa desculpa acreditar nisso.
E me fazer especial em algum momento que não sinto se fazer verdade.
É uma sensação, uma agonia, uma alguma coisa que aumenta, que intensifica.
Um tédio que não passa, que não muda, que para, que me deixa mal, que me enjoa.
E uma vontade que consome, que grita, que quer expulsar, que quer acabar com esse coma.
É, quando me estalam as ideias e vejo que nem todos os dias são os mesmos dias,
todo meu fundamento vai embora e eu tenho que fazer alguma coisa.
Talvez fosse esse meu maior medo.
Talvez o confortável me fizesse ficar,
mas eu preciso sair,
preciso acalmar.
Porque essas coisas não acontecem só comigo.

"Se" e "Quando"

Vivendo de "se" e "quando",
como se fosse normal só acreditar.
Não necessariamente ilusão,
mas irrealidade.

Por que as coisas simplesmente não acontecem?

Conversa de que o tempo não é meu.
Em parte é sim.

Difícil é,
esforço que precisa de chance,
mas requer requisitos que não formam
um correto perfil.

Decepções e frustrações.
Esperar agora uma dose de sorte?

Que Deus esteja comigo
e que deixe de ser apenas "se",
apenas "quando".

Amo

Amo.
Com todas as forças.
De todo o coração.
Com a minha alma.
Em cada pensamento.
Em cada repirar.
De formas mais que clichês, outra vez.

Amo.
Com toda breguice e intensidade.
Amo que me dói o coração.
Que me machucam os sentimentos
e minha aparência forte desmorona.

Amo.
Sem sentir vergonha,
sem me apressar, sem cobrar,
sem exagerar.
Amo da única forma que posso amar.
A mais exagerada e incomensurável.

Amo.
Isso me machuca.

Amo.
Amo.
Amo.
Mas ele não sabe.

Ela

Ela me amou de início, de cara. Ela me ensinou a crescer de alguma forma que considerava certa, que acreditou que evitaria problemas, frustrações e machucados profundos. Ensinou-me os beijos de boa noite, só pra conferir se era obediente e pra me fazer um carinho que me lembraria pra sempre. Contou-me histórias, remediou minhas feridas e pulou minhas felicidades junto comigo. Gritou quando achou que devia e errada também implicou quando não precisava.
Ela me ama como me amou de início, de cara. Eu cresci com minha vida, meus problemas, meus segredos e minhas coisas, mas o amor eu sei que não mudou. Difícil é pensar nisso nos momentinhos de raiva. Posso não ser o que sempre quis, posso pensar demais em mim, posso frustrar o tempo todo e desacreditar me colocando sempre mais e mais abaixo. Mas ela acredita e me diz que eu sempre pense positivo. Diz que se o meu começo é negativo, meu final não vai ser positivo. Que se eu pensar que vai dar certo, eu tenho o poder de fazer funcionar. Eu não costumo acreditar, costumo dizer "Não pessimismo, mas realismo." Pra que tanto realismo? Se, ao acreditar, as coisas podem ser transformadas. Ela me ensinou fé, me ensinou luta e não desistência, mesmo quando dificilmente algo pode acontecer. Maldito realismo, agora prefiro acreditar e transformar, graças a ela.

Sem Pausas

Amor não se pausa, não me peça tempo.
Se quer um descanso, vai.
Esfria teus pensamentos, recorda e recobra os sentidos,
depois volta e me abraça.
Saberei assim que voltou.

Diz que vai ali, leva um tempo.
Respira pensamentos e organiza as ideias.
Notícias, só te peço notícias.
Gosto de saber que estás bem,
então volta a pensar, ali longe, envolto em você mesmo.

Sorria por suas bobagens com você mesmo.
Brinda com você mesmo.
Reflete.

Vai.
Põe tudo nos lugares certos,
depois volta e me abraça.
Saberei assim que voltou.

