Quando eu olho pra trás,
há um passado,
há momentos.
Mas hoje,
se olho pra frente, te vejo,
se olho pra mim, te vejo.
Quando olho fotografias,
há um sorriso,
há abraços.
Mas hoje,
se olho pra frente, te quero,
se olho pra mim, te quero.
Quando ouço canções,
há uma lembrança,
há lágrimas.
Mas hoje,
se olho pra frente, te ouço,
se olho pra mim, te ouço.
Quando perco a cabeça,
há um sentimento,
há arrependimentos.
Mas hoje,
se olho pra frente, te seguro,
se olho pra mim, te seguro.
Quando lembro os amores,
há boas risadas,
há passado.
Mas hoje,
se olho pra frente, te amo,
se olho pra mim, ainda mais.
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Dois passos pra trás,
cárcere.
Dois passos pra frente,
abismo.
É um momento crucial,
se a proposta é viver, que seja preso?
Se a proposta é arriscar, que se preveja um fim?
Não penso em voltar,
passa um sentido tão negativo, depressivo de regressão,
de atraso.
Penso em continuar,
passa um sentido mais positivo de busca, de luta,
de liberdade.
Penso em voltar,
passa um sentido positivo de segurança, de conhecimento,
de estabilidade.
Não penso em continuar,
passa um sentido negativo de risco, de perigo,
de condenação.
Torno-me confuso.
Ambas as opções me remetem à condenação.
Uma escolha me condena a sua consequência,
uma escolha me prende em suas razões
e me liberta de outras.
Mas no fim são escolhas.
No fim é uma decisão.
mesmo sem sair do lugar,
sinto que posso, a qualquer momento,
mudar de direção.
Ou posso seguir naquela mesma direção
e ir transformando aos poucos o caminho.
É tudo uma questão de escolhas.
E não há como viver sem elas."
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Quisera eu ser teu suficiente
e sentir que de mim tens tudo o que queres.
Quisera eu não sentir,
não importar,
e ser outra pessoa.
Quisera eu estacionar algum querer teu
e multiplicá-lo, e fazê-lo crescer por mim.
Quisera eu ter poderes,
ter maneiras de te fazer ficar,
de te fazer me olhar,
me amar como se eu bastasse,
como se eu fosse uma parte de ti que não queres perder.
Quisera eu não sofrer,
quisera eu não perceber um adeus fantasiado em um beijo que nunca terei novamente.
Quisera eu não sentir,
quisera eu não ficar, enquanto estás indo de cabeça baixa,
enquanto sentes medo do "daqui pra frente",
porque eu sei que sentes.
Quisera eu não passar dias, meses,
meu tempo
cercados de canções infelizes,
de notas que me deixam mais e mais pra baixo,
de poemas que me arrancam essas lágrimas,
de cada memória de tempo bom.
Recordar bons tempos em maus tempos não ajuda a cicatrizar nada.
É ferida em cima de ferida.
É grito em cima de grito.
É abismo em cima de abismo.
É um fim,
e por ser assim já não tem mais retorno,
já não tem mais brilho no olhar,
nem esperanças.
Só o fim.
Quisera eu ser teu suficiente.
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Quanto mais rápido, mais rápido.
Quanto mais difícil, nada fácil.
Quanto menos feliz, mais chances de lágrimas.
Quanto mais preso, menos livre.
Quanto mais, mais ou menos.
Quando chuvoso, água.
Quando quente, ar condicionado.
Quando vitória, comemoração.
Quando perda, decepção.
Quando cidade, correria.
Quanto mais doce, menos salgado.
Quanto mais escuro, menos claro.
Quanto menos verde, mais maduro.
Quanto mais só, menos feliz.
Quanto menos sonhos, mais real.
Quando alto, fobia.
Quando toca, arrepio.
Quando mistura, não identificação.
Quando vento, movimento.
Quando não, não.
Quanto mais forte, menos fraco.
Quanto mais estável, mais seguro.
Quanto mais vontade, mais busca.
Quanto mais amor, mais vontade.
Quanto mais você, menos eu.
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É,
todos os dias são os mesmo dias.
Mudam os nomes, mas não mudam os dias.
Nessa cidade, um tédio e uma vontade tomam conta.
Passei a aproveitar o que ninguém aproveita,
porque a sensação é a de que essas coisas, bem,
essas coisas só acontecem comigo.
É,
cada dia, cada olhada pela janela,
percebo as pessoas em lugares diferentes e
até noto que algumas delas são novas,
mas não vi chegarem até aqui.
