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No São João Passado

É junho. No meu coração, bandeirinhas coloridas e, na minha pele, um tecido quadriculado. Nos meus pés, passos de quadrilha e o forró nos meus ouvidos. Na minha boca, o gosto de milho e amendoim. Nos meus olhos, a falta de algo.
Enquanto danço, enquanto mexo o meu corpo, sem ter conciência dos movimentos, olho pra todos os lados em busca de alguém que me faz falta. Na música me dizem pra olhar o céu e ver como ele está lindo, mas eu não vejo nada de bonito nele. Eu e o céu sem nossas estrelas.
Alguém que comanda a festa grita alguma coisa que não entendo. Termino a dança sem saber que havia terminado. As pessoas começam a sair e eu fico lá no meio, ainda procurando. Sei que falam sobre mim, mas eu não me importo. Procuro em todos os rostos. Um a um. Não consigo encontrá-la.
Aquela que conheci no São João passado, que dançou comigo. Aquela que tinha "olhinhos de fogueira" e me fazia arder por dentro. Aquela que pegou minha mão e me disse as coisas mais bonitas que já ouvi. Aquela pra quem eu abri os braços e pra quem me entreguei como se já conhecesse há muito tempo. Aquela que, no São João passado, prometeu que estaria aqui, novamente, nesse ano. Mas ela não veio e eu ainda continuo a procurar.
Eu não sei se deveria ter esperanças de vê-la ou tê-la novamente, mas eu tenho. Ela vai aparecer nem que seja pra me pedir que a esqueça. Acontece que eu nunca mais irei esquecer todas as palavras, os momentos, os beijos, os abraços. Não! Eu não posso esquecer tudo que aconteceu no São João passado.

Companhia

E quando tudo parece pior...
E quando tudo me enlouquece...
E quando tudo me ignora...
E quando tudo me deixa pra baixo...

...Sorrir!

Pra acalmar o coração e ninar a alma.
Pra acalentar o corpo e me deixar liberto.
Pra, simplesmente, me deixar bem.

Um sorriso alegre...

Pra contagiar.
Pra compartilhar.
Pra não deixar amarelar.
Pra o mundo ser melhor.
Pra mim.
Pra você.

Um sorriso triste...

Pra modificar.
Pra revolucionar.
Pra demonstrar força, talvez.
Pra pôr de pé.

Um sorriso de criança que carrega e descarrega o ser.

Enfim,
um sorriso pra curar, remediar e divertir.

As Perdas de Maurício

Maurício não acreditava em ninguém, nunca acreditou. Seu coração era um poço de desconfiança. Seu pai o expulsou de casa, mas ele venceu na vida. Tornou-se um homem muito rico e o "pai" quase lhe roubou toda fortuna. Tudo isso só serviu para que ele ficasse cada vez pior, Maurício foi se tornando mais e mais amargo. Não confiava em ninguém, não tinha fé, não tinha paz, não tinha ninguém. Cada vez mais só, cada vez mais triste. Perdeu a família, perdeu os amigos e só não perdeu a vida porque perdeu, antes, a sua fortuna.

O Ventilador

Tempo quente. Roberto não queria mais viver naquela agonia que se tornou a sua vida. O calor queimava suas orelhas e a sua pele ressecava ao som das folhas secas pisoteadas, não conseguia se mover. Faltava alguma coisa. Foi pra casa e não conseguiu dormir, seus tormentos eram maiores. Nem cochilar ele conseguia. No dia seguinte, resolveu que compraria um ventilador. Na volta do trabalho, foi a uma loja e fez a compra. Voltou feliz pra casa, finalmente conseguiria dormir em paz. Sem calor, sem agonias. Havia testado o ventilador na loja e ele estava impecável. Chegou a batizá-lo de Salvador. Roberto chegou em casa, jantou e foi ver TV. Não se sabe se, pelo fato de saber que conseguiria dormir naquele dia, o sono logo chegou. Muito antes até do que ele esperava. Roberto desligou a televisão, foi pra seu quarto, deitou-se na cama, ligou o ventilador... E nada...

Faltou energia.

Passando Selos, Volume 2

Eu recebi um selo novo lá do blog Por Onde Andei...

Que felicidade... \o/\o/\o/
Muito, muito obrigado.

Agora eu quero passar pra Metendo o Bedelho e pra o Poemas Tardios. Acho que pode passar pra dois.

=X

Beijos a todos.
:)

Passa Tempo

Daniela ganhou um relógio e disse que seria "pra ver o tempo passar". Todas as tardes, desde seus seis anos de idade, ela se sentava na calçada de casa e pegava seu relógio em forma de borboleta pra ver o tempo passar. Era uma menina equilibrada e não falava demais. Não sentia essa necessidade. Menina centrada, tinha objetivos na vida. Na escola, era tida como uma louca, era o motivo das piadas mais bobas e mais maldosas, mas ela nunca se importou, sempre ignorou isso. Hoje, aos doze anos de idade, Daniela não tem amigos, nem tem muitos por ela. Mas todas as tardes ainda pega seu relógio e senta na calçada para esperar seus pais que, segundo sua avó, fizeram um viagem muito longa. Mas Daniela sente que eles podem voltar, talvez se sua borboleta pudesse voar e lhe trazer notícias deles... O fato é que ela nunca desistiu de ver o tempo passar para encontrá-los novamente.

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