Mas não me peça tempo, não me peça pausa no amor.
Ele não entende essa linguagem, ele só acontece
e continua acontecendo.
Sem pausas.
Amor pausado é amor acabado.

Sobreviver

Um cansaço que vai e vem.
Um peso, uma agonia.
Um sufoco, um aperto.

Uma impossibilidade de respirar.
Uma trava, uma pedra.
Um obstáculo, talvez um perigo.

Uma falta, uma presença ausente.
Um nada, devastação.

Um toque, uma sombra.
Um sono profundo,
luz ou trevas.

Se trevas, um medo.
Se luz, um alívio.

E volta a respiração.

Reconciliação

Ele me esqueceu.
Exaltou meia dúzia de palavras e bateu a porta
pra nunca mais voltar.
Tentei ser menos vulnerável,
tentei não correr atrás,
tentei não me jogar no chão,
tentei não me atirar aos seus pés,
tentei não chorar,
tentei não pensar que tudo aquilo havia ganhado um fim,
corri pela sala ainda cheia de seu cheiro,
parei um instante e quis guardar pra sempre esse perfume.
As lágrimas não paravam
e não paravam
e eu não parava.

Atravessei a sala,
corri para o quarto,
ele não estava mais lá.
Quando foi que o perdi desse jeito?, pensei.
Quando foi que deixei isso acontecer?
Um medo,
uma angústia,
uma sensação desconcertante de perda.

Tentei acalmar,
pensar,
desritmar um pouco do coração.
Respirei como sempre,
e só então pude desembaraçar aquele milhão de sensações
e ouvir um choro, um som, um chamado que vinha de minha porta,
que vinha do outro lado do adeus.
E, ao abrir, meu mundo brilhou de alguma forma que não pude perceber,
pois estava fixado naquele rosto,
naquela expressão,
naquele pedido,
naqueles soluços
e num retorno que não pensei possível.

Ao primeiro "sem você não dá mais",
o sorriso inevitável toma conta e leva todo peso
e trás a resposta recíproca.
Sensação de mútuo e livre pertencimento,
os olhos aliviam, os olhos sorriem,
o símbolo de partida cai ao chão
e uma mala mal feita às pressas se abre espalhando tudo
sem que nenhum notasse.

De que importam os detalhes na magia de um abraço,
de um sorriso, de um beijo, de um perdão?

É o momento do tudo de novo,
quantas vezes seja necessário.
Ele não me esqueceu.

Vitória

Vitória.
Um marco.
Um obstáculo vencido por um preconceito que nem deveria existir.
Acima de adjetivos ou atribuições, um sentimento é um sentimento, seja de quem for pra quem for.

Um sentimento entre um par de iguais não pode - nem deve - ser diminuído em relação aos sentimentos dos pares de diferentes.
Como dito: um sentimento é um sentimento, seja uma vontade de agora ou um desejo pro resto da vida. E qualquer um desses pode ser sentido por qualquer pessoa. E o meu sentir, não é menor que o seu, é apenas o meu sentir. É íntimo, pessoal e intransferível. E meus desejos e o que faço em minha casa, em meu quarto, da minha vida diz respeito a mim e a quem está comigo por sua livre escolha, por um sentimento compartilhado.

Respeito é uma palavra que conta tanto, que me pesa tanto e que faço o máximo pra que seja mais que vivida, mas que seja perpetuada. Vergonha das pessoas que querem "corrigir o mundo" agredindo e denegrindo seus diferentes, pelo que dizem ser uma opção, pelo que dizem ser uma vergonha.
Meus conceitos de vergonha são tão diferentes e digo a esses justiceiros que não há motivos, nem razões pra violências desse tipo. Tanta coisa me incomoda a cada dia, tanta coisa que não suporto e não atiro, não machuco, não desprezo ninguém por conta disso.