Onde eu estava?
Essas coisas realmente só acontecem comigo?
Bem, essas coisas só acontecem comigo.
É,
os mesmos gritos de sempre, a mesma arruaça,
um desconforto profundo por essas pessoas de sempre.
São golpes de construções que me acordam no melhor do sono,
no melhor do coma que me impus,
pra não viver, pra não sentir, pra não saber.
Passo a pensar e realizar que, de certa forma,
essas coisas não acontecem só comigo.
É,
talvez me fosse uma boa desculpa acreditar nisso.
E me fazer especial em algum momento que não sinto se fazer verdade.
É uma sensação, uma agonia, uma alguma coisa que aumenta, que intensifica.
Um tédio que não passa, que não muda, que para, que me deixa mal, que me enjoa.
E uma vontade que consome, que grita, que quer expulsar, que quer acabar com esse coma.
É, quando me estalam as ideias e vejo que nem todos os dias são os mesmos dias,
todo meu fundamento vai embora e eu tenho que fazer alguma coisa.
Talvez fosse esse meu maior medo.
Talvez o confortável me fizesse ficar,
mas eu preciso sair,
preciso acalmar.
Porque essas coisas não acontecem só comigo.
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Vivendo de "se" e "quando",
como se fosse normal só acreditar.
Não necessariamente ilusão,
mas irrealidade.
Por que as coisas simplesmente não acontecem?
Conversa de que o tempo não é meu.
Em parte é sim.
Difícil é,
esforço que precisa de chance,
mas requer requisitos que não formam
um correto perfil.
Decepções e frustrações.
Esperar agora uma dose de sorte?
Que Deus esteja comigo
e que deixe de ser apenas "se",
apenas "quando".
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Amo.
Com todas as forças.
De todo o coração.
Com a minha alma.
Em cada pensamento.
Em cada repirar.
De formas mais que clichês, outra vez.
Amo.
Com toda breguice e intensidade.
Amo que me dói o coração.
Que me machucam os sentimentos
e minha aparência forte desmorona.
Amo.
Sem sentir vergonha,
sem me apressar, sem cobrar,
sem exagerar.
Amo da única forma que posso amar.
A mais exagerada e incomensurável.
Amo.
Isso me machuca.
Amo.
Amo.
Amo.
Mas ele não sabe.
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Ela me ama como me amou de início, de cara. Eu cresci com minha vida, meus problemas, meus segredos e minhas coisas, mas o amor eu sei que não mudou. Difícil é pensar nisso nos momentinhos de raiva. Posso não ser o que sempre quis, posso pensar demais em mim, posso frustrar o tempo todo e desacreditar me colocando sempre mais e mais abaixo. Mas ela acredita e me diz que eu sempre pense positivo. Diz que se o meu começo é negativo, meu final não vai ser positivo. Que se eu pensar que vai dar certo, eu tenho o poder de fazer funcionar. Eu não costumo acreditar, costumo dizer "Não pessimismo, mas realismo." Pra que tanto realismo? Se, ao acreditar, as coisas podem ser transformadas. Ela me ensinou fé, me ensinou luta e não desistência, mesmo quando dificilmente algo pode acontecer. Maldito realismo, agora prefiro acreditar e transformar, graças a ela.
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Amor não se pausa, não me peça tempo.
Se quer um descanso, vai.
Esfria teus pensamentos, recorda e recobra os sentidos,
depois volta e me abraça.
Saberei assim que voltou.
Diz que vai ali, leva um tempo.
Respira pensamentos e organiza as ideias.
Notícias, só te peço notícias.
Gosto de saber que estás bem,
então volta a pensar, ali longe, envolto em você mesmo.
Sorria por suas bobagens com você mesmo.
Brinda com você mesmo.
Reflete.
Vai.
Põe tudo nos lugares certos,
depois volta e me abraça.
Saberei assim que voltou.
Mas não me peça tempo, não me peça pausa no amor.
Ele não entende essa linguagem, ele só acontece
e continua acontecendo.
Sem pausas.
Amor pausado é amor acabado.
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Um cansaço que vai e vem.
Um peso, uma agonia.
Um sufoco, um aperto.
Uma impossibilidade de respirar.
Uma trava, uma pedra.
Um obstáculo, talvez um perigo.
Uma falta, uma presença ausente.
Um nada, devastação.
Um toque, uma sombra.
Um sono profundo,
luz ou trevas.
Se trevas, um medo.
Se luz, um alívio.
E volta a respiração.
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Ele me esqueceu.
