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Uóchitom

Oi, eu me chamo Uóchitom. Eu sou pobre e não nego, mas ter o espírito de pobre é demais, né? Pra começar tem a minha mãe que me colocou esse nome. Pobre tem mania de colocar nome estrangeiro nos filhos. No meu caso, além de ser estrangeiro, é errado. Presta atenção que eu vou soletrar meu nome: U - O - C - H - I - T - O - M. Afff, eu me arrepio toda vez que digo meu nome.

Pois bem, minha mãe tem uma amiga chamada Cleide que ela vive chamando de CReide. E aqui vive meu pai ainda e meus dois irmãos: Rodolfo e Adolfo que são gêmeos.

Um dia um amigo de meu pai chegou em casa e foram beber cerveja, lógico que nos copos de requeijão que tinham lá em casa. Mas a gente só tinha 3 copos. Depois de um tempo chegou Cleide, só que não tinha mais copo. Minha mãe me chamou: "O que é que eu faço, Uochitom?". E eu respondi: "Abre o conjunto de copos que vovó deu pra senhora no aniversário". E ela: "Eu não, e eu vou gastar é?" Olhe... Eu sou pobre e não nego, mas ter espírito de pobre é demais. Então minha mãe teve uma idéia e chamou meus dois irmãos. Deu um pedaço de pão pra cada um e eles ficaram "limpando" o copo de requeijão que já tava acabando. E eles começaram a brigar porque o pedaço de Adolfo era maior. Minha mãe gritou com os dois e foi lavar o copo pra Cleide. Meu pai ficou lá bebendo com o amigo dele e minha mãe foi mostrar pra Cleide as lembrancinhas de casamento que ficam enfeitando a estante lá de casa, fora as flores artificiais que enfeitam a casa toda. E Cleide lembrou do dia que elas encheram uma bolsa com comidas de uma dessas festas.

E tem outra coisa. Dia de festa minha mãe vai com Cleide pra arrumar o cabelo numa cabeleireira da esquina. E sempre volta de touca. Quando chove é uma coisa... Só se vê mulher com uma bolsa plástica na cabeça.

Outra coisa que pobre adora é barraco. Um dia a vizinha tava brigando com a outra e chega Cleide na porta de casa... "Froora, vem logo que Crauda tá brigando com a mulher que tava com o marido dela na cama." E minha mãe: "Eita Creide, e tu só me chama agora é?"

Bom, pobre sempre tem um parente em São Paulo, né? Meus pais receberam um quadro com uma foto de uns tios deles de lá. Minha mãe pediu logo pra meu pai colocar na parede. Detalhe: nem tinha espaço de tanta foto de família que já tinha naquela parede. Meu pai foi bater um prego, só que abriu um buraco na parede, não demora muito lá vem minha mãe com o creme dental pra tapar. E ela ainda se gabava depois... "Vê como ficou bom, nem parece que tem buraco nenhum". Ai, ai...

O meu pai, coitado, recebe muito pouco e começaram a exigir na escola que os meus irmãos fossem de tênis branco pra aula. Então meu pai comprou um par só e cada um deles usava um sapato e o outro pé era enfaixado pra que, no outro mês, ele comprasse o outro par. Lembro de um dia que a gente foi na praia e levamos todas as comidas de casa, foi um farofão e logo a gente encontrou uns amigos do meu pai mais farofeiros que ele. Que vergonha! Na volta, o ônibus passou da parada e meu pai gritando "Vai desceeeeeeeeer". E pra completar ainda batia na porta. Eu sou pobre e não nego, mas ter espírito de pobre é demais.

Mais um personagem... Depois de Waltinho, Uóchitom! =D

4 comentários:

ai. me identifico!

26 de dezembro de 2007 às 21:15  

Gente, tb me identifico com algumas coisas...principalmente a parte: "Eita Creide, e tu só me chama agora é?" hehehehehe

27 de dezembro de 2007 às 13:05  

espírito de pobre é triste genteee!

...mas td mundo tem um pouquinho, digo logo! o/
=****

27 de dezembro de 2007 às 15:34  

Uóchitom


adorei ele.

simplismente!!!

2 de janeiro de 2008 às 16:52  

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