Um país de igualdade que faz ditas minorias terem que "brigar" por direitos.
Se são direitos, por que brigar por eles?
Se são direitos, por que ter que submeter a votações e a boas vontades?
É direito, é meu.
Não sou diferente em relação a todos.
Mas sou completamente diferente em relação a cada um.
Não peço que me amem, não peço que me aturem.
Peço que me respeitem
e que me deixem viver com minhas vontades, com meus desejos,
com meus sentimentos.

O que me parece é que se deram conta das coisas
- ou começaram -
e que tudo pode começar a ser diferente,
que tudo pode começar a se ajeitar.

E se tem que ser através de brigas,
que sejam,
porque cada uma que for "vencida" é uma vitória pelo respeito, pelo justo.
Que tudo seja posto em seu lugar.
Que reine o respeito.


Palavras de quem já foi cuspido na cara.

Uns Versos Não Bastam

Uns versos não bastam
pra completar os espaços.

Olhar os passados desejados em eternidade
- sonhados por minutos e planejados por tempos e tempos sem definição -
sobrecarrega o tempo ruim
e transtorna, enlouquece até a cabeça não aguentar,
até as memórias ficarem insuportáveis.

Acostumar com os fins da felicidade
- nunca imaginados ou acreditados em nenhum momento de canção -
simplifica o sofrimento enfim
e descansa, alivia os prantos até o coração acalmar,
até os sentimentos se tornarem toleráveis.

E apesar de tudo,
uns versos não bastam
pra completar os espaços.

Olhos de Fotografia

Paixão louca que me dá vergonha de fixar até em teus olhos de fotografia.
Me tira dos altos, dos saltos e de versos e reversos perdidos ao longo dos pensamentos.
Me leva a tantos lugares desconhecidos, como um clichê.
Mas se trato meu amor como verdadeiro e clichê, que seja.
Que sejamos.

Uma saudade desconhecida do desconhecido, muito maior do que qualquer outra.
Pois no final das contas é o mais intimamente dos conhecidos.
Com todos os sentimentos mais dificeis me reconstruindo.

Vem sensação de despreparo e uma falsa dúvida de futuro.
E nos olhos de fotografia mergulho em planos e desejos,
como se eu de nada mais precisasse e deles necessitasse
pra passar a viver verdadeiramente.

Não Posso Falar

Tenho um segredo.
Estou te dizendo que te amo,
enquanto te olho,
enquanto falo contigo,
mas não posso falar.

Tenho dores insuportáveis,
sinto que tanta coisa quer fugir de minha alma.
Tanto sentimento quer aparecer,
mas não posso falar.

Tenho medo de que digas que não me amas,
também tenho medo que digas que sim.
Não sei lidar com amor correspondido ou não correspondido.
Até hoje, só aprendi a viver amor platônico.
No meu silêncio vou me acostumando e controlando minhas dores,
mas não posso falar
que te amo.

Desejos

Desejo trabalhos
que venham com muitos dinheiros
pra vc ficar rico
Desejo amigos
aqueles que vem
e que ficam.
Não os que ficam um mês,
mas os que fazem questão de ficar,
estando não importa onde.
Desejo uma coisa que você já conseguiu:
um amor,
mas não outro amor.
Só esse mais e mais forte pra ficar até o fim,
seja lá onde o fim tiver.
Desejo uma familia que dê MUITA força
em todas as decisões que você tomar.
Que apoie e faça feliz.
Desejo saúde e paciência pra lidar com TUDO que aparecer.
Desejo que todo fim seja glorioso.
Cada fim de cada jornadinha,
de cada caminho que tiver que andar,
que tiver que percorrer.
Desejo todo dia um sorriso pra começar o dia bem.
Um monte de música pra manter a animação.
Um monte de história de fazer chorar,
porque se emocionar é lindo e vale a pena.
Desejo libertação pro corpo, pra alma, pra os problemas e pros momentos ranzinzas que todo mundo tem.
Desejo liberdade de se maldizer, de resmungar, de reclamar da vida.
Mais que liberdade, esquecimento disso.
Desejo todo dia um motivo novo e diferente pra sorrir,
porque monotonia não tá com nada não.
No meio de cada desejo desse,
eu desejo umas doses de amor
daquele amor do começo,
conectando tudo que se sentir
com tudo que o toque permitir, porque mais do que lindo ele é necessário.
E amar não é necessidade fisiológica,
é merecimento pra a gente transcender.
E ser feliz.
Cada vez mais feliz.
E ser a gente na gente e no outro.
Desejo, no fim, que os sonhos se realizem
e que nunca deixem de existir,
porque eles movem a gente de um jeito que a gente não tem noção.
Ou talvez até tenha,
mas não dá tanta importância.
E sonhar
é imprescindível.
Seja sonhador como eu sei que você é e
merecedor de tudo que sonha,
como eu sei que você também é.
Que TUDO vai acontecer pra você.
Parabéns.

