Cheguei e sentei na primeira cadeira.
Assisti todo o espetáculo que você me dedicou.
Busquei, de olhos fechados, sonhos nos quais nunca acreditei.
E acabei enxergando que eles faziam parte de mim
Há muito tempo.
Peguei o copo e esperei você chegar.
Suas palavras eram como agulhas que feriam minha alma.
Desmoronei várias vezes por dentro
Como um castelo de areia destruído pelas ondas do mar.
Sem acreditar veio o adeus.
Não precisava mais de suco de morango.
Pedi uma bebida e mergulhei nela.
E acreditei que ela me faria tão bem quanto acreditei em você.
Comecei a ver cores e formas que não existiam
Até aquele momento.
Levantei bambo e saí urgentemente daquele lugar.
Não sabia pra onde ir e não sabia se iria.
Pelo caminho, falei bobagens com as árvores e elas me entendiam perfeitamente.
Algumas chegaram a me aconselhar e eu as ouvi
Até desmaiar.
Vomitei tudo que queria te dizer até ficar sem palavras,
Mas não foi pra você.
Libertei-me de toda vontade de te procurar e dizer o que estava sentindo.
Descansei meu pranto e fiz ele adormecer.
Desejei tudo que não podia enquanto estava ao seu lado.
Então vi que aquilo me faria melhor.
Desenhei corações por todos os lugares.
Não metades ou corações partidos.
Desenhei corações.
Porque sabia que eu agora estava inteiro.
Não acredito que tenho metade de um coração pra unir com outra metade.
Eu tenho o meu coração... Inteiro, vivo e pulsante.
E não preciso mesmo de metades.
Que foi tudo que você pôde me dar.
Quero corações inteiros.
Porque meio amor não existe.
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Deixou-se lavar profundamente, deixou-se embrigar pelo cheiro daquela árvore e, no momento, em que sentiu mais falta de tudo, abraçou-se a ela e deixou receber um carinho.
Leandra acabou por dormir e sonhou, sonhou, sonhou e acordou sonhando que o futuro tinha que reservar alguma coisa boa pra ela.
- Graças a Deus. Nós encontramos a menina. Leandra, acorde. Vamos para casa.
- Hã?
- Minha filha, acorde. É a sua avó.
- Vovó? Como a senhora me encontrou?
- Desde que você fugiu, eu estou procurando por você, meu bem. Agora vamos.
- Tá bem, vamos. Mas eu quero ir no lugar onde deixaram painho e mainha.
- Minha filha, você não devia...
- Vovó. Me leve lá, por favor.
- Está bem.
As duas entraram no táxi e Leandra foi todo o caminho abraçada na sua avó. Chegando ao cemitério, foram até o local. Dona Dina olhou para a neta, deu-lhe um beijo no rosto e se afastou por uns instantes. Leandra, passando a mão nos túmulos de seus pais, começou a falar:
- Leandra, vamos embora?
- Agora eu vou, vovó tá chamando. Eu espero que vocês pensem em mim. Eu juro que volto aqui pra visitar vocês. Eu amo vocês. Amo mais do que tudo na vida. Tchau painho, tchau mainha. Até logo.
Leandra saiu a passos lentos e curtos, cabeça baixa e um monte de coisa pra enfrentar. Voltou pra casa da sua avó e não falou mais nada. Estava triste, mas nunca iria esquecer que, na noite anterior, aquela jabuticabeira guardou e velou suas tristezas.
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Rosana quis ir embora e começou a procurar as chaves de seu carro. Tudo que queria agora era pegar a estrada e dirigir sem rumo ao som de "You only live once - The Strokes". Procurou na sala, tinha certeza de que estariam ali. Gavetas, móveis, objetos, chão, embaixo dos móveis... Nada. O desespero tomou conta dela que começou a buscar sua liberdade por toda a casa: banheiros, cozinha, sala de jantar, quarto de hóspedes... O único lugar onde não podia estar era no seu quarto, pensou, mas lá foi procurar... última esperança e o desejo da mudança. "Só pode estar lá".
