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Mas eu não queria ser pressa, eu queria ser lentidão, eu queria ser calmaria. Afinal, naquele dia eu podia ser tudo isso. Eu podia deixar o tempo passar sem me preocupar demais com o que viesse acontecer. Alguns não recomendariam que eu caminhasse tão distraído naquele lugar, alguns iriam tentar me acordar, ou sabe-se lá o que mais.
Eu não estava me importando. Entrei em todas as lojas, visitei todas as vitrines e nada comprei. Eu só queria passar o tempo. Eu só queria ser lerdo. Sim, eu me desejei lerdo aquele dia. Descansei, caminhei, entrei em várias lojas e gastava imenso tempo em cada uma delas. Sentei umas duas vezes pra comer alguma coisa e continuei meu passeio. Não aguentava mais andar, quando decidi voltar pra casa. Comecei a me dirigir à parada do ônibus. Mas, no meio do caminho, algo inesperado me fez acordar, algo que me tirou de toda aquela lentidão. Um susto muito grande. Eu atravessava uma rua e "acordei" ao ouvir umas palavras como se fossem ditas aos berros somente em meus ouvidos. Inicialmente eu não entendi, mas ela fez questão de repetir ainda mais alto:
"Quarenta nego bom é um reaaal!"
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Depois de um tempo sem querer falar, sem querer demonstrar que como se sentia, Leandra chegou perto de sua avó e disse:
- Vovó.
- Oi, minha filha. Que bom que você falou comigo, minha princesa. Você já está se sentindo melhor?
- Tô não, vovó. Mas eu queria lhe pedir uma coisa.
- Diga.
- Quero voltar lá pra casa. Eu já devia estar estudando.
- Minha filha, eu não posso deixar tudo aqui pra lhe levar hoje. Não que eu tenha muitos amigos aqui, mas a vida vida foi todinha aqui.
- Vovó, a senhora foi feliz aqui?
- Fui, minha filha. Eu fui muito feliz, sofri também, mas fui muito feliz.
- Eu também. Mas preciso voltar ao colégio vovó.
- E quem vai ficar com você, Leandra?
- Não sei. Talvez a mãe de Carlinha deixe eu ficar lá. Ela era a melhor amiga de mainha.
- É minha filha, você precisa estudar. Eu vou falar com essa mulher. Você tem o telefone de lá? Eu explico toda a situação pra ela. Mas não acho isso certo.
- Tenho sim.
Tudo que Leandra mais queria era sair daquele lugar, afinal, ela não tinha mais muitas lembranças boas de lá. Precisava conversar com alguém, nada melhor que a sua melhor amiga. Apesar de gostar da sua avó, não se sentia à vontade.
- Pronto, meu amor. Ela vai ficar com você.
- Brigada, vó.
- Agora vá se arrumar. Ela vem buscar você ainda hoje.
- Tá bem. Carlinha vem?
- Vem sim.
- Que bom.
Dona Dina começou a chorar. Ela não sabia o que a menina poderia passar. Ela não sabia como seria tratada, mas sabia que ela precisava sair daquele clima tão passado que viveu nos últimos dias. Depois de um tempo, chegou o carro de Raquel. Carla desceu e deu um forte abraço na sua amiga.
- Lê, que saudade. Eu soube o que aconteceu, mas a gente vai te ajudar.
- Brigada, Carlinha. Oi, dona Raquel.
- Oi, meu bem. Eu tô com um pouquinho de pressa, vamos?
- Vamos sim. Vovó, eu amo a senhora.
- Eu também minha filha. Eu te amo demais.