Redevaneios

Debulhando devaneios entre lençóis inutilizáveis por infelicidade,
deixo as lágrimas irem e virem de encontro a mim.
Repensamentos nada mais são do que tudo que não se esquece
e que sempre se lembra.
E que sempre surge.
E que sempre me reclama.

Debulhando devaneios a cada passo de tantas longas jornadas,
deixo as palavras saltarem sem razão, sem noção, sem sentido.
Redecepções nada mais são do que lembranças e recordações
que sempre se renovam.
E que sempre voltam.
E que sempre não desiste.

Debulhando devaneios em cada pensamento do meu dia,
deixo as loucuras tomarem conta de vazios desconhecidos.
Rearrependimentos nada mais são do que novas vergonhas
que sempre se sente.
E que sempre permanecem.
E que nunca me libertam.

Noites Que Caem Frias

Quando as noites caem frias,
sabemos que iremos encontrar
conforto nas horas de sono que nos restam por viver.

No calor de uma coberta escolhida,
nos braços de um amor que exista
estaremos perdidos, achados ou simplesmente acolhidos.

Quando o toque se faz necessário e desperto,
sabemos que as noites serão poucas
e que a manhã surge o mais rápido e desnecessário possível.
Vem um sol deslumbrante e cheio de esplendor.

Sempre se acreditava que isso fosse
um resumo de viver de amor verdadeiro.
Noite frias em que só ele poderia acalentar
e fazer repousar, relaxar, sentir.
Mas que acabava todas as manhãs pelas obrigações.

E certo de que tudo nunca mudaria, mais uma vez permaneci errado.

Quando menos se espera,
as sensações se misturam num ciclo infinito
daquilo que se faz, refaz e desfaz aos poucos ou aos montes,
mas que sempre encontra conforto e aconchego na saudade
e no carinho das noites que caem frias.

Considere-se livre.
Respire.
Sofra.
Chore.
Gargalhe pras paredes que não fazem sentido nem merecem sua razão.

Seja louco.
Pule.
Grite.
Resolva.
Prenda suas crenças mais fortes numa caixa que nunca será aberta.

Recue quando não der certo.
Reclame.
Quebre.
Parta em pedaços, sejam pratos, xícaras ou corações.

Seja egoísta.
Ame-se.
Queira-se.
Morra-se e viva-se à espera de qualquer coisa que alimente e faça bem ao seu ego.

Derrame perdas.
Rasgue as vitórias como se nunca tivessem existido
e busque novas razões de viver.
Novas razões de ser e estar.
Novos motivos pra querer bem.
Porque o amor desgastou-se e desgastou todos com ele.
O que não quer dizer que não seja crível.

Acredite no que escondem os horizontes.
Faça parte de qualquer sinal de vida plena e eterna.
E ame sem pena, quando valer a pena.
Passe de crível a incrível.
E torne-se inacreditável.

Último Abraço

Tropeças em teus próprios pés
e percebes que teus erros são maiores que meus defeitos.
Quando sonho em deixar transparecer o interior,
acordo como que sem coragem.
Sem ação.