Entrou no quarto e procurou. Guarda-roupa, embaixo da cama, bolsas, gavetas, objetos, caixinha de música e tantos outros. Já cansada de tanta busca e não encontrando nada, ela deitou-se na cama. Não se conformava de não ter encontrado as chaves de seu carro. Aquilo seria sua liberdade e ela necessitava se fazer leve. De tão cansada que estava, virou-se para o lado e acabou por adormecer. Quando acordou, nada fazia sentido e o sonho de ser livre acabou. A canção de sua caixinha de música parecia zombar dela. Foi aí que se lembrou de um pequeno detalhe: ela não tinha carro.
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Peso na voz me faz calar.
Peso no sangue me faz arder.
Peso nas mãos me faz ferir.
Peso nos ouvidos me faz te ouvir.
Peso no rosto me faz corar.
Peso nos pensamentos me faz refletir.
Peso nos ombros me faz tombar.
Peso nas costas me faz doer.
Peso na pele me faz sentir.
Peso no corpo me faz cair.
Peso nas pernas me faz tremer.
Peso nos pés me faz parar.
Peso na consciência me faz mudar.
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Mais um seloooooooo... Huhuuuuuuuuuuuuuu... Veio lá do Por Onde Andei, muito obrigado, Dani. Mais uma vez. :)
Gostei foi muuuito. Agora vou passar esse pra o Muito a Declarar, Degustação Literária, Metendo o Bedelho, A Casa das Idéias, Poemas Tardios, Epifania, Uma Página Sem Papel, O Dia Em Que Samara... e Galinha Criou Dente.
:D
Adoro todos esses blogs e mais alguns. A galera é legal e os blogs vão refletindo, né?! rs. :p
E continuem escrevendo sempre, gente. Vocês são MARA.
=]
:*
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- Minha filha, se arrume logo, a gente já vai sair.
- Pra onde vó?! Acabei de acordar, ainda vou tomar banho e...
- E vai fazer isso bem rápido porque o carro já chega pra nos levar.
- Tá bom vó. Cadê painho?!
- A gente tá indo ver ele, meu amor.
- Ele tá no hospital, vó?! É isso?! Machucaram painho?! Eu disse que ele não devia ir naquela festa, eu disse.
Leandra já esboçava uma expressão de choro. E não parecia que esse choro demoraria pra desabar pelo seu rosto.
- Ande logo, Leandra. Vá tomar banho, vá se arrumar.
- Eu vou, mas me diga. Painho se acidentou e mainha tá lá com ele, né?!
- Sua mãe está com seu pai sim, minha filha. Agora vá logo se arrumar que já estou quase pronta.
- Tá bem. Sua benção, vovó.
- Deus te abençoe, meu amor. E te dê muita paz nesse coração.
Leandra foi tomar banho e sua avó começou a chorar, chorava tanto que pensava que a menina fosse ouvir. Chorava por estar anestesiada com tudo que estava acontecendo. Chorava descontroladamente. Dona Dina já tinha seus 68 anos e não estava preparada para os últimos acontecimentos. Tentado prever a saída de Leandra do banheiro, tratou de enxugar suas lágrimas e de tentar esboçar um sorriso. Parecia meio falso, mas era o que ela conseguia fazer naquele momento. Ela estava realmente destruída.
- Vó, será que dá tempo de comer antes de ir ver painho no hospital?!
- Dá sim, daqui a vinte minutos o carro chega. O que você quer?!
- Eu quero aquele pedaço do pão doce que a senhora fez ontem.
- Pão doce?! Logo cedo?! Não senhora, vai comer cuscuz com leite e depois é que pode comer o pão doce.
- Eu sabia que a senhora não ia deixar. Eu como cuscuz. Vó?!
- Oi, Leandra.
