Toda noite Maria costumava sentar-se na areia da praia e gastar um bom tempo admirando a lua. Nesses momentos, ela deixava todo estresse, todo corre-corre de sempre, pra parar e admirar. De uma certa forma, ela também sentia que estava sendo admirada e isso a deixava muito confortável e confiante. Ela sempre levava seu caderninho, no qual fazia várias anotações, refletia, no fim das contas era um bom companheiro. Com certeza, seriam duas das coisas sem as quais não conseguiria viver. Admirar e ser admirada pela lua todas as noites e seu caderno companheiro de anotações e pensamentos. Em um desses dias, Maria foi, como sempre, sentou na areia da praia e começou a fazer anotações. Sorria pra lua e sabia que essa também sorria pra ela. Então ela escreveu em tinta vermelha.
Ao Teu Brilho
Sangra-me com teu brilho,
resplandece em mim toda tua beleza.
Preciso de ti,
porque já não carrego mais comigo
forças para brilhar sozinha.
Tens em tua volta, tudo que se faz paixão,
tudo que te faz beleza.
Devolve minha alegria,
minha admiradora e,
se não me admirar,
me faz crescer,
me faz superar. Não carrego mágoa,
porque te tenho toda noite.
Porque meu peito enche de alegria,
e porque meus olhos transbordam
com todo teu brilho que em ti reluz fascinação.
Sangra-me
porque não me restam
sentimentos suficientes.
Porque todas as vezes
que me tocas com teu brilho,
pareces roubar de mim o que eu já perdi.
Sabes que não me importo,
porque é exatamente quando estou contigo
que me sinto completa.
Amada.
Não me sangre mais.
Ama-me,
porque só tenho a ti,
nas noites quentes
ou nas noites frias.
Deixaste meu dia ocupado,
para que eu não pudesse pensar em mais nada.
Salva-me disso tudo.
Ama-me.
É tudo que te peço.
E sei que sempre que eu precisar,
posso te encontrar,
porque sou completa no teu brilho.
Maria escreveu essas palavras e se correu até o mar. Queria se sentir pura. Mergulhou e voltou para sua rotina. Continuava a visitar a lua todas as noites, em qualquer lugar que fosse. Era fiel a ela e não restava dúvidas de seu amor incondicional. Pensava até em morrer e se tornar uma estrela, para estar mais perto dela. Permaneceu no amor até que um dia a lua não apareceu. Quis esperar mais, mais vinte minutos, mais cinco minutos, até que não suportou e resolver ir embora. Sentiu-se triste, sentiu-se sem amor, sentiu o que nunca quis: a solidão, o abandono. Andou pela praia muito tempo, até que caiu, chorando, soluçando de tristeza e adormeceu. Acordou com um toque, o sol já brilhava, fazia arder todas as suas feridas ainda mais. Teve dificuldade em abrir os olhos, mas, ao olhar nos olhos de quem a tocou, percebeu que aquele brilho era único. Maria reconheceu o brilho da lua, nos olhos do moço e permaneceu no amor.
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