Tenho inúmeras chances de apontar e fazer perceber.
Se tiveres um minuto,
não serei eu a merecê-lo, já me parece.
Não me perdoe.
Mas não me magoe.
E quando as pontas se unirem,
quero estar ao final
esperando o último, mas o eterno abraço.

Autodescrição

Quando as manhãs tornam-se mudas
e as noites sem sossego,
reclama um coração aos prantos mais exagerados
e ouvidos por ninguém.
É o grito mais silencioso e, por essa razão, mais dolorido.

Ao olhar para o próprio interior encontra o maior vazio
e o mais impuro e desmerecedor espaço para se acolher.
Sente-se isolado e não amado, não querido, não merecedor do que se considera bom.

Por não merecer amor,
não se pensa em merecer felicidade.
Complicado e pleno em insegurança autodestrutiva vai esperando
e esperando na sua sombria introspecção um retorno, um sorriso.
Sonhando com ser diferente, sabendo que é isso o que é e que pode melhorar, mas não mudar.
Remoendo solidão e merecimento de solidão
como se fosse normal não poder usufruir felicidade.

Exagerado por vezes,
perdido por outras
e impulsivo em palavras idiotas.

Desnecessário, verdadeiro além do que se espera
e transparente além dos limites conhecidos.
Não guarda, reflete.
Seja amor, seja medo, seja desejo, seja coração.
Seja necessário ou não.

Ama, pensa, não esquece, sonha,
quer mudar, quer se mudar,
quer viver o que acha que deve, mas o que imagina não merecer.
Há alguém assim, que se acha de menos, preso numas bolhas de reflexão,
esquecido de tudo e de todos - quando todos quer dizer apenas um.
Quando um lhe significa todos.

Quando Chove

Quando chove a sensação que passa é de que as tristezas, decepções e sentimentos de reflexão - mas não necessariamente ruins - se acentuam. Não sei medir o que é melhor ou o que mais tem peso nesses momentos e nessas horas de sono que perco por razão das reflexões. Quem é capaz de medir seja lá o que for, quando se trata de sentimento na realidade? Não posso medir os meus, quanto mais os de outra pessoa que importa. Quem se importa?

Quando chove a reviravolta de sensações é muito mais intensa, não pelo frio que aumenta, não pela vontade de se esconder nas cobertas e de ficar todo o tempo sem fazer absolutamente nada. Na realidade, isso fica mais intenso pelo fato de não muita distração, de ficar meio que preso. Claro que a maioria tem medo ou não quer parecer bobo, mas não é pecado entrar na chuva. Não é pecado abrir a porta e se atrever na chuva, se distrair e esquecer as reflexões. Pra que sombrinhas, guarda-chuvas ou quaisquer outros apetrechos que te impedem de sentir a bênção e fechar os olhos pra os pensamentos, nesses momentos em que eles são especialmente mais e mais recorrentes.

Quando chove sou adepto dos banhos de chuva, de esquecer que as pessoas te acham um louco no meio da rua, sem destino, sem vergonha, sem juízo. Enquanto pensam, nós que nos atrevemos e nos deixamos molhar, sabemos que somos apenas sem preocupação, sem muitos pensamentos pesados e angustiantes, sem peso nas costas, sem peso no respirar. E a sensação de ser livre - não para os errados fins - é tão impulsionadora, tão revigorante que não deixo que os juízes da vida alheia tirem de mim. As minhas vontades e verdades são bem guardadas apesar de tudo e a minha vida, a minha liberdade ou seja lá o que faça parte de mim pode ser libertado, pode ser experimentado sem medo. Viver é risco e quem está na chuva deve se molhar, acreditar e até se libertar de si mesmo, porque a vivência disso pode nos levar a um paraíso sem arrependimentos.

