O Choro Dos Céus

Desce louca a chuva por uma parede onde costumava guardar lembranças. Uma parede distante onde, a sós, encostava meus pensamentos e abria livros. O tempo era um brinquedinho velho que não percebia estar junto a mim, no mesmo ambiente. E até a luz natural ir embora, lia. Afastava os pensamentos, para que quando a escuridão tomasse conta, eu pudesse voltar a pensar. Fechava o livro. Fechava o olhar. Deixava que se abrissem as emoções de não ter, de não estar, de falhar um conjunto que tudo tinha para não ser vazio.
E, esquecendo hoje a matemática, tudo só faz falta. E meu sapatos encharcados só deixam intenso o peso do choro dos céus. Não os meus. Não ainda. É como se um universo inteiro estivesse a apontar e querer mostrar que era o ideal, como se um querer de todos tivesse sido contrariado.
No entanto, ao fechar dos olhos era que a respiração ficava mais fácil. Todos os livros, romances, histórias faziam sentido. Tinham eles uma razão de ser e um alívio a provocar no coração. 
Completamente molhado, levantei. Não sacudi poeira, não havia jeito. Recolhi meu livro já terminado e andei toda rua de volta pra casa, com o pensamento mais positivo e as emoções todas transparentes, limpas, bem lavadas pelo choro dos céus.
Já era quase manhã, o sol nascia. Livrei de meu esconderijo e tudo estava literalmente claro. E, enquanto a chuva continuava, enquanto eu caminhava de braços abertos, deixei a parede dos pensamentos, pelo caminho do futuro. 
Espero ter acertado.

1 comentários:

Gente, arrasou! Amei seu texto!!! Lembrei-me de um dia em que estava lendo na Lagoa da Pampulha e começou a chover...escreva mais!!

E coloque o "botão de compartilhamento do facebook" ;)

Bjs!

30 de junho de 2014 às 20:02  

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