- Eu gosto muito da senhora e também gosto muito de vir visitar a senhora aqui. Acho que logo que painho ficar bom, a gente volta pra casa, mas eu prometo que, nas férias do final do ano, eu venho passar uma semana de novo com a senhora.
- Eu vou adorar, meu bem.
Leandra deu um abraço forte na avó e depois foi terminar de se arrumar. Dona Dina ficou ainda guardando aquele abraço tão gostoso que tinha acabado de receber da sua neta. Leandra, já pronta, foi já almoçar e, quando estava acabando, ouviu a buzina.
- Vamos, Leandra, o carro chegou.
- Já terminei, vó. Só vou escovar os dentes. Já vou.
- Já estou indo pra o carro, quando passar tranque a porta e traga a chave.
- Tá bem.
Leandra ainda ouviu sua avó dizer que iriam pra algum lugar que ela não entendeu muito bem, mas que tinha certeza de que não era um hospital.
- Pronto, vovó.
- Tá bem fechado.
- Muito bem, meu amor.
Leandra recebeu um beijo na testa e logo se aninhou no colo de sua avó.
- A menina dormiu, Dona Dina?!
- Parece que sim.
- Então, ela já sabe?!
- Não. Não tive coragem de contar. Ela nunca ia aceitar ficar longe dos pais.
- Mas não é culpa sua Dona Dina.
- Obrigada, Juca. Eu sei, mas eu não tenho coragem.
- Tudo bem.
Depois de 20 minutos chegaram.
- Leandra, acorde.
- Oi, vó. A gente já chegou?!
- Já sim.
- Quero ver painho, deixa eu descer.
- Nós vamos juntas, meu amor. Se você não aguentar, segure bem forte a minha mão.
- Tá bom, vó. Mas ele só tá machucado.
Desceram do carro e Dona Dina junto com sua neta foi chegando perto de uma porta. Muitas pessoas do lado de fora olhavam pra Leandra e balançavam a cabeça com um ar triste nos olhos. A menina sem entender perguntou:
- Vó por que que tá todo mundo olhando pra mim?!
- Calma, meu amor.
- Por que eu tenho que ter calma, vovó?! Me fale. Eu preciso saber, não consigo entender mais nada. A senhora, desde que eu acordei, parece que tá escondendo alguma coisa de mim. Eu sei que aconteceu alguma coisa. Ouvi a senhora chorando quando eu fui tomar banho, me diga.
A mulher abaixou-se diante dela e respirou fundo.
- Leandra, você tem que ser forte, ontem... quando seu pai estava voltando da festa... o carro... ele... sua mãe... minha filha...
- Fala vó, fala!
- Eles sofreram um acidente, Leandra.
- Então vamos logo, vovó. Eles querem me ver, eu tenho certeza.
- Minha filha, a gente não tá no hospital.
- Como não?!
Leandra começou a chorar desesperadamente. Já havia entendido tudo. Saiu correndo. Abriu a porta e foi entrando até ver seus pais. Mortos. Dois caixões, velas, flores, gente rezando, muitos chorando. Ela correu para o seu pai.
- Painho, fala comigo. Fala comigo painho. Por favor painho, não me deixa sozinha porque eu preciso tanto de você. Eu nunca mais brigo com o senhor, painho. Pelo amor de Deus, fala alguma coisa.
Mas ele não falou. Correu pra sua mãe.
- Mainha. A senhora tem que falar comigo, mainha. Acorda, a senhora tá só dormindo, lembra?! Lembra que a senhora me disse que não ia morrer nunca?! Lembra?! Painho também disse isso. Por favor, mãe.
E ela começou a gritar de repente.
- Meu Deus, eu não mereço que meus pais tenham ido embora e me deixado sozinha. Eu não posso, eu não vou conseguir mais viver assim. Me leva junto. Eu não posso.
E percebeu tudo ficar preto, até que desmaiou. Quando acordou, pediu pra que tudo fosse um sonho, mas não era.