Quem sonha em ser,
deve deixar-se, mas não abandonar-se.
Resgatar o que tem de melhor ao fechar dos olhos
e viver da melhor forma que se puder ao abri-los.
Quando chove somos convidados,
refletir ou se permitir?

Suficiente

Felicidade é ter tanto pra dizer que as palavras faltam.
Felicidade é ter o peito pulando e o coração batendo tão forte que a gente bambeia.
Procurar e encontrar.
Sorrir e ser correspondido.
Abraçar e sentir conforto.
Beijar e sentir o pra sempre.

Felicidade não é encontrar o que todo mundo procura,
mas o que é necessário e suficiente.

Se sou feliz com apenas isso.
És meu necessário e suficiente.
Significa que te amo.

Despedidas

Nas minhas mãos trêmulas e ensanguentadas pulsa o meu frágil coração. Corro pelas ruas com medo que o roubem, esmaguem ou retalhem. Olho para o céu e não enxergo as pessoas pasmas que me olham como se me reprovassem ou me sentissem pena. Escondo quando esbarro e, no desespero, olho para todos os lados. Corro, corro. Paro um minuto com medo de que ele em minhas mãos não pulse mais. Observo, alivio e volto a correr. Estou vivo. Avisto aquela multidão, desespero e busco as minhas possibilidades, meus desvios. Encontro com sufoco uma maneira de respirar e passar pelas pessoas. O sinal fecha, eu paro, eu choro, eu estou perdendo meu norte, meus sinais de vida, eu estou perdendo você. O sinal volta a abrir, tenho medo, por um instante paraliso. Inércia. Sofro por não te ver, não te enxergo, te procuro, meus olhos sofrem, me aproximo, te percebo. Corro mais uma vez. Caio de joelhos em teus pés e com as mãos ainda trêmulas, eu te entrego o coração que arranquei por não saber mais como tomar conta dele sozinho.
Teu beijo me diz tudo e depois nada me dizes tu. Te vejo entrar no carro do qual te fiz sair. Sigo tua imagem com os olhos pesados, cheios de lágrimas e esperanças agora vazias até o instante em que desapareces na esquina. As pessoas passam e me olham como se eu não estivesse ali. Humilhado, jogado e perdido no meio de uma multidão que parece feita sem sentimento. Levanto, recolho meu coração junto com a esperança e ponho de volta no lugar, na certeza de que não terei forças de viver sequer um dia mais.

Carta Para o Amor

Não tenho muita idade, mas posso dizer que, na minha vida, já aprendi de um tudo. Não só dizer, mas afirmar. Aprendi a respeitar e pensar antes de agir de determinadas maneiras. Aprendi que os dias passam e que o tempo é o pior remédio que alguém precisa tomar. Além disso, descobri o que é certo e o que é errado e que o meu certo pode ser o teu errado. Aprendi que a solidão machuca e a indiferença ainda mais. Aprendi a conhecer, admirar e acreditar nas pessoas. Nos casos errados, aprendi a desconfiar e ter cuidado delas.
Algumas vezes a ganhar, outras a perder, outras a não querer jogar. Aprendi o valor e um bem que um amigo pode ter e ser/fazer. Que seus corações são maiores que o mundo e que eles acreditam em cada sonho seu. Com um tanto de medo, aprendi a amar, coisa que eu pensava não merecer ou ser impossível nos dias de hoje. Acontece que o impossível muitas vezes bate na sua porta, antes que o mais possível aconteça.
Aprendi você. Todas as suas maneiras e manias. Aprendi a não te chatear, a não te deixar e a te deixar ir quando fosse preciso - o que na realidade pra mim é mais que difícil de aceitar. Aprendi a me preocupar com você, a não querer os males e os outros por perto. Acontece que para mim, isso tudo não é suficiente, eu me frustro, eu choro, mas é você que eu quero aprender todo dia, cada vez mais e com mais amor.
Faço planos que talvez não devesse, mas eu não sei sonhar sem você, não sei ser um pedaço de gente que não se importa, que não se mexe, que não deseja e eu desejo. Muitos dos dias as dúvidas chegam, me atormentam, me tiram a paciência e eu choro escondido na madrugada silenciosa do meu quarto agora colorido dos meus devaneios com você.
Podem considerar loucos os meus anseios, até os meus medos são devastados, ou me devastam, mas no final das contas os meus sonhos e objetivos só querem ser você, só querem ser nós dois. E mais uma vez, duas ou três, sou tido como louco, mas a canção é clara quando diz que "mais louco é quem me diz, e não é feliz". Não sei se por você ou apenas por mim mesmo, mas eu sou feliz. Quisera eu às vezes não me sentir como um louco dependente, um alguém desajeitado de tanto sentir, de tanto querer sem poder. Quisera eu estar junto em cada passo. Sonho com o dia que você sabe. Sonho todos os dias e espero incansavelmente. E quando acontecer de esse dia e todos os seguintes chegarem, quero estar em você e mostrar tudo que guardo, com todo amor que você merece.

