Deformação

Se teve saudade,
não quis me convencer disso.
Parecia querer perder todas as palavras,
apesar de não revelar quais delas.

Se teve saudade,
talvez ainda me convença.
Mas as vezes de sono perdidas
não valem o que pareciam.
É como se a descoberta não fosse agradável.

Por que pensar que é tão difícil
repensar os momentos de solidão
e acreditar que ir pra frente é o mais correto?
Como se vai pra frente se se está preso
naquelas correntinhas nas quais se quis prender.

É bom, é muito bom,
mas não tem falta de retorno que sustente
apenas um lado vivo de todo esse sentimento.
Sentir é bom, sentir é realmente estar vivo.
É realmente saber que tudo que vale a pena
pode ser encontrado em um piscar,
em uma palavra,
em um sorriso.

Mas quando eles falham e
parecem querer falhar cada vez mais,
não tem como ficar imune.
Não tem como não sentir.
E se sente é porque toca.
E sentir já basta quando as coisas mudam.
E quando só um lado muda,
as coisas ficam deformadas.

Deformações não costumam ser bem-vindas.
E elas não sabem surgir como boas coisas.
Alguma hora é hora do costume,
mas quando não se quer acostumar,
lutar é o certo.
E por que lutar?
Vale a pena,
apesar de tudo.

Tornando-se uma guerra,
alguém vence.
É o risco?
Talvez.
Somos vulneráveis,
todos,
mesmo acreditando que não.

Mas a fraqueza é toda parte de um ser,
quando não se tem onde apoiar.
E a força guardada é toda carregada de esperança.
E essa carga te leva pra frente.
Então, é hora de caminhar?
Talvez,
basta esperar.

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