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Na Cadeira de Balanço

Estão guardados todos os bons momentos naquela cadeira de balanço.

Todas as tardes, ela arrastava a cadeira até a porta de sua casa. Sentava e se permitia respirar aquele ar puro. O vento leve deslisava em seu rosto e balançava os seus cabelos. Ela pensava em seus filhos, seus netos e em toda a sua vida. Parecia um momento triste, já que ela deixava tantas lágrimas escapulirem. Acontece que, na realidade, ela estava muito feliz de ter chegado até ali.
Sonhou intensamente, da mesma forma que viveu e amou. Tão querida, tão humilde. Três filhos, um deles morto, grande foi sua dor e seu penar para sobreviver sem um pedaço de si.
Já não tinha seu marido, levado pelo coração-carne cansado, mas que deixou as lembranças de um coração-sentimento tão forte e cheio de sonhos. Luíza lembrava de tudo, não fazia questão de esconder a dor, mas fazia questão de mostrar que estava feliz e que viveu milhares de bons momentos. Tinha muitas histórias a contar e seus netos adoravam.
Sentava na cadeira de balanço e contava como havia conhecido o seu marido, José, seus passeios, os nascimentos dos filhos e muitas outras coisas, enquanto mostrava fotografias.
Seu filho mais velho, Jorge, veio com enorme alegria, foi bem planejado e amado. Tornou-se um médico respeitado e casou-se com uma jornalista. Luíza adora a Carolina, mulher de força e coragem. O casal tem dois filhos: Suzana, uma menina de seis anos que sonha em ser professora e Raul, um garoto de oito anos que quer ser astronauta.
A segunda filha de Luíza é a Letícia, professora do curso de história, namora um ex-aluno, Rogério. A diferença de idade não é problema para eles - que tanto se amam. Letícia está grávida de oito meses e seu filho se chamará Lucas. Suzana adora conversar com sua tia e perguntar sobre suas aulas. Da mesma forma, Letícia adora sua sobrinha e tira todas as suas dúvidas.
Carlos, o terceiro filho de Luíza, estava prestes a se formar em engenharia. Era outro orgulho da mãe. Até que houve um acidente e ele acabou falecendo. Luíza sofreu demais com a situação. Ama sua família e sente muita falta de Carlos. Seus filhos são sua vida e a cadeira de balanço, uma companhia.
Luíza não sabe, mas hoje, irá se sentar na sua cadeira de balanço, como de costume, respirar fundo e dormir. Dormir para sempre, mas o sorriso nos seus lábios vai mostrar como ela se sente realizada.

9 comentários:

bonito. bonito...

15 de janeiro de 2009 às 21:33  

e se a felicidade fosse um estado de harmonia e paz....

onde os sentimentos "aparentemente" nao estao em evidencia....


sobre meu post;D
te adoro

16 de janeiro de 2009 às 00:04  

Belo,como só vc consegue escrever.

Bjo

17 de janeiro de 2009 às 11:35  

Nossa...que chique esse trem de "coração-carne", "coração-sentimento"...e...snif...me lembrei da minha avó...snif...saudades dela...snif..

Bjs moço...snif

=)

18 de janeiro de 2009 às 19:30  

Que pena que o sono de Luíza não permitirá que conheça o terceiro neto.
Mas, quanto a Carlos, me fez lembrar uma definição de mãe que eu ouvi que era assim: "ser mãe é ter o coração batendo fora do peito".
E parece que o coração de Luíza já havia parado há alguns anos.

18 de janeiro de 2009 às 23:48  

mudei o link do meu blog, agora é: www.daniandando.blogspot.com ok?bjsss

22 de janeiro de 2009 às 10:55  

esqueçe flavio , continua o endereço anitgo....ia dar muito trabalho.... bjss e desculpa!

22 de janeiro de 2009 às 11:05  

Esse comecinho "Estão guardados todos os bons momentos naquela cadeira de balanço" me lembrou um conto de Osman Lins: "Reencontro" que fala sobre os 'tesouros' que cada um de nós guardamos na nossa 'caixinha' (coração). Belo conto o seu :)

29 de janeiro de 2009 às 01:42  

Uma silenciosa partida

Deixei um meme para você, boa sorte. :)

Abraço

30 de janeiro de 2009 às 20:23  

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