Abrir-se

Abrir-se é um caminho sem volta, quando se é exageradamente sentimento.
Se tentar ser razão, espero que tenha sucesso.
Não eu.
Não tive.

Procurei ser razão e ele derrubou toda torre falha de cartas que montei.
Sim, ele é o sentimento.
Não consideraria fraqueza declamar poesias inteiras no íntimo
e aos olhos.
Não sonharia dedicar músicas que não parecessem ter sido feitas para meus momentos.
Sob medida.
Sob pressão de nunca mais sentir tal sentir.

E, ao abrir-se ao mundo e aos olhos do sentimento,
tentar não ser sentimental passa a ser cruel.

São pontadas de dor por revelar o segredo ao mundo.
E ao mundo quer dizer a apenas ele.

Abrir-se: o rasgar do peito que não retorna à condição nenhuma anterior.
De olhos fechados, quando se entrega a qualquer destino incerto.
Uma vez jogado como um tapa forte na cara, não há o que esconder.
E se sentir já é difícil, a falta de resposta é ainda mais agonizante.

Abrir-se é esvaziar, é morrer até a resposta.
E, se não há uma resposta certa,
abrir-se é transformado em morte, em vazio e ferida aberta.
Até que a cicatriz feche tudo que foi entregue
e faça esquecer que a qualquer momento será necessário abrir-se outra vez.

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