Conclusão

A chuva desaba do lado de fora de uma janela, mais uma vez. E as lágrimas que caem do seu rosto não são de alegria. Podem ser tristeza prematura, podem ser um amor perdido ou simplesmente um tempo para o qual seus planos não estavam preparados.
Passeando os olhos por fora daquele quarto, pensou que ele poderia chegar, se arriscar no meio da forte chuva e gritar o amor que sentia, mas ele não o fez. Amanheceu, o sol veio clareando não só o dia, mas os passos, o interior e os vislumbres de um amor próprio. Ele não apareceu e nem se expôs por algum tempo, mas em seu coração não havia arrependimento por tanto demonstrar amor.
Tive pena daqueles olhos que desabavam como as fortes chuvas devastadoras. Mas eu podia sentir que seus sentimentos poderiam mudar a qualquer momento. E mais um dia veio chuva, vieram lembranças e se foram os sonhos. E caminhando pelas ruas, encharcando os pedidos de desculpa, sentou-se num banco, chorou e não se esforçou pra secar as lágrimas. Vi quando a chuva parou por uns instante e se levantou, correu um pouco e logo parou em frente à casa dele. Tocou a porta, mas não teve coragem de bater. Ficou assim por alguns breves minutos, sentiu-se impotente, desinteressante e nem um pouco bem. Confundiu as coisas, as pessoas, os nomes e voltou para seu quarto, onde chorou até amanhecer.
Mas, por alguma razão, para ela o dia não amanheceu.

Melhoras

Não vou derramar palavras ásperas pra depois arrepender.
Vou sofrer caladinho no meu cantinho.
E chorar por cada minuto que você desperdiça não estando comigo.
Sim, eu sofro meus momentos e meus erros.
Eu não insisto quando não estou sendo querido.
Mas um perdão cabe nas entrelinhas.
Estou bem, mas poderia estar melhor.

Solidão é um estado de sentir-se só.
É um medo incontrolável de perder
e de se perder.
É o temor de não encontrar amor na vida.
Ou de sentir que o encontrado começa a falhar.
É um tiquinho de falta e de isolamento
seja de propósito ou não
que chateia os arredores.

É o fato de não sentir ter realizado
que leva a uma não realização de seja o que for.

Quando a noite vem,
se reflete, se imagina, se frustra, se chora.
E se perde nos pensamentos de uma solidão indesejada.
De um pedaço de esperança que não consegue mais segurar.

A metade construída pode ser fraca.
A solidão impede enxergar as possibilidades.
Coragem é deixar-se desmoronar e reconstruir-se forte finalmente.

A solidão é se trancar por querer ou por não saber
e pensar que aquela fresta de luz é todo sol que lhe cabe.

Deixar-se desmoronar é abrir espaço ao verdadeiro sol
e recontruir-se é se dar uma chance.
A felicidade é a consequencia.

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