As duas se abraçaram com força e com muita saudade. Leandra foi embora. Depois da viagem, Leandra foi até a sua casa buscar suas coisas. Abriu a porta e logo de cara viu o sofá vermelho. Parecia que ouvia sua mãe dizer "Tira o pé do sofá, Leandra." A primeira lágrima caiu. Carla segurou a sua mão. Olhou a sala com um peso triste nos olhos e lembrou de todos os domingos em que se sentava com seus pais no sofá pra assistir a algum filme e comer pipoca com suco de acerola. As lágrimas se tornaram mais intensas. Deu uma olhada na cozinha, lembrou de sua mãe cozinhando. Entrou no escritório e lembrou-se do pai trabalhando. Subiu as escadas e foi ao seu quarto. Lembrou de sua mãe contando histórias pra ela dormir e de seu pai indo lhe dar o beijo de boa noite quando chegava do trabalho. Lembrou que não dormia antes de receber esse beijo e seu pai sempre achava que ela já estava dormindo. Chegou a esboçar um sorriso. Passou um tempo no seu quarto e com a ajuda de Carla, arrumou as suas coisas. Lembrou de seu pai indo acordá-la na hora de ir pra a escola. Enxugou as lágrimas e saiu. Tentou não entrar, mas não consegui e foi para o quarto de seus pais. Caiu e chorou tanto que não tinha forças pra se levantar novamente. Carla olhou pra a amiga e disse:
- Lê, a gente tá aqui pra te ajudar. Vem com a gente. Mainha disse que a gente pode ser sua família agora.
Carla começou a chorar junto com Leandra.
- Eles não deviam ter ido. Eles tinham prometido, Carlinha...
Elas se abraçaram.
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Gritei
Porque não aprendi a guardar sofrimento.
Um grito solto é uma oportunidade de crescer.
Um grito solto é o que mostra minhas vontades.
Foi um grito que me fez melhor.
Foi ele que me aliviou e que me fez um tiquinho mais leve.
Gritei
E descobri que tudo era nada de importante.
Descobri o que era realmente importante.
Descobri onde não havia importância.
Sem angústias, sem medos, sem barreiras.
Quebrei cristais, taças, crenças, tabus e algumas opiniões.
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Viveram juntos por muito tempo e quase nunca brigavam, até que de uma hora pra outra Marquinhos sumiu. Roberto procurava por ele na escola, perto de sua casa, muitas vezes chamou por ele, mas não foi correspondido. Foi só aí que pôde perceber que Marquinhos era apenas um reflexo de tudo que ele desejava de bom em um amigo. Marquinhos era uma representação verdadeira de uma amizade. Agora Roberto saberia como encarar e estar seguro nas relações com seus novos amigos. Ele estava pronto. Foi aí que acabou o papel de Marquinhos, seu amigo imaginário.
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Samba, menina.
Deixa essa música te embriagar.
Deixa esse som te levar pra vários lugares.
Mexe teu corpo, acaba com tudo que te deixa presa.
Mostra que tu és mais forte.
Mostra que teu ritmo é mais forte.
Não deixa que te parem.
Não pare.
Deixa a melodia te arrancar sorrisos.
Então sorri, menina.
Sorri sem medo de parecer ridícula.
Tu estás sambando.
Tu estás feliz.
Tu não és ridícula.
Entra no movimento.
Ele é parte de ti.
Não guarde alegria.
Jogue tudo de bom.
Mostre toda a alegria de ser feliz, menina.
Sambe, sambe, sambe.
E não perca esse sorriso, por favor.
Coloca teus braços nesse movimento.
Deixa esse olho continuar brilhando.
Assim como tu.
Coloca no teu corpo toda aquela razão de viver.
Tu és bela, menina.
Tua música, teu corpo, teu sorriso, teus olhos, teu movimento:
Tua alegria!
Samba, menina.
Samba.
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Tive uma idéia.
Levantei.
Busquei, abri gavetas.
Peguei papel, peguei lápis.
Escrevi.
Risquei.
Escrevi.
Escrevi.
Sonhei.
Escrevi.
Apaguei.
Escrevi.
Sonhei.
Li várias vezes.
Acreditei.
Reli e sonhei.
Acreditei.
Pensei, refleti.
Realizei e continuei acreditando.
Cresci. Crescemos.
Mudei.
Remodelei pensamentos, idéias e crenças.
Fui em frente.
Quase quebrei.
Reconstruí.
Venci.
E fiquei pronto pra realizar tudo do começo, se fosse preciso.
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Tava tudo preso.
Tava tudo parado.
Tava tudo assim.
E é tudo perdido que não trazia movimento.
Nem fortes, nem suaves.
Tudo tava paralisado, abandonado e acabado.
Não,
tava não.
Era eu.
Tudo se mexe.
Tudo dança.
Tudo pula.
Tudo grita alegrias para as cores.
E elas gritam de volta como que por reflexo.
Como que por espelho.
Tudo alegre, vibrante e colorido.
Não,
é tudo não.
Sou eu.
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