Então tudo que conseguiu fazer foi correr. Correu pra bem longe. E só foi encontrada no outro dia. Suja, chorando embaixo de uma jabuticabeira.
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Naquele lugar, eu sabia que nada me satisfazia, todos eram como eu, porque todos eram apenas eu. Agora velho, agora só. Fazia minhas palavras cruzadas e esperava que o tempo se encarregasse de me levar depressa.
Meu medo de ontem tornou-se minha realidade de hoje. Solidão, eu não sei administrar. E o que me resta é chorar e lembrar o que já me aconteceu de bom, até que o tempo venha me buscar.
Inseto com oito letras... MOSQUITO: a minha companhia mais fiel, até mesmo nas palavras cruzadas.
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Pra quem assistia, poderia parecer uma cena ridícula ou a maior prova de amor que alguém poderia demonstrar. Teus pés não se moviam, eu não deixava. Você estava presa a mim pelos últimos momentos e, mesmo sem perceber, fui feliz ali, pois você ainda era minha.
Mas você não parecia nem um pouco abalada, mesmo com tanta lágrimas banhando seus pés. Mesmo com tanto pesar nas palavras que te disse. Tinha toda a vontade de que você mudasse de idéia, mas isso não iria acontecer nunca. Você só virou as costas e se foi. Não olhou pra trás e eu fiquei no chão, perdido e só. Tão só como nunca havia me sentido. E foi assim que fiquei. Só, perdido, no chão, sem esperança de continuar a viver. No chão e sem chão.
Marcadores: Contos
Bocas mudas,
Pernas bambas,
Olhos penetrantes,
Corpos estremecidos.
Bocas secas,
Passos tímidos,
Olhos fechados,
Corpos abraçados.
Corpos nas nuvens,
Olhos nas estrelas,
Pés flutuantes,
Bocas unidas.
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Eita, eita que tão me acostumando mal.
E me chega láaaaaaaaaa d"A Casa das Idéias" um selinho novo e feliz.
E eu só agradeço mesmo. :)
Muito obrigadooo... =B
Acho ótimo.
Agora vou estar passando esse selo para o Metendo o Bedelho e para o Paradoxalmente Ser.
=D
É isso...
e obrigado mais uma vez. :)
Marcadores: Selos
Que não sejam as minhas;
Que não sejam as suas;
Que seja merecido;
Que se joguem de bem alto;
Que se façam úteis;
Que sirvam de adubo;
Que fiquem bem longe;
Que morram de inveja;
Que se isolem das mentes sãs;
Que se mostrem;
Que se escondam;
Que rolem até o fim;
Que não assustem inocentes;
Que parem onde estão;
Ou que simplesmente não rolem,
Mas que emudeçam.
Ou guardem as verdades.
Bocas irão calar-se...
Que seja pra sempre;
Que seja temporariamente;
Que seja por falta;
Que seja por excesso;
Que seja pra protestar;
Que se façam ouvir;
Que fujam dos maus;
Que mudem de estação;
Que se coloquem corretamente;
Que se voltem aos erros;
Que se matem de vergonha;
Quem sejam curiosas;
Que não falem jamais;
Ou que simplesmente não calem,
Mas que digam as verdades.
Então cala-te boca.
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Depois de um tempo que levaram para se conhecer melhor, a princesa revelou que mantinha um coração de ouro e que tinha medo que lhe roubassem. Leandro logo se mostrou disposto a proteger, junto com a bela moça, o coração. Ela aceitou e logo mostrou a ele onde o guardava, onde estavam suas crenças e sentimentos. Pobre Kamilla, tão doce, tão ingênua. Entregou-se como nunca para uma pessoa em quem não devia confiar. No dia seguinte, ela acordou cedo, mas não encontrou mais Leandro. Desesperada foi correndo para o lugar sagrado onde guardava o seu coração de ouro, mas ele não estava mais lá. Kamilla ficou muito machucada, decepcionada, com muita raiva. Agora nem a mais amável e doce das princesas tinha coração.
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