Exaltou meia dúzia de palavras e bateu a porta
pra nunca mais voltar.
Tentei ser menos vulnerável,
tentei não correr atrás,
tentei não me jogar no chão,
tentei não me atirar aos seus pés,
tentei não chorar,
tentei não pensar que tudo aquilo havia ganhado um fim,
corri pela sala ainda cheia de seu cheiro,
parei um instante e quis guardar pra sempre esse perfume.
As lágrimas não paravam
e não paravam
e eu não parava.
Atravessei a sala,
corri para o quarto,
ele não estava mais lá.
Quando foi que o perdi desse jeito?, pensei.
Quando foi que deixei isso acontecer?
Um medo,
uma angústia,
uma sensação desconcertante de perda.
Tentei acalmar,
pensar,
desritmar um pouco do coração.
Respirei como sempre,
e só então pude desembaraçar aquele milhão de sensações
e ouvir um choro, um som, um chamado que vinha de minha porta,
que vinha do outro lado do adeus.
E, ao abrir, meu mundo brilhou de alguma forma que não pude perceber,
pois estava fixado naquele rosto,
naquela expressão,
naquele pedido,
naqueles soluços
e num retorno que não pensei possível.
Ao primeiro "sem você não dá mais",
o sorriso inevitável toma conta e leva todo peso
e trás a resposta recíproca.
Sensação de mútuo e livre pertencimento,
os olhos aliviam, os olhos sorriem,
o símbolo de partida cai ao chão
e uma mala mal feita às pressas se abre espalhando tudo
sem que nenhum notasse.
De que importam os detalhes na magia de um abraço,
de um sorriso, de um beijo, de um perdão?
É o momento do tudo de novo,
quantas vezes seja necessário.
Ele não me esqueceu.
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Um marco.
Um obstáculo vencido por um preconceito que nem deveria existir.
Acima de adjetivos ou atribuições, um sentimento é um sentimento, seja de quem for pra quem for.
Um sentimento entre um par de iguais não pode - nem deve - ser diminuído em relação aos sentimentos dos pares de diferentes.
Como dito: um sentimento é um sentimento, seja uma vontade de agora ou um desejo pro resto da vida. E qualquer um desses pode ser sentido por qualquer pessoa. E o meu sentir, não é menor que o seu, é apenas o meu sentir. É íntimo, pessoal e intransferível. E meus desejos e o que faço em minha casa, em meu quarto, da minha vida diz respeito a mim e a quem está comigo por sua livre escolha, por um sentimento compartilhado.
Respeito é uma palavra que conta tanto, que me pesa tanto e que faço o máximo pra que seja mais que vivida, mas que seja perpetuada. Vergonha das pessoas que querem "corrigir o mundo" agredindo e denegrindo seus diferentes, pelo que dizem ser uma opção, pelo que dizem ser uma vergonha.
Meus conceitos de vergonha são tão diferentes e digo a esses justiceiros que não há motivos, nem razões pra violências desse tipo. Tanta coisa me incomoda a cada dia, tanta coisa que não suporto e não atiro, não machuco, não desprezo ninguém por conta disso.
Um país de igualdade que faz ditas minorias terem que "brigar" por direitos.
Se são direitos, por que brigar por eles?
Se são direitos, por que ter que submeter a votações e a boas vontades?
É direito, é meu.
Não sou diferente em relação a todos.
Mas sou completamente diferente em relação a cada um.
Não peço que me amem, não peço que me aturem.
Peço que me respeitem
e que me deixem viver com minhas vontades, com meus desejos,
com meus sentimentos.
O que me parece é que se deram conta das coisas
- ou começaram -
e que tudo pode começar a ser diferente,
que tudo pode começar a se ajeitar.
E se tem que ser através de brigas,
que sejam,
porque cada uma que for "vencida" é uma vitória pelo respeito, pelo justo.
Que tudo seja posto em seu lugar.
Que reine o respeito.
Palavras de quem já foi cuspido na cara.
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Uns versos não bastam
pra completar os espaços.
Olhar os passados desejados em eternidade
- sonhados por minutos e planejados por tempos e tempos sem definição -
sobrecarrega o tempo ruim
e transtorna, enlouquece até a cabeça não aguentar,
até as memórias ficarem insuportáveis.
Acostumar com os fins da felicidade
- nunca imaginados ou acreditados em nenhum momento de canção -
simplifica o sofrimento enfim
e descansa, alivia os prantos até o coração acalmar,
até os sentimentos se tornarem toleráveis.
E apesar de tudo,
uns versos não bastam
pra completar os espaços.
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