Solta um grito desesperado e acelera o passo pelo longo corredor. Abaixa a cabeça, como se não quisesse se fazer ver. Leva as mãos fechadas como se um segredo precisasse ser guardado. Passos rápidos, respiração cortada, forte, ofegante. Corre até o fim e avista a porta. Com os olhos desacostumados com tanta luz, tenta andar e tropeça. Cai. Não precisa de ajuda, ou não quer que percebam. As mãos continuam fechadas. Sangue. Sente como se escapasse sangue de seus dedos. Abre as mãos e percebe que, na verdade, toda dor ainda está guardada e que o sangue é uma sensação. Apenas uma sensação.
Ergue o olhar, sai pela porta e sente a confusão do mundo de fora. Tanto tempo reclusa, perdeu a noção de tempo, de direção. E o não saber aonde ir é desesperador. Encosta na parede. Respira. Não consegue maquiar o olhar assustado. Sente medo das pessoas porque é como se todos aqueles rostos fossem apenas um. O amor era correspondido, até um final de semana atrás. Até a dor da separação tomar conta e fazer sofrer. Fecha os olhos, respira, sente o mundo de fora e volta lentamente para seu quarto. Vai sofrer um pouco mais, antes de sentir que está pronta.
Mas sabe ela que, por alguma razão, ele repete todo esse sofrimento.
Como almas